Coca-Cola não tem metanol; por que refrigerantes não têm risco

Coca-Cola não tem metanol; entenda por que refrigerantes estão fora de risco

Boato surgiu após circular vídeo gerado por IA em que a jornalista Renata Vasconcellos faz alerta falso sobre contaminação pelo refrigerante; entenda

Com as mais de 200 notificações ao Ministério da Saúde sobre suspeitas de intoxicação por metanol, boatos sobre a substância e casos circulam nas redes sociais.

Um deles é sobre a contaminação da Coca-Cola por metanol, que começou com a circulação de um vídeo gerado por Inteligência Artificial (IA) da jornalista Renata Vasconcellos nas redes sociais. Na mídia falsificada, alerta sobre a detecção no refrigerante e em leite.

Em nota à imprensa, a assessoria da Coca-Cola informou que não há relação entre a bebida e os casos em alta. Também nega a existência de uma investigação sobre a companhia.

“Todas as nossas bebidas seguem rigorosos padrões de qualidade e segurança e são 100% seguras”, explicam.


Intoxicação por metanol: Coca-Cola pode ser contaminada?

Até o momento, todas as notificações sobre a contaminação por metanol foram por produtos destilados, como cachaça, vodca e tequila. Nenhum caso com bebidas não alcoólicas foi registrado, segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

O metanol tem o gosto adocicado e similar ao do etanol. Por isso, uma tentativa de falsificação do refrigerante pela substância seria facilmente percebida, segundo peritos criminais que investigam as notificações no país, já que não tem teor alcoólico na sua fórmula original.

As bebidas adulteradas podem passar despercebidas em casos de 30% a 40% de álcool na sua composição, principalmente. Isso explica que a substância camufla com o seu sabor tradicional, podendo aparentar “um pouco mais forte” do que o normal.

Além disso, a Coca-Cola é um líquido carbonatado, sendo mais difícil de falsificar por exigir um equipamento apropriado para o processo.

Sobre o processo de produção, a Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes e de Bebidas não Alcoólicas (ABIR) explica em nota ao O POVO que todos os lotes de bebida são monitorados pelo controle de qualidade das empresas nas diversas etapas de produção.

Nesse caso, a fiscalização da fabricação é feita periodicamente pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e por fiscais do serviço de Vigilância Sanitária (Visas Estaduais). O sistema também é validado por auditorias internas e externas, para validar a inspeção.

Esses órgãos também fazem a coleta de amostras de produtos no mercado para fazer uma avaliação em laboratório. O objetivo é “reforçar o compromisso do setor com a qualidade, rastreabilidade e segurança alimentar”, afirma a ABIR.

Coca-Cola pode ser contaminada por metanol pela sua embalagem?

Os casos de contaminação são relatados pelas vítimas após o consumo de destilados, normalmente vendidos em garrafas de vidro. Mais de 100 mil foram apreendidas pela Polícia Civil com a Vigilância Sanitária em São Paulo, nesta terça, 7.

No entanto, os refrigerantes são encontrados em latas, principalmente. Isso também dificulta a sua falsificação, porque, para fechar a embalagem, é necessária uma aprendizagem técnica aprofundada e requer altos custos.

A informação é do coordenador da pós-graduação em engenharia de embalagem do Instituto Mauá de Tecnologia, Antonio Cabral, em entrevista à Folha de São Paulo.

Como acontece a contaminação por metanol?

Segundo a principal linha de investigação da Polícia Civil, as fábricas clandestinas estariam usando a substância, que funciona como um químico industrial, para higienizar embalagens antes de envasar uma bebida de custo e qualidade bem menores do que a original.

A análise de lotes suspeitos, feita pelo Instituto de Criminalística da Polícia Científica, começa com a verificação da autenticidade do selo, rótulo e lacre do produto. Depois, o líquido é estudado em laboratório.

A investigação indicou que o metanol teria sido contrabandeado para ser usado em garrafas reutilizadas, porque não está legalmente disponível no Brasil.

Sobre a possibilidade de continuar o consumo de maneira segura, a sommeliere e professora universitária de bebidas e harmonização, Marbênia Gonçalves, diz que bebidas enlatadas seriam a melhor opção no momento pelo mesmo motivo explicado acima.

A sommeliere destaca que os destilados continuam sendo os afetados no cenário. Em coletiva de imprensa na sexta, 3, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, recomenda que o consumo desses produtos sejam evitados.

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