Bebidas adulteradas: concentração de metanol não parece ser indicativo de erro, opina sommeliere

Bebidas adulteradas: concentração de metanol não parece ser indicativo de erro, opina sommeliere

Professora universitária Marbênia Gonçalves aponta que bebidas em latas são mais difíceis de falsificar. Para ela, não é provável que as bebidas adulteradas tenham vindo de distribuidores legalmente registrados
Atualizado às Autor Mariana Fernandes Tipo Notícia

Nesta segunda-feira, 6, o Ceará chegou ao quarto caso suspeito de intoxicação por metanol, e se mantém sem nenhum caso confirmado.

Os casos chamaram a atenção do Brasil na última semana, após serem confirmados em São Paulo e no Paraná. Ao todo, são 209 casos suspeitos e 16 confirmações de intoxicação.

Em entrevista à rádio O POVO CBN, a sommeliere e professora universitária de bebidas e harmonização, Marbênia Gonçalves, relembrou outros casos de intoxicação no País e falou sobre as linhas de investigação sobre como as bebidas podem ter sido adulteradas.

Metanol: como as bebidas podem ter sido adulteradas?

A sommeliere entende que não é provável que as bebidas adulteradas tenham vindo de distribuidores legalmente registrados.

“A gente acredita que esses casos não estão relacionados às empresas registradas, apesar de não ter nenhuma evidência na investigação das polícias militar ou federal”, afirma Marbênia Gonçalves, que também é colunista no O POVO +.

Ela destaca que “a maioria dos produtores são registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, são fiscalizados para receber esses registros e são avaliados constantemente”.

Ainda, explica que as doses de metanol que causam os sintomas que estão sendo apresentados pelas vítimas deve ser de 60 a 240 mililitros de metanol, o que não parece ser indicativo de que trata-se de algum erro na limpeza das garrafas e “não intencional”.

Ou seja, não se trata de um caso como o da cerveja Backer, que em 2020 vitimou pessoas após um caso de contaminação por dietilenoglicol e monoetilenoglicol, devido a um vazamento no tanque da fábrica.

Metanol: preocupação com cadeia produtiva de bebidas

A gravidade dos sintomas e sequelas dos casos de intoxicação por metanol deixou a população em alerta, fomentando a diminuição do consumo de bebidas destiladas. Vendedores já afirmam que as vendas foram afetadas.

Essa é uma das preocupações de especialistas como a Marbênia: “A grande preocupação é não impactar a cadeia produtiva pois milhares de pessoas dependem dessa indústria e trabalham seriamente.

Entretanto, a profissional enfatiza que a saúde deve vir em primeiro lugar e em caso de sintomas como cólicas, visão turva e dificuldade para respirar é indicado buscar atendimento médico urgente.

Para quem busca alternativas para continuar consumindo, há duas vertentes entre os especialistas. Por exemplo, em coletiva de imprensa na última sexta-feira, 3 de outubro, o Ministro da Saúde Alexandre Padilha recomendou que as pessoas evitem o consumo de bebidas alcoólicas.

Marbênia cita que também pode-se fazer alterações na forma de consumo e buscar alternativas mais seguras:

“Neste momento, principalmente os destilados estão sendo afetados. As outras bebidas, principalmente as bebidas em latas são mais difíceis de falsificar. [Seriam mais seguras] se alguém quiser continuar consumindo enquanto se fazem essas apurações”.

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