Fortaleza demite Vojvoda um dia após derrota no Clássico-Rei
Treinador argentino deixa o Tricolor do Pici após quatro anos e dois meses, com 310 jogos disputados, cinco títulos e campanhas históricas, mas temporada ruim em 2025
17:32 | Jul. 14, 2025
Um dia depois da derrota no Clássico-Rei, o Fortaleza decidiu demitir, nesta segunda-feira, 14, o técnico Juan Pablo Vojvoda, encerrando um ciclo de quatro anos e dois meses entre conquistas, feitos inéditos e um recorte recente negativo.
A decisão foi vista pela diretoria como necessária diante do momento da equipe, que acumula derrotas e desempenho aquém do esperado em todas as frentes da temporada. Além disso, amarga uma sequência negativa de nove partidas sem vitórias, sendo seis reveses consecutivos.
No mês passado, já sob pressão, o Tricolor chegou a garantir a permanência do comandante até o fim do ano, quando se encerrava o contrato, o que não se concretizou. A opção pela troca no comando foi selada após uma segunda-feira de reuniões.
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O Leão do Pici está na zona de rebaixamento da Série A do Campeonato Brasileiro, na 18ª colocação. Além disso, perdeu o Campeonato Cearense — novamente para o seu maior rival, Ceará — e caiu de forma vexatória na Copa do Brasil para o Retrô-PE, nos pênaltis, em plena Arena Castelão.
Também foi eliminado nas quartas de final da Copa do Nordeste, superado pelo Bahia, no jogo que marcou a retomada do calendário nacional após a pausa para o Mundial de Clubes. Somente na Copa Libertadores conseguiu atingir o objetivo de chegar às oitavas de final. Ainda assim, a performance não convencia o torcedor.
Vojvoda deixa o clube com 310 jogos no comando. Foram cinco títulos: três Estaduais e duas Copas do Nordeste. Além disso, foi vice-campeão da Copa Sul-Americana, semifinalista da Copa do Brasil em 2021 e conduziu o time, por três oportunidades, à Copa Libertadores.
A passagem de Vojvoda pelo Fortaleza
Vojvoda desembarcou em Fortaleza em maio de 2021. À época, pouco conhecido no cenário nacional, o argentino rapidamente conquistou a torcida com uma proposta de jogo ofensiva, corajosa e bem estruturada. Seu primeiro ano foi mágico: levou o time à inédita classificação para a Libertadores, terminando o Brasileirão daquele ano em 4º lugar — a melhor campanha da história do clube na competição até então.
Além disso, conquistou o Campeonato Cearense e chegou à semifinal da Copa do Brasil, parando no Atlético-MG, que seria o campeão daquele ano.
Na temporada seguinte, em 2022, vieram os primeiros grandes desafios. O Tricolor conquistou o tetracampeonato cearense, mas na Série A sofreu um duro golpe. A equipe encerrou o primeiro turno na lanterna do Brasileirão, com apenas 15 pontos. No returno, porém, fez uma campanha histórica de recuperação: saiu daquela situação delicada e terminou a competição na zona de pré-Libertadores.
Ainda em 2022, participou de sua primeira Libertadores e chegou às oitavas de final, sendo eliminado pelo Estudiantes, da Argentina. No Nordestão, título conquistado ao vencer o Sport por 1 a 0, na Arena Castelão.
O ano de 2023 consolidou Vojvoda como ídolo. O Tricolor do Pici levantou a inédita taça de pentacampeão cearense, batendo o rival Ceará na decisão. Além disso, chegou à final da Copa Sul-Americana, sendo vice-campeão após derrota nos pênaltis para a LDU-EQU.
Em 2024, o Fortaleza conquistou a Copa do Nordeste, mas perdeu a chance de ser hexacampeão estadual. No cenário nacional, fez história no Campeonato Brasileiro: encerrou em 4º lugar, com 68 pontos, garantindo, mais uma vez, vaga na principal competição de clubes das Américas.
No entanto, 2025 começou de forma diferente. A eliminação precoce na Copa do Brasil, derrotas para equipes de menor investimento — como Sousa-PB e Altos-PI — e a perda do título cearense acenderam os primeiros sinais de alerta. Por último, a queda na Copa do Nordeste e a derrota por 1 a 0 para o Ceará, pela Série A.
O início ruim no Campeonato Brasileiro — com apenas duas vitórias em 13 rodadas — e a falta de respostas em campo, somadas ao abatimento visível do próprio treinador nas entrevistas, evidenciavam que o ciclo se aproximava do fim.
O futuro no Pici
A diretoria tricolor ainda não anunciou o substituto de Vojvoda, mas sabe que terá pela frente o desafio de manter o patamar de competitividade estabelecido pelo argentino. O momento é de reconstrução e de busca por uma nova identidade que mantenha o clube na rota das grandes disputas. (Com Afonso Ribeiro)