Presidente do Ceará vê situação financeira "mais tranquila", mas "ainda desafiadora"
João Paulo Silva garante que retorno à Série A permitiu ao Vovô reorganizar as contas, revela faturamento com direitos de transmissão no primeiro semestre e relembra dificuldades na Série B
De volta à elite do Campeonato Brasileiro em 2025, o Ceará tem conseguido organizar as finanças graças ao aumento de receitas, sobretudo com direitos de transmissão. Em entrevista exclusiva ao programa Esportes do Povo, nesta quarta-feira, 2, o presidente João Paulo Silva relembrou as dificuldades do clube na Série B e explicou que a situação atual é melhor, mas ainda "desafiadora".
O atual mandatário assumiu o Vovô em março de 2023, meses após o rebaixamento para a Segundona. O período distante da principal divisão nacional impactou os cofres do Alvinegro, já que houve queda no montante de arrecadação, compromissos anteriores que ainda precisavam ser quitados e a necessidade de reformular o elenco. O dirigente lembrou também que aguardava um aporte da Liga Forte União, mas que houve atraso no repasse.
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"Houve uma desorganização grande no meu fluxo financeiro por conta disso. Aí, vieram atrasos de contas, os famosos transfer bans e demorou um pouco para conseguir organizar tudo isso. Eu sempre tive crédito na praça, o Ceará também e tive pessoas que acreditaram em mim, principalmente, porque era meu último ano de gestão e emprestaram recursos ao clube para que a gente pudesse honrar todos os compromissos com atletas na temporada de 2024", contou.
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A partir do retorno à Série A, definido por João Paulo Silva como "importantíssimo" sob este aspecto, o cenário "hoje é totalmente diferente", dando fim a ações na Justiça e punições da Fifa, por exemplo, por débitos de salários ou aquisições de atletas.
O presidente exemplifica que na Série B de 2024, com direitos de transmissão, o time de Porangabuçu faturou R$ 9 milhões; no primeiro semestre da atual temporada, com os contratos da Liga Forte União, já ganhou R$ 70 milhões. O Ceará também já conseguiu mais de R$ 40 milhões com vendas de atletas. O respiro financeiro permitiu reorganizar as contas e cumprir os acordos firmados.
"Ainda é desafiadora. Ainda tenho compromissos do passado, nós fizemos alguns acordos. Ainda tenho acordos de atletas do passado que estou pagando, mas, com certeza, a situação hoje é bem mais tranquila, porque o Ceará está numa Série A. Hoje tenho o conforto de dizer que a Série A nos ajudou muito, a venda de atletas nos ajudou muito. Hoje, a realidade é totalmente diferente. Foi um exercício muito difícil, não foi fácil, mas houve uma desorganização por conta do rebaixamento e de um fluxo que nós estávamos contando e mudou faltando dez dias", reforçou.
No balanço financeiro de 2024, o Vovô teve déficit de R$ 5,7 milhões e faturamento total de R$ 162,6 milhões. A previsão para 2025, segundo João Paulo Silva em evento promovido pelo clube, é de uma receita recorde de R$ 250 milhões e de alcançar superávit.
"A gente tem que fazer todos os esforços para continuar na Série A. Esse é o principal desafio. O clube não pode voltar mais para a Série B, tem que manter e ter a continuidade na Série A, porque a principal fonte de receita ainda é dos direitos de transmissão. O meu sonho era diminuir, cada vez mais, essa dependência do direito de televisão. Seria bom para os clubes, de uma forma geral", opinou o mandatário do Ceará.