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Crianças com microcefalia são grupo de risco para coronavírus

Apesar dos problema pulmonares típicos da síndrome, crianças com microcefalia somente começaram a ser imunizadas contra a gripe na última quinta-feira, 16

A pandemia do novo coronavírus, que já infectou 2.955 pessoas e matou 162 somente no Ceará, apresenta riscos ainda maiores para determinados grupos. É o caso das crianças com microcefalia causada por síndrome congênita do zika vírus.

Entre as consequências da síndrome, estão uma série de problemas de respiração, como a pneumonia aspiratória. Essa doença é causada porque as crianças possuem dificuldade de engolir alimentos, que podem acabar no pulmão.

Para evitar este tipo de situação, as famílias adotam cuidados maiores já em períodos habituais. Limpeza dos quartos utilizando panos e não vassouras, para evitar a dispersão de poeira, higienização de móveis com álcool, horários estritos de alimentação e mesmo o uso de equipamentos hospitalares, como alimentação por sonda, medidor de oxigenação do sangue e aspirador para alimentos que porventura cheguem ao pulmão.

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É necessário também o acompanhamento médico de equipes especializadas e multidisciplinares, que incluem, entre outros profissionais, neurologistas e fisioterapeutas. Esta questão, porém, tem sido impossibilitada pela quarentena: em grupos de WhatsApp de mães de crianças com microcefalia, os relatos são de que este tipo de atividade, crucial ao desenvolvimento saudável das crianças, foi totalmente paralisado devido às políticas de isolamento social.

Mesmo com todas essas precauções, ainda há riscos. Segundo Maria Inamá Araújo Santiago, de 32 anos, seu filho caçula Arthur, de 3 anos e 4 meses, teve seis pneumonias durante a vida. Ele chegou a ser internado duas vezes, em uma delas necessitando ir para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

Em março deste ano, Inamá e suas duas filhas mais velhas apresentaram sintomas da Covid-19, como tosse, febre e coriza. Elas se mantiveram em isolamento e sem contato com Arthur, seguindo recomendações do governo.

Ainda assim, no dia 25 de março, o garoto começou a ter dificuldades para respirar. No dia seguinte, Inamá levou o filho a um hospital particular de Fortaleza. Ele realizou exame para Covid-19 e foi internado por problemas no pulmão pela terceira vez na vida, sendo levado algumas horas depois à UTI.

A equipe médica que atendeu Arthur levou em conta três possíveis diagnósticos: gripe pelo vírus H1N1, pneumonia e Covid-19. Devido aos riscos associados ao uso da cloroquina, especialmente considerando os problemas de saúde da criança, foi realizado tratamento somente para as duas primeiras possibilidades. Com evolução rápida da doença, Arthur veio a óbito no dia 31.O  resultado do exame, negativo para Covid-19, saiu somente após o sepultamento. A causa da morte foi a sétima pneumonia do garoto.

Ainda assim, devido à suspeita, não houve velório e o corpo foi enterrado em caixão lacrado. Esta medida segue protocolos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e atende à proibição determinada em março pela Justiça do Estado. Outro exemplo foi a cerimônia de dom Aldo Pagotto, ex-bispo de Sobral, cujo exame só ficou pronto após o sepultamento. Autópsias também estão suspensas no Ceará.

Entre as preocupações com as crianças com microcefalia está também o fato de não se incluírem em grupos prioritários para atendimento em caso de suspeita de coronavírus, e também de contraírem outras doenças respiratórias. Apesar dos problema pulmonares típicos da síndrome, crianças com microcefalia somente começaram a ser imunizadas contra a gripe na última quinta-feira, 16, de acordo com o calendário de vacinação do Ministério da Saúde.

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