Agência BBC

Megaoperação contra Comando Vermelho no Rio tem 60 mortos e 81 presos: o que se sabe até agora

Ação policial visa conter a expansão da facção. Entre os mortos, estão suspeitos e policiais. Criminosos chegaram a usar drones para retaliar a polícia

15:29 | Out. 28, 2025

Por: BBC News
Divulgação/Polícia Civil
Mais de 80 pessoas foram presas em megaoperação no Rio de Janeiro

Pelo menos 60 pessoas morreram e 81 foram presas nesta terça-feira (28/10) durante uma megaoperação das Polícias Civil e Militar do Rio de Janeiro contra o Comando Vermelho nos complexos do Alemão e da Penha.

Entre os mortos, estão quatro policiais, segundo informações da Polícia Civil. Há também registros de policiais e moradores baleados.

A operação contou com cerca de 2,5 mil agentes das forças de segurança do Rio de Janeiro para cumprir 100 mandados de prisão em uma área de 9 milhões de metros quadrados.

A ação foi classificada pelo governador Cláudio Castro (PL) como "a maior operação das forças de segurança do Rio de Janeiro", e faz parte de uma iniciativa permanente do governo do Rio em combate à expansão do Comando Vermelho.

"Essa operação teve início com o cumprimento de mandados judiciais e uma investigação de mais de um ano e planejamento feito há mais de 60 dias", afirmou o governador em coletiva de imprensa nesta manhã.

"Uma operação do Estado contra narcoterroristas, porque as pessoas que fazem isso que fazem são narcoterroristas."

Participam da operação policiais militares do Comando de Operações Especiais (COE), de batalhões da capital e da Região Metropolitana, além de equipes da CORE e de todas as delegacias especializadas da Polícia Civil.

Entre os presos estão lideranças do Comando Vermelho que atuam no tráfico de drogas na região. Um deles, conhecido como Belão, teve a prisão anunciada durante a coletiva por Castro.

72 fuzis foram apreendidos durante a operação, além de uma grande quantidade de drogas, informou o governo do Estado.

Os confrontos entre policiais e traficantes acontecem majoritariamente em áreas de mata, segundo o governador, mas há tentativas de criminosos de fechar vias da região, como a Avenida Brasil.

Todos os batalhões do Rio de Janeiro estão em estado de alerta para possíveis retaliações.

Durante a manhã, os criminosos usaram drones para lançar bombas e atacar policiais. Também foram vistos fugindo em fila indiana da Vila Cruzeiro durante a operação.

Barricadas com veículos queimados também foram montadas por criminosos em diversos locais da cidade em represália à operação policial.

Em função dos bloqueios, o Centro de Operações e Resiliência (COR) do Rio elevou o estágio operacional da cidade para o nível 2, de uma escala de 5.

A Polícia Militar colocou em resposta todo seu efetivo nas ruas, suspendendo todas as atividades administrativas.

Castro afirmou que o uso de "tecnologia, estratégia e inteligência" estavam sendo fundamentais para o sucesso da operação, mas criticou a ausência de apoio do governo federal.

"As nossas polícias estão sozinhas... infelizmente, mais uma vez, não temos auxílio nem de blindados nem de agentes das forças federais, de segurança ou de defesa. É o Rio de Janeiro completamente sozinho."

O aparato tecnológico inclui dois helicópteros, 32 blindados terrestres, drones, 12 veículos de demolição do Núcleo de Apoio às Operações Especiais da PM.

Em nota enviada à BBC News Brasil, o Ministério da Justiça e Segurança Pública informou que mantém atuação no Estado do Rio de Janeiro desde outubro de 2023, por meio da Força Nacional de Segurança Pública. A operação segue vigente até 16 de dezembro de 2025 e pode ser renovada.

Ainda, segundo o órgão, o Ministério da Justiça tem atendito a todos os pedidos do governo do Estado do Rio de Janeiro para o emprego da Força Nacional no Estado, em apoio aos órgãos de segurança pública federal e estadual.

"Desde 2023, foram 11 solicitações de renovação da FNSP [Força Nacional de Segurança Pública] no território fluminense. Todas acatadas", destacou. (Por Iara Diniz - da BBC News Brasil em São Paulo)