Gramado: Verónica Valenttino emociona em série áspera da HBO
Atriz cearense Verónica Valenttino se destaca em participação especial de nova série da HBO Max com Johnny Massaro e Bruna Linzmeyer
Neste sábado, 16, o Festival de Cinema de Gramado exibiu o primeiro episódio da série “Máscaras de Oxigênio (Não) Cairão Automaticamente”, dirigido por Marcelo Gomes e Carol Minêm. No Rio de Janeiro dos anos 1980, a trama aborda a crise da Aids no Brasil em meio à ignorância, preconceito e descaso da saúde pública.
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É + que streaming. É arte, cultura e história.
No núcleo central, Johnny Massaro lidera um grupo de comissários que começa a contrabandear AZT para salvar vidas de pessoas vivendo com o vírus.
Apesar da velocidade que o formato de série parece pedir, especialmente quando feita para plataformas de streaming, a história tem um pulso firme ao saber apresentar o susto e as tensões daquele momento.
Muitos personagens acabam sobrando nessa construção feita às pressas, inclusive não se beneficiando pelo jeito didático e simplista com que um assunto tão sério é abordado - então há muita música, montagem acelerada e decisões instantâneas, tudo para não perder o espectador de vista.
Nessa teia de sentimentos, porém, há alguns deslumbres. Verónica Valenttino interpreta Pantera, matriarca de uma boate fictícia popular com o público LGBTQIA+ desse Rio de Janeiro.
Cearense, a atriz integrou o badalado grupo d’As Travestidas ao lado de nomes como Silvero Pereira e Patrícia Dawson. Em 2023, tornou-se a primeira atriz trans a vencer o Prêmio Shell de Teatro.
No episódio, a personagem já aparece debilitada, consciente do cenário cruel que está ao seu redor. Diante dessa condição delicada, Verónica lhe dá uma força tocante nos gestos lentos, no olhar e na voz, especialmente quando canta.
Sua vitalidade em cena também está ligada ao personagem do Ícaro Silva, que dá sequência ao semblante da sua emoção. Com cinco episódios, “Máscaras de Oxigênio (Não) Cairão Automaticamente” tem estreia marcada para o domingo, 31 de agosto.
Nó: filme de Laís Melo
Na mesma noite de Gramado, outra atriz trans ganhou destaque no palco do Palácio dos Festivais. Na apresentação de “Nó”, filme de Laís Melo que inaugurou a Mostra Brasileira de Longas, Fernanda Silva pegou o microfone e recitou uma fala poética sobre sua resistência ao ser artista e performer do Piauí.
Nascida em 1977, atravessou o período árduo da ditadura militar brasileira e fez sua carreira no teatro e nas artes performáticas.
Na trama, ela interpreta Magali, melhor amiga de Glória, a ajudando com os desafios pessoais que estão lhe tirando de órbita. Sua fala centrada é sempre uma busca de refúgio para si e para as outras. O longa “Nó” segue sem previsão de estreia.
A cobertura do 53º Festival de Cinema de Gramado no O POVO segue até o dia 23 de agosto, quando serão anunciados os filmes vencedores.
