Rita Lee foi presa grávida e recebeu auxílio de Elis Regina

A cantora Elis Regina foi quem facilitou a saída de Rita Lee da prisão no ano de 1976, enquanto a "Ovelha Negra" estava grávida do primogênito

A amizade entre as cantoras Elis Regina e Rita Lee, que faleceu na noite desta segunda-feira, 8, parecia improvável à primeira vista. Uma era considerada o ícone da Música Popular Brasileira (MPB), enquanto a outra era uma representação da rebeldia do Rock.

A ruiva costumava afirmar que a relação entre as duas demorou para ser concretizada, mas um episódio em 1976 foi decisivo. Rita foi presa enquanto estava grávida de Beto Lee, seu filho primogênito, após um flagrante de maconha em seu apartamento.

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Na época, a artista afirmou que a droga foi inserida no local pelos agentes. "A última pessoa que eu esperava que fosse me visitar na cadeia era Elis", confessou a artista durante uma live com o músico Ronnie Von, no ano de 2020.

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Ela descreve o momento no livro “Rita Lee: Uma Autobiografia” (2016). "Chega uma carcereira dizendo: 'Rita Lee, chegou uma artista famosa aqui na portaria e tá junto com o filhinho rodando a baiana querendo te levar de qualquer jeito'. Céus, quem seria essa santa porreta que me aparece exatamente na hora que mais preciso. Nossa Senhora das Roqueiras? Chego corcunda de dor na sala do delegado e quem vem me dar um abraço dos mais fofos que já recebi na vida? Elis, aquela que fazia cara feia para os roqueiros! Elis, a musa mor da MPB!", relembra.

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A intérprete de "Como Nossos Pais" chegou acompanhada do filho João Marcelo e utilizou a fama para chamar atenção. De acordo com depoimentos de Rita, ela "berrou", exigiu que comprassem comida e ainda disse que iria fazer uma coletiva para denunciar o acontecimento. "Ela era o Olimpo. Que mãezona. Me ajudou como se fosse uma amiga de infância", conta.

A partir deste episódio, as duas firmaram grande amizade. A cantora Maria Rita, filha de Elis, homenageou a "Ovelha Negra" em publicação no Instagram nesta terça-feira, 9. "Maria Rita tão amigacomadre de Maria Elis... Fique com a certeza de sua missão cumprida e ficaremos nós aqui na missão de fortalecer sua luz para todo o sempre", escreveu.

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Rita Lee: relembre a carreira da cantora

Nascida em 31 de dezembro de 1947, Rita Lee começou a trajetória artística ainda nos anos 1960. A primeira experiência da artista foi com o grupo musical feminino Teenage Singers, em 1963. O grupo, formado com amigas, se juntou ao trio masculino Wooden Faces. A junção dos grupos foi a gênese da banda Os Mutantes, formada por Rita, Arnaldo Baptista e Sérgio Dias, que marcou o início do renome da artista. 

O grupo marcou a música brasileira com canções como "A Minha Menina" e "Ando Meio Desligado", essa última composta por Rita e os parceiros. Já nos anos 1970, ao lado da banda Tutti Frutti, a artista lançou algumas das principais canções da carreira, como "Agora só Falta Você""Fruto Proibido".

O período ficou marcado pelo início da relação amorosa entre Rita e Roberto de Carvalho, além de problemas enfrentados por ela em meio à ditadura militar. A artista chegou a ser presa por porte de maconha na época, o que afetou a carreira musical.

Ainda nos anos 1970, retorna à música em turnê com Gilberto Gil, intitulada "Refestança", e lança com a Tutti Frutti o álbum "Babilônia". Da vertente do rock e da experimentação, Rita foi se aproximando de uma linguagem mais pop, inaugurada pelo álbum "Rita Lee" (1979), também conhecido como "Mania de Você".

Rita Lee: Fase pop

O início da exploração de uma nova sonoridade veio a partir do início de outra parceria, a musical com o marido Roberto de Carvalho. O disco de 1979 que marca essa "estreia" traz sucessos reconhecidos até hoje, como "Mania de Você", "Chega Mais" e "Doce Vampiro".

Os anos 1980 seguiram marcados por músicas populares na carreira da artista, incluindo hits como "Lança Perfume", "Baila Comigo", "Mutante", "Desculpe o Auê" "Flagra"e "Flerte Fatal". Já nos anos 1990, a artista teve série de canções em novelas da TV Globo. "Vítima" foi tema de abertura de "A Próxima Vítima" (1995), enquanto "Dona Doida" foi usada em "Zazá" (1997).

Ainda no final dos anos 1990, foi lançado o "Acústico MTV - Rita Lee" (1998), que traz participações de Milton Nascimento, Titãs, Paula Toller e Cássia Eller. Já no começo dos anos 2000, o álbum "3001" (2000) ficou marcado pelos singles "Erva Venenosa" e "Pagu". Outro sucesso da época foi "Amor e Sexo", do disco "Balacobaco" (2003).

O último disco de Rita Lee foi "Reza", lançado em 2012, reconhecido pela música-título. Na época, a cantora anunciou que se aposentaria dos palcos, "mas da música nunca", por questões físicas. Já a última canção da artista foi "Change", lançada em 2021. 

Rita Lee: Outras linguagens

Além da música, Rita Lee também se destacou ao longo da carreira por obras de outras linguagens, além de participações na TV. A partir de 2002, por exemplo, a artista passou a ser parte do elenco de debatedoras do programa "Saia Justa", da GNT, com a escritora Fernanda Young, a atriz Marisa Orth e a jornalista Mônica Waldvogel. Vídeos da época circulam ainda hoje nas redes sociais.

Além disso, o próprio Twitter da artista seguiu sendo referenciado na internet, muito a partir do humor e dos comentários sinceros que Rita fazia na conta pessoal.

Em 2016, a artista lançou "Rita Lee: uma autobiografia", obra que se tornou um sucesso de público. Na publicação, ela compartilha série de memórias da vida e carreira. Há dois meses, em março de 2023, foi anunciado o lançamento de "Rita Lee: outra autobiografia". Com lançamento previsto para 22 de maio, a obra narra detalhes do tratamento dela contra o câncer de pulmão.

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