Uso de remédio de R$ 6 para emagrecer gera alerta médico

Uso de remédio de diabetes de R$ 6 para emagrecer gera alerta médico

Medicamento barato usado para tratamento de diabetes ganha fama na internet por estar "emagrecendo" quem usa; confira o que dizem os especialistas

Virou tendência nas redes sociais: um medicamento para diabetes, "bom e muito barato", cerca de R$ 6, que estaria ajudando a emagrecer sem esforço. O boato se espalha rapidamente por vídeos, grupos de WhatsApp e TikTok, com pessoas compartilhando seus “resultados rápidos”.

Mas especialistas alertam: não existe comprovação de que esse remédio funcione como emagrecedor, principalmente para quem não teve indicação médica. Usar medicamento fora da prescrição pode trazer riscos consideráveis.

Qual é o medicamento e por que ele gera expectativas?

Trata-se da metformina, remédio amplamente usado para tratar diabetes tipo 2, com função de controlar os níveis de glicose no sangue.

A ideia de emagrecimento surge em parte porque alguns pacientes com diabetes ou com sobrepeso já observaram redução de peso modesta ao usar a medicação, especialmente quando combinada com dieta e exercício. Porém, isso não significa que ele seja “milagroso” para emagrecer por si só.

Além disso, com o alto interesse por remédios como semaglutida (usada em fármacos como Ozempic, Wegovy), que realmente têm efeito comprovado na perda de peso quando usados sob supervisão médica, há uma comparação implícita que favorece a disseminação de produtos baratos: muita gente busca algo com benefício parecido, mas sem o preço elevado ou efeitos colaterais e complicações.

O que dizem os especialistas e os riscos

Em entrevista ao G1 sobre o assunto, médicos da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) e da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso) reforçam alguns pontos:

  • Não há evidência clínica robusta de que a metformina cause perda de peso significativa em pessoas sem indicação para seu uso.
  • Em casos em que há redução de peso, normalmente está ligada a alterações no metabolismo ou ao fato de o paciente já ter resistência à insulina, obesidade ou outras condições metabólicas, e ainda assim como parte de um conjunto: alimentação controlada, atividade física, acompanhamento médico regular.
  • O uso indevido pode trazer efeitos adversos: desconfortos gastrointestinais, possíveis complicações em pessoas com comprometimento renal ou hepático, e potencial risco de interações com outros medicamentos.
  • A automedicação é perigosa: tomar remédio sem orientação pode gerar expectativas irreais, uso errôneo de doses ou duração do tratamento, sem monitoramento.

 

Comparação com remédios como Ozempic e semaglutida

A semaglutida é uma substância que ganhou bastante notoriedade nos últimos anos como uma opção eficaz para perda de peso, além de tratar diabetes.

Ela funciona de modo diferente: ajuda a aumentar a sensação de saciedade, diminui o apetite e retarda o esvaziamento gástrico, o que pode levar a reduções de peso mais consistentes em pacientes obesos ou sobrepeso, desde que acompanhados de mudanças de estilo de vida.

Diferente disso, o medicamento barato para diabetes que se tornou moda não age com esse mecanismo principal de apetite, não tem estudos suficientes para comprovar efeito semelhante em pessoas saudáveis ou com peso normal, nem tem suporte legal ou diretrizes médicas para uso como “emagrecedor”.

Dados e contexto sobre a metformina

  • Informações de reportagens indicam que a metformina é bastante utilizada no sistema público de saúde para controle de diabetes, e por isso sua base de usuários é grande o que faz com que relatos individuais possam se destacar nas redes sociais.
  • Não há números públicos ainda que indiquem quantas pessoas estariam usando o remédio específico com o objetivo de emagrecer, nem dados de ensaios clínicos recentes que validem essa utilização para perda de peso.
  • Em contraste, há diversos estudos, inclusive clínicos, sobre o uso de semaglutida ou outras drogas do grupo GLP-1 para emagrecimento, com evidência científica consolidada, prescrição médica e acompanhamento de efeitos adversos.

Usar medicamentos sem acompanhamento ou fora de protocolo pode trazer mais malefícios que benefícios. Para perder peso de forma saudável, o caminho continua sendo alimentação equilibrada, exercício físico constante, avaliação médica e, se necessário, o uso de drogas que já têm eficácia comprovada, sempre sob supervisão.

 

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