Ozempic, Wegovy e Mounjaro: diferenças das canetas emagrecedoras

Ozempic, Wegovy e Mounjaro: veja diferenças entre canetas emagrecedoras

Tratamento se tornou mais popular com a chegada de opções no mercado. Saiba as diferenças entre as canetas emagrecedoras e cuidados na hora de usá-las

Um dos mais populares inibidores de apetite, o Ozempic entrou no vocabulário dos brasileiros como um tratamento alternativo de obesidade e diabetes tipo 2. Além dele, o Mounjaro e o Wegovy também receberam aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para serem comercializados no país.

No entanto, nem todos sabem como esses tratamentos funcionam, quais são as indicações e contraindicações e também a diferença entre cada uma das “canetas emagrecedoras”.

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Para compreender melhor esse tratamento, O POVO conversou com Carolina Castro Porto Silva Janovsky, médica endocrinologista e membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), que esclareceu esses pontos.

A seguir, confira as principais diferenças entre as canetas emagrecedoras disponíveis no mercado farmacêutico brasileiro.

Ozempic, Wegovy e Mounjaro: como funcionam e quais as diferenças?

Os três medicamentos citados são agonistas hormonais, isto é, são feitos com substâncias que se ligam a receptores hormonais e desencadeiam resposta semelhante à do hormônio natural, produzindo um efeito biológico no paciente.

Carolina explica que existem três substâncias principais em medicamentos do tipo:

  • liraglutida e semaglutida, que são agonistas do receptor do GLP-1, hormônio produzido no intestino que desempenha papel importante no controle de açúcar no sangue e na regulamentação do apetite; 
  • tirzepatida, um misto dos hormônios GLP-1 e GIP, que tem efeito adicional na saciedade e ingestão calórica.

A médica detalha que as principais canetas para emagrecimento indicadas por profissionais são a Wegovy (semaglutida 2,4 mg) e a Mounjaro (tirzepatida 5 mg - 15 mg), enquanto Ozempic (semaglutida 0,25 mg - 1 mg) é uma “caneta para diabetes”, com efeito de emagrecimento atrelado, mas sem ser o foco principal.

Recomendado em casos de tratamento de diabetes tipo 2, o Ozempic é vendido no Brasil desde 2019, não sendo recomendado para menores de 18 anos.

A aplicação é de forma subcutânea, na camada após a pele, mas nunca em músculos ou veias. Por isso, geralmente se dá no abdômen semanalmente, para que a semaglutida seja liberada na corrente sanguínea ao longo dos sete dias.

Já o Wegovy, que também tem semaglutida como ativo, é utilizado no tratamento de obesidade e sobrepeso associado ao menos uma comorbidade, como diabetes tipo 2 ou hipertensão. O medicamento pode ser utilizado por adultos e crianças com mais de 12 anos que possuam peso corporal acima de 60 kg.

A principal diferença entre Ozempic e Wegovy é que o segundo, por ser focado no tratamento de obesidade, possui uma dose muito maior de semaglutida para potencializar a resposta hormonal. Por isso, as canetas de Wegovy são disponibilizadas com dosagens de 0,25 mg a 2,4 mg.

O Mounjaro, diferente dos outros medicamentos, tem tirzepatida como ativo. A substância é uma dupla agonista de hormônios do intestino. A ação dela é semelhante à da semaglutida, com controle de açúcar no sangue e saciedade, mas possui uma resposta mais intensa ao acionar dois hormônios de uma vez só.

À semelhança do Mounjaro com o Ozempic e o Wegovy, é que ele também é aplicado de maneira subcutânea e semanalmente, com uma dose inicial de 2,5 mg chegando até 15 mg.

Ozempic, Wegovy e Mounjaro: em quais casos o uso é indicado?

Carolina destaca que as bulas brasileiras indicam os três tipos de caneta em caso de obesidade (IMC > 30 kg/m²) ou sobrepeso (IMC > 27 kg/m²) com comorbidades como pré-diabetes, diabetes, hipertensão, dislipidemia e apneia do sono.

Apesar disso, são necessários o acompanhamento médico e uma lista extensa de exames para saber se o paciente está apto para iniciar o tratamento. Entre os exames que podem ser solicitados, a médica cita:

  • Avaliação clínica completa (história, medicamentos que favorecem ganho de peso, triagem de transtornos alimentares),
  • Pressão arterial e medidas antropométricas;
  • Exames laboratoriais de rotina (glicemia/HbA1c, perfil lipídico, função hepática, creatinina/eTFG, TSH quando pertinente)
  • Estratificação de risco cardiovascular e revisão de contra indicações (p.ex., história pessoal/familiar de carcinoma medular de tireoide/MEN2 para GLP-1/GIP)

Ozempic, Wegovy e Mounjaro: resultados possíveis e efeitos colaterais mais comun

Carolina explica que, conforme estudos, as substâncias ativas das canetas emagrecedores podem render os seguintes resultados se utilizadas em conjunto com dieta e atividade física:

  • Semaglutida 2,4 mg/semana: aproximadamente 15% de perda de peso em 68 semanas
  • Tirzepatida 10–15 mg/semana: aproximadamente 20% de perda de peso em 72 semanas no estudo em comparação com a semaglutida

Ela também destaca que a perda é gradual, sendo maior entre os primeiros 3 e 6 meses de uso e alcançando o platô por volta de um ano. No entanto, a resposta varia individualmente.

Entre os efeitos colaterais mais comuns do uso de canetas emagrecedoras, estão náuseas e vômitos, além da diarreia acompanhada de constipação e dor abdominal, geralmente transitória. Porém, o paciente pode estar sujeito a reações mais graves, ainda que raras, como:

  • Pancreatite
  • Colelitíase/Colecistite
  • Desidratação/lesão renal secundária a vômitos intensos, possível piora de retinopatia diabética (semaglutida em diabéticos)

Ozempic, Wegovy e Mounjaro: mitos comuns associados ao tratamento

Mesmo com todas essas informações, a médica indica que sempre haja um acompanhamento clínico do paciente que deseja iniciar o tratamento para evitar quaisquer riscos.

E também cita alguns dos mitos e dúvidas que os pacientes trazem consigo quando chegam ao consultório, como:

  • Canetas emagrecedoras substituem dieta e exercício? Carolina explica que as canetas servem como complemento a mudanças de estilo de vida.
  • Canetas emagrecedoras viciam? Não há evidência de dependência; há necessidade de tratamento crônico para uma doença crônica.
  • É para qualquer um que quer ‘secar’?: Não. As indicações são claras (IMC/complicações). O uso estético em pessoas sem indicação aumenta riscos e limita o acesso de quem precisa.
  • Causa câncer de tireoide em humanos?: A contra indicação decorre de achados em roedores; em humanos não está estabelecida relação causal, mas permanece contraindicado em casos de pacientes com histórico de carcinoma medular da tireoide

Por fim, a médica finaliza que a decisão de iniciar um tratamento como este é individualizada e deve ser considerada as comorbidades, preferências, tolerância e acesso do paciente. Também se deve ter muito cuidado com canetas emagrecedoras falsificadas, a que ela deixa o alerta:

“Verifique o número de registro no rótulo e confirme no portal Consulta a Medicamentos e no Bulário Eletrônico (bula oficial). Desconfie de ofertas em marketplaces/redes sociais e de preços muito abaixo do praticado”.

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