Filiação de RC ao União Brasil ocorre em meio a declarações de apoio a Elmano e ameaças de punição
A oficialização da entrada do ex-prefeito no partido ocorre em meio a divisão cada vez mais acentuada dentro da legenda, no Ceará e no plano nacional
O ex-prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio, filia-se nesta quarta-feira, 5, ao União Brasil, cinco meses após o anúncio oficial e depois de seguidos adiamentos. Ele chega como pré-candidato a governador do Ceará pelo bloco de oposição, assim como o aliado Ciro Gomes, recém-filiado ao PSDB.
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A oficialização da entrada do ex-prefeito no partido ocorre em meio a divisão cada vez mais acentuada dentro da legenda. Desde a chegada de Elmano de Freitas (PT) ao Governo do Ceará, uma parte do União Brasil, principalmente ligada ao prefeito de Maracanaú, Roberto Pessoa, integra a base aliada estadual. A filiação de Roberto, o Cláudio, fortalece o bloco de oposição, o que levou a ala governista a manifestações de apoio mais explícitas.
Integrante de federação com o União Brasil, o Progressistas no Ceará é também base do governador, inclusive com o secretário das Cidades, Zezinho Albuquerque.
Na segunda-feira, 3, durante entrega de casas do residencial Vicente Antenor Ferreira Gomes, do Minha Casa Minha Vida, em Itapipoca, o deputado federal Moses Rodrigues (União Brasil) afirmou: "Nós do União Brasil, e também do PP, estamos aí numa federação que tem aí uma divisão, uma ala que quer ficar na oposição. Mas tenha certeza, governador, que eu, a deputada Fernanda Pessoa, o deputado AJ Albuquerque, estaremos lhe apoiando para a reeleição. Porque nós reconhecemos o trabalho que Vossa Excelência tem feito pelo Estado", como mostrou o jornalista Carlos Mazza na coluna Vertical, do O POVO.
Ele acrescentou, dirigindo-se a Elmano: "Independente da posição do partido, nós estaremos marchando juntos pela sua pré-campanha à reeleição e, no futuro pela sua campanha de reeleição, porque tenho certeza de que é o melhor para o Estado do Ceará".
No dia seguinte, Fernanda Pessoa se manifestou pelas redes sociais. "Enquanto alguns preferem perder tempo atacando e tentando prejudicar o Ceará, nós seguimos no caminho do trabalho e da união. Hoje, ao lado do governador Elmano, estivemos na Câmara Federal buscando novas formas de fortalecer nosso estado e garantir mais investimentos para o nosso povo. Porque quem ama o Ceará, trabalha por ele: com diálogo, respeito e compromisso".
Em entrevista à rádio Voz FM, o ex-deputado federal Capitão Wagner, presidente do União Brasil no Ceará, sinalizou que os parlamentares dissidentes podem ser punidos até com perda de mandato. "Existe uma consequência para cada ato político. Se a nossa federação declara apoio a um candidato de oposição e os dois estão num palanque adversário, e aqui não é ameaça, eles conhecem a legislação, o suplente deles e o Ministério Público vão entrar com ação pra eles perderem o mandato. Não é o Wagner que tá ameaçando, é natural do processo eleitoral", mostrou o colunista Guilherme Gonsalves.
O presidente da legenda manifestou gratidão a Roberto Pessoa e à filha do prefeito, Fernanda, mas disse não ser possível ficar filiado e apoiar Elmano. "União Brasil marchará na oposição. Eu tenho um carinho muito grande pela Fernanda, porque ela tirou licença para eu assumir o mandato lá em 2011 de deputado estadual. Sou muito grato a ela e ao Roberto por ter me chamado para assumir a secretaria (da Saúde) em Maracanaú", declarou.
"Mas o próprio Roberto e ela sabem que se quiser votar em outro governador que não o nosso, ela vai ter que procurar outra legenda. Não é isso o que a gente quer", apontou.
Em meio ao embate, Roberto Pessoa, conforme apontou o colunista Henrique Araújo, é pressionado a exonerar a irmã de Wagner, Vanderlange de Sousa Gomes, atualmente secretária de Saúde de Maracanaú. Ela assumiu o cargo depois que o irmão saiu para concorrer a prefeito de Fortaleza, no ano passado.
Conflitos nacionais na federação
Há turbulências também no plano nacional dentro da federação formada entre o partido e o Progressistas. O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), que é pré-candidato a presidente, tem travado conflitos públicos com dirigentes do Progressistas e até do próprio partido, num movimento que foi interpretado como tentativa de evitar que a federação seja homologada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A hipótese, entretanto, de a federação ser desfeita é negada pelos dirigentes dos partidos.