Cláudio Castro conseguiu arrumar o seu Carandiru: diz coronel

"Cláudio Castro conseguiu arrumar o seu Carandiru", diz coronel sobre megaoperação no Rio

Especialista em segurança pública, o coronel José Vicente da Silva responde ao vivo sobre a operação policial contra o Comando Vermelho, trazendo críticas e estratégias mais viáveis
Atualizado às Autor Gabriele Soares / Especial para O POVO
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O coronel José Vicente da Silva, ex-secretário nacional de Segurança Pública, qualificou como "trágica, cruel, banho de sangue" a megaoperação policial do Rio de Janeiro contra membros da facção criminosa Comando Vermelho.

"Precisamos usar um pouco mais de cabeça. Quando a gente fala que é preciso mais inteligência, é porque é burrice usar força bruta para tentar enfrentar o crime agravado, ainda que seja necessário eventualmente", disse em entrevista ao programa O POVO no Rádio, aos jornalistas Jocélio Leal e Juliana Matos Brito, na  rádio O POVO CBN, na manhã desta quarta-feira, 29.

"O governador Cláudio Castro conseguiu arrumar o seu Carandiru", afirmou ao comparar a operação da terça-feira, 28, ao massacre ocorrido em 1992 no presídio paulista, quando 111 presos foram mortos pela Polícia. "Isso vai repercutir muito além das manchetes de hoje dos jornais, diz o coronel.

A ação da terça passada ocorreu nos Complexos da Penha e do Alemão, no Rio de Janeiro, e deixou mais de 120 mortos. Entre eles, estavam inclusos faccionados cearenses que se escondiam no Rio de Janeiro.

O ex-secretário nacional de Segurança Pública mencionou que a Delegacia de Repressão ao Tráfico do Rio de Janeiro estaria investigando os integrantes do Comando Vermelho há mais de um ano. Já a operação provavelmente teria sido planejada há cerca de dois meses. Porém, ele considera que, se realmente tivesse havido planejamento adequado, teriam sido previstas as consequências da "retaliação dos membros da facção".

O coronel destacou que os efeitos se estenderam para outros locais da Zona Norte do Rio de Janeiro. Cerca de 50 escolas foram fechadas, 200 linhas de ônibus suspensas e 30 vias foram afetadas. Para ele, houve incompetência no planejamento, já que a operação não previu estratégias e nem as possíveis consequências.

"O que nós estamos vendo é a repetição de centenas e centenas de operações que não resolvem problema nenhum, porque não há um sistema preventivo efetivo de reconquista de territórios na região metropolitana do Rio de Janeiro", declara o que seria, então, uma outra estratégia.

A relação da segurança do Rio de Janeiro com o Governo Federal

Questionado sobre a eficácia da proposta de emenda à Constituição (PEC) da Segurança, que busca coordenar as ações policiais entre União e estados, o coronel José Vicente afirma que não vê utilidade na adoção, pois não há um plano nacional para segurança pública no Brasil, segundo ele.

"Ela não consegue entregar estratégias de reocupação de territórios que foram ocupados por variados tipos de grupos criminosos pelo desleixo, pela incompetência das estruturas policiais locais, no caso específico estamos falando do Rio de Janeiro, mas também acontece aí no Ceará", afirma.

Ele também argumenta que agravar as punições não mudaria muita coisa pois, mesmo com a pena de 20 anos de prisão para homicídio, os crimes seguem sendo cometidos.

Estratégias reais para resolver o problema

"A questão do crime organizado, ele é impactante, ele corrompe severamente forças policiais, inquietações internacionais, dada a presença de facções internacionais se aliando às facções nacionais. E para isso nós precisamos de uma alta coordenação de âmbito federal com os estados e ministérios públicos", defende.

"Mas o fato é que nós precisaríamos de uma grande coordenação nacional e para isso nós precisaríamos também ter uma estrutura compatível de coordenação para a segurança", explica.

E essa coordenação deve vir de um Ministério próprio para a segurança pública, por exemplo. Para contextualizar, ele cita o fato de o governador do Rio de Janeiro afirmar que o Ministério da Justiça negou suporte ao Estado, enquanto o ministro contrapõe dizendo que o pedido não foi feito.

Assista à entrevista:

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