Cercados de bolsonaristas, Ciro e Tasso criticam Bolsonaro

Ao lado de bolsonaristas, Ciro e Tasso fazem críticas a Bolsonaro

Durante filiação de Ciro ao PSDB, tucanos exaltam FHC e relembram erros de ex-presidentes

O evento de filiação de Ciro Gomes ao PSDB, realizado na manhã desta quarta-feira, 22, em Fortaleza, reuniu nomes de diferentes espectros políticos, incluindo vários aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Em meio a elogios, afagos e tentativas de minimizar divergências, tanto Ciro quanto o ex-senador Tasso Jereissati (PSDB) fizeram críticas ao governo Lula (PT) e, por tabela, atingiram também o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

No palco, acompanharam o ato parlamentares do PL, como os deputados federais André Fernandes e Dr. Jaziel, além dos deputados estaduais Alcides Fernandes, pai de André; e Dra. Silvana, esposa de Jaziel — todos conhecidos pela ligação com o bolsonarismo no Ceará.

Elogios a FHC e indireta a Bolsonaro

Tasso Jereissati iniciou seu discurso comentando as diferenças que mantém com André Fernandes, “mas felizmente ele não fica zangado”, brincou, arrancando risadas do público. O ex-senador também elogiou o jovem deputado, atual presidente estadual do PL.

Ao exaltar o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), Tasso fez uma observação que acabou soando como crítica indireta ao bolsonarismo.

“Eu tenho impressão que, desses últimos presidentes, (FHC) foi o único que entregou a faixa de presidente, sorridente, para o seu sucessor, grande adversário político. Acho que foi o único, não estou me lembrando de outro que tenha feito isso. E o único que não teve problema de prisão, inclusive”, afirmou, provocando risadas na plateia tucana.

Vale lembrar que Bolsonaro " target="_self">não passou a faixa presidencial para Lula, após perder a eleição de 2022. Além disso, o ex-presidente foi condenado, no Supremo Tribunal Federal (STF), por uma trama golpista para impedir a posse do governo eleito naquele ano.

Críticas a Lula respingam em Bolsonaro

Ciro Gomes, por sua vez, manteve o tom crítico ao Partido dos Trabalhadores, mas não poupou menções negativas a Bolsonaro.

“O Brasil hoje é o regime mais corrupto na sua história. Acham que eu estou exagerando? Tomem nota. Eu desafio qualquer petista a me contestar. Nós esculhambamos o Bolsonaro, quando ele começava a liberar emendas, na faixa de R$ 30 bilhões por ano. A gente esculhambava como corrupção epidêmica, endêmica, gravíssima e tal. Então, o Lula esse ano já liberou R$ 63 bilhões para a roubalheira generalizada, ressaltando as exceções que deve haver, certamente, em um ambiente como esse”, afirmou Ciro.

Incompetência da oposição 

Em discurso sobre o Brasil, Ciro Gomes também afirmou que a propaganda do Governo Lula teria sido ajudada por “incompetência de uma certa oposição”. 

Para o ex-ministro, o apoio de nomes da oposição às medidas dos Estados Unidos contra economia brasileira serviu para reforçar o discurso promovido pelo governo em defesa da soberania nacional. Apesar de não mencionar políticos, o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) é acusado de participar de articulações nos EUA. 

“Pelo Brasil, eu morro. É bem verdade que pelo Ceará eu mato. A propaganda oficial ajudada aqui e ali por uma certa incompetência de uma certa oposição, que não entende a complexidade da vida nacional e aperfeiçoa o desastre, tipo a manipulação do sentimento nacional, de defesa da soberania nacional, que não é nada da prática de fato defendida, mas que serviu de retórica quando setores da oposição apoiaram uma agressão estrangeira, como foi feita pelos Estados Unidos contra a economia brasileira”, disse.

Diferenças políticas sem constrangimento

Em tom de gratidão, Ciro destacou o apoio de aliados, de Tasso e do povo cearense. Disse considerar fácil unir-se a quem pensa igual, mas que o desafio — e o valor — está em somar forças com quem pensa diferente.

“O que não é o caso. Estão aqui por uma coisa muito alta, que saiu da moda, mas nós precisamos trazer de volta ao centro do nosso caminhar político, que é uma coisa chamada espírito público”, declarou.

O ex-governador reconheceu haver diferenças entre seu pensamento e o de parte dos oposicionistas presentes, mas defendeu que isso não deve ser motivo de constrangimento.

“Apesar das nossas diferenças, nós não temos que ter medo de afirmar, com honestidade e humildade, a todo o povo do Ceará, que nós temos diferenças. Quando o olhar é sobre a vida nacional, um ambiente absolutamente passionalidade, calorosamente por uma polarização assentada no ódio, na paixão despolitizada, mais violentas ficam ainda as contradições, se nós não tivermos a generosidade de compreender, o que não sendo comum, nos obriga a trabalharmos juntos. E trabalhar nossas diferenças, sem vergonha nenhuma, sem nenhum cabimento de ficar escondido, seja de quem for”, disse, lembrando que o PL já teve o vice de Lula, com José Alencar.

Ciro encerrou com uma provocação: “Pode trazer as diferenças. Vamos ver quem tem moral para fazer essa discussão. Aqui não tem ladrão, e lá, dá para dizer isso?”, bradou. 

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