Camilo desconversa sobre 'infiéis' na MP de Lula: "Quem trata essas questões é a Gleisi"

Os deputados cearenses Júnior Mano e Moses Rodrigues votaram contra o governo, apesar de serem opções para concorrer ao Senado Federal no Ceará pela base

17:15 | Out. 13, 2025

Por: Taynara Lima
Ministro da Educação Camilo Santana (PT) evitou comentar sobre os votos dos deputados federais Júnior Mano (PSB) e Moses Rodrigues (União) favoráveis à retirada de pauta da MP 1303/2025 na Câmara dos Deputados (foto: Geraldo Magela/Agência Senado)

O ministro da Educação, Camilo Santana (PT), evitou comentar os votos dos deputados federais Júnior Mano (PSB) e Moses Rodrigues (União), favoráveis à retirada de pauta da Medida Provisória 1303/2025 na Câmara dos Deputados. O ex-governador afirmou que o assunto deve ser tratado com a ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffman (PT). Mano e Moses são cotados como pré-candidatos da base petista ao Senado pelo Ceará no ano que vem.

Camilo participou nesta segunda-feira, 13, do evento da entrega da Comenda Governadores pela Alfabetização das Crianças na Idade Certa; entregue a governadores brasileiros pelos índices positivos de alfabetização em seus respectivos estados. O governador Elmano de Freitas (PT) foi um dos homenageados. 

Em coletiva de imprensa, o ministro da Educação foi questionado pelo repórter João Paulo Biage, correspondente do O POVO em Brasília, sobre os votos dos parlamentares, porém afirmou que o assunto deveria ser tratado com a ministra de Relações Institucionais. 

Quem trata essas questões chama-se Gleisi Hoffman, líder do governo. Eu sou ministro da Educação. Se quiser perguntar alguma coisa da educação, eu respondo”, disse. 

O voto dos parlamentares, contra o governo, repercutiu e gerou críticas de aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), dentre eles o líder de Lula na Câmara, o deputado federal José Guimarães (PT), que também é ventilado entre os pré-candidatos ao Senado no Ceará.

Em entrevista ao podcast Jogo Político na última sexta-feira, 10, Guimarães chegou a destacar que “quem vota contra o governo não terá apoio de Lula”. O petista também já indicou que não está disposto a recuar da ideia de concorrer a uma das vagas no Senado.

Nesta segunda, perguntado sobre a possível candidatura de Guimarães, o ministro Camilo Santana também não comentou sobre o assunto e disse que a eleição será discutida em 2026. 

Votos dos parlamentares cearenses

Na última quarta-feira, 8, os deputados federais Júnior Mano e Moses Rodrigues foram favoráveis à retirada de pauta da Medida Provisória 1303/2025 na Câmara dos Deputados. Ao todo, foram 251 votos a favor e 193 contrários à medida.

A MP, redigida pelo Governo Federal, estabelecia novas regras para a tributação de aplicações financeiras e ativos virtuais no Brasil. A derrubada da medida representou uma derrota para o governo e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou a decisão da Câmara. 

Entre os deputados da bancada cearense, 10 parlamentares foram contra a retirada e oito a favor, enquanto quatro não votaram. 

O voto de Mano e Rodrigues surpreendeu por contrariar a expectativa de que concorram à Casa Alta pela base governista. No último sábado, 11, Mano afirmou ao O POVO que “divergências pontuais fazem parte da democracia e do debate político”.

Júnior Mano é “apadrinhado” pelo senador Cid Gomes (PSB) e um dos principais nomes para a disputa majoritária ao Senado pelo PSB. O deputado se filiou ao partido em dezembro de 2024, após expulsão do PL por apoiar a candidatura de Evandro Leitão (PT) à Prefeitura de Fortaleza. 

Já o nome de Moses Rodrigues aparece em meio à tentativa de aproximação do governo com a federação União-PP. Capitão Wagner, presidente do União Brasil no Ceará, já enfatizou que a federação será oposição no Estado, descartando o apoio do bloco ao PT em 2026.

Em entrevista ao Jogo Político, Guimarães também demonstrou descrença sobre o possível apoio da federação e considerou a movimentação apenas como um “sonho” distante. “As pessoas têm o direito de sonhar. Mas essa federação vir para nós? Com essa turma que está aí? Capitão Wagner, Roberto Cláudio, Ciro (Gomes) e tudo, isso é impossível”, considerou.

Além dos deputados federais já citados, outros nomes já se colocaram como pré-candidatos pela base, como Chiquinho Feitosa (Republicanos) e Eunício Oliveira (MDB).