Vereadores criticam paralisação de linhas de ônibus e acusam Sindiônibus de desrespeito
Parlamentares apontaram falta de diálogo e lembraram dos repasses públicos feitos ao setor de transporte.
Vereadores de Fortaleza repercutiram na manhã desta terça-feira, 30, a interrupção de linhas de ônibus pelo Sindiônibus na segunda-feira, 29. Parlamentares da base de apoio ao prefeito culparam as empresas de ônibus pela paralisação das linhas.
No fim da tarde desta terça-feira, 30, Prefeitura e Sindiônibus anunciaram a retomada das linhas.
Dr. Vicente (PT) culpou os empresários ligados ao Sindiônibus que, segundo ele, surpreenderam a gestão da cidade com a interrupção das vias. “Eles têm (os empresários) um subsídio já bastante elevado, alto, recebem por mês mais de R$ 16 milhões dos cofres públicos e eles querendo fazer acordo e a prefeitura vinha conversando com ele, estava negociando e eles de surpresa param 25 linhas de ônibus, deixando quase 10 mil pessoas sem ter condições de ir para o trabalho, de sair de casa” disse o parlamentar.
E completou dizendo que Evandro Leitão (PT) não iria aceitar o que chamou de “imposições” das empresas do setor: “Mas o prefeito de Fortaleza, a Câmara municipal de Fortaleza não vai aceitar de jeito nenhum está intromissão dos patronais, do sindicato dos patrões parando ônibus porque eles querem mais uma vez aumento de passagem, eles querem mais uma vez subsídio. A maioria do povo ganha um salário mínimo e não tem mais condição de pagar mais um aumento de passagem”.
O vereador Benigno Júnior (Republicanos) classificou a atitude como inaceitável e desumana. “Isso é desumano, e essa Casa não pode aceitar esse tipo de atitude. Não podemos aceitar sem diálogo, sem informar a população, sem ouvir os técnicos da Etufor”, declarou. Para ele, qualquer negociação com o setor precisa ter como prioridade a transparência com os usuários.
Ainda segundo Benigno Júnior, a relação entre a gestão e os empresários deve ser contínua, mas não pode deixar de lado a população. “O diálogo com setor empresarial tem que ter clareza e tem que ser contínuo, mas tem que ser com lealdade para com as pessoas”, reforçou. Ele defendeu que decisões que afetam diretamente o transporte coletivo sejam tomadas de forma participativa.
Aglaylson (PT) também criticou a forma como a paralisação foi conduzida, sem aviso prévio. “Simplesmente de maneira unilateral o Sindiônibus decide de maneira unilateral sem comunicar à Prefeitura, sem comunicar à Etufor, pegando nosso povo de surpresa”, disse.
O parlamentar lembrou que, no ano passado, os repasses financeiros foram significativos. “Não é por falta de dinheiro, não é por falta de negociação, ano passado foram repassados R$ 190 milhões de reais em 2024. Por parte da Prefeitura R$ 130 milhões e pelo Governo do Estado, R$ 54 milhões”, destacou.
Já o vereador Adail Júnior (PDT) classificou a decisão do Sindiônibus como “uma ação covarde, ambiciosa e maldosa”. Ele afirmou que o ato ocorreu de forma desrespeitosa, inclusive porque havia reunião marcada com a gestão municipal para tratar do tema. “Essa ação covarde, ambiciosa, maldosa, que o Sindiônibus impôs com uma agenda marcada para às 11 horas com a gestão municipal, isso é um absurdo”, declarou.
Outros parlamentares também se manifestaram durante a sessão, entre eles Aguiar Toba e Bruno Mesquita, que reforçaram as críticas ao Sindiônibus e defenderam maior diálogo com a gestão municipal. Eles ressaltaram a necessidade de preservar o direito de locomoção da população e pediram que o Legislativo acompanhe de perto as negociações para evitar novas paralisações repentinas.