Guerra da Ucrânia: comandante militar admite fracasso de contraofensiva
Uso de tecnologia avançada é o principal tema apontado pelo general. Ele teme derrota se país não receber novo armamentoCinco meses depois de ser lançada, a contraofensiva da Ucrânia contra a ocupação russa fracassou no objetivo central. A informação dada pelo comandante das Forças Armadas do país, general Valeri Zalujni, consta em artigo publicado na revista britânica The Economist. A situação coloca em dúvida a eficiência do apoio dado pelo Ocidente.
"Assim como na Primeira Mundial, chegamos a um ponto em que a tecnologia nos colocou em um impasse. Provavelmente não haverá nenhum avanço profundo e bonito", diz.
É + que streaming. É arte, cultura e história.
A problemática já era relatada há meses pela avaliação ucraniana. As defesas russas ao longo dos pontos estratégicos no sul e leste do país se mostraram mais poderosas do que o previsto.
A utilização de novos sistemas pela Aliança Militar Ocidental (Otan), como tanques Leopard-2, também não foi decisiva. De acordo com Zalujni, houve dificuldade de adaptação ao uso.
"Se você olhar os manuais da Otan e a matemática que fizemos [planejando a contraofensiva], quatro meses deveriam ser tempo suficiente para nós termos alcançado a Crimeia, lutado na Crimeia, retornado da Crimeia e ter ido e voltado de novo", afirma.
Leia mais
O general afirma, ainda, que os avanços tecnológicos militares "colocaram nós e nossos inimigos em estupor", afirmando que o conflito se inclina para uma fase de atrito que beneficia a Rússia. Além do mais, admite que Putin tem farta mão de obra e disposição para aceitar baixas.
"Esse foi um erro meu. A Rússia perdeu ao menos 150 mil soldados mortos. Em qualquer outro país, tais baixas teriam parado a guerra. Vamos ser honestos: é um Estado feudal no qual o recurso mais barato é a vida humana", reconhece.
Para o comandante, a Rússia continua com grande superioridade de armas e munições, avistando uma campanha de bombardeio contra o sistema de energia da Ucrânia durante o inverno que chega na Europa.
Apesar da produção militar da Otan estar em alta, ele analisa que pode levar um ou dois anos para fazer efeito na batalha. A própria aliança confirmou que os suprimentos de munição para a artilharia, que Zalujni avaliou como sendo responsáveis por até 80% das operações militares durante a guerra, estão se esgotando.
Diante deste cenário, a guerra de atrito "traz enormes riscos para as Forças Armadas da Ucrânia e para o Estado", os quais podem ser contornados apenas se o Ocidente fornecer rápida superioridade aérea, equipamentos avançados para guerra eletrônica e tecnologia para neutralizar campos minados.
Zalujni acrescentou à lista de necessidades, a melhora na capacidade de mobilização dos ucranianos, fazendo referência às acusações de venda de dispensas do serviço militar que contribuíram na destituição do ministro da Defesa, Oleksii Reznikov.