Quem é Airton Cascavel, ouvido na CPI da Covid na quinta-feira, 5
A comissão investiga qual o papel do empresário, tido por governadores e prefeitos como "ministro de fato".
A CPI da Covid recebeu na quinta-feira, 5, o empresário Airton Antonio Soligo, conhecido como Airton Cascavel. Apontado como braço direito de Eduardo Pazuello durante a sua gestão à frente do Ministério da Saúde, a comissão investiga qual o papel do empresário, tido por governadores e prefeitos como “ministro de fato”.
Homem de confiança de Pazuello, Cascavel teria atuado informalmente durante meses no Ministério da Saúde, sem ter qualquer vínculo com o setor público, até ser nomeado como assessor especial em junho do ano passado. Segundo a CPI, a nomeação foi assinada logo que descoberta a informalidade. A atuação do empresário na pasta, no entanto, intriga os membros da comissão.
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O requerimento de convocação de Cascavel foi apresentado pelo vice-presidente da CPI, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP). “Durante a gestão Pazuello, da qual o senhor Airton Antonio Soligo teve papel preponderante, o Brasil presenciou o colapso dos sistemas de saúde pelo país”, apontou. Segundo a CPI, o empresário participou de agendas públicas e reuniões com o ex-ministro da Saúde. Na pasta, esteve até o dia 24 de março.
Uma reportagem da revista Veja, publicada no dia 19 de março deste ano, identificou Cascavel como um articulador de “maior parte das pendências burocráticas e demandas logísticas com os estados e municípios, como entrega de respiradores, lotes de vacina, equipamentos para leitos de UTI, negociações com laboratórios”.
Sobre a atuação do empresário nos bastidores, a publicação conta ainda que Cascavel foi responsável por resolver, em dezembro de 2020, “um imbróglio entre o Ministério da Saúde e o Instituto Butantan na compra e distribuição da CoronaVac”. Na ocasião, Cascavel teria viajado a São Paulo para destravar a negociação com o presidente do Instituto, Dimas Covas.
O texto lembra também que foi o empresário quem deu a notícia do primeiro lote de 1 milhão de doses de vacina produzidas em território nacional, pela Fiocruz. “Hoje é um dia histórico para o Brasil e os brasileiros. A Fiocruz entrega o seu primeiro lote de 1 milhão de doses, produzidas em território nacional. Essa foi uma aposta do governo há um ano atrás. A partir de agora, serão produzidas aqui no Rio de Janeiro 6 milhões de doses semanais – ou seja, 24 milhões de brasileiros a cada mês serão vacinados com a nossa vacina”, anunciou, em vídeo divulgado no perfil do presidente Jair Bolsonaro no dia em que a reportagem foi ao ar.
Naquele momento, o comando do Ministério passava por uma fase de transição com a saída de Pazuello, que passou o comando da pasta para o atual ministro Marcelo Queiroga. A exoneração do general foi publicada no Diário Oficial da União no dia 23 março, e foi acompanhada pela de Cascavel logo no dia seguinte. Pouco mais de um mês após deixar a pasta, o empresário assumiu a Secretaria de Saúde de Roraima, onde é reconhecido como político e empresário.
No estado, já exerceu mandato de prefeito da cidade de Mucajaí (RR), aos 24 anos, depois deputado estadual, chegando ao posto de presidente da Assembleia de Legislativa de Roraima, vice-governador e, por último, deputado federal, entre os anos de 1999 e 2002.