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Relembre as polêmicas que antecederam a queda de Ricardo Vélez do Ministério da Educação (MEC)

Em pouco mais três meses a frente da pasta, Ricardo colecionou polêmicas e recuos
17:21 | Abr. 08, 2019
Autor Redação O POVO
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Tipo Notícia

Prestes a completar 100 dias a frente do governo, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) comunicou, por meio do Twitter, a demissão do ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez. Esta foi a segunda baixa na administração do pesselista, que já havia dispensado o titular da Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo Bebianno.

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O ex-deputado agradeceu os serviços prestados por Vélez e indicou o professor universitário Abraham Weintraub para ocupar o cargo, no lugar do colombiano naturalizado brasileiro. Em pouco mais três meses à frente da pasta, Ricardo colecionou polêmicas e recuos, que foram desde a negação sobre a ditadura militar no Brasil, passando pela proposta de revisão dos livros didáticos, até a solicitação de que crianças fossem filmadas cantando o Hino Nacional nas escolas públicas e particulares do País.

Livros com erros e sem referências

No segundo dia de governo, foi publicado edital que regula a compra de livros didáticos a exigência de que elas tivessem referências bibliográficas. As regras também tinham deixado de proibir publicidade e erros de revisão e impressão nos livros. Na semana seguinte, o edital foi revisto.

Golpe militar e revisão dos livros de didáticos

Em entrevista a Valor Econômico, Ricardo vélez disse que não houve golpe militar em 31 de março de 1964, mas uma decisão “soberana da sociedade brasileira”. Ele acrescentou que o regime que sucedeu aquela data e perdurou por 21 anos não foi uma ditadura.

Além disso, o ex-ministro anunciou que os livros didáticos passariam por uma revisão, para que "as crianças possam ter a ideia verídica, real", do que foi a história. Ele ressaltou que aconteceriam mudanças progressivas para que fosse resgatado uma versão "mais ampla" da história.

"Universidade para todos não existe"

Estudando mudanças pontuais na reforma do ensino médio, aprovado durante o governo do ex-presidente Michel Temer (MDB), Vélez disse a Valor Econômico que "a ideia de universidade para todos não existe" e que ela deveria ficar reservada para uma "elite intelectual".

Embora planejasse algumas alterações, o Ministério da Educação (MEC) compartilhava da ideia de tornar o ensino mais técnico, para inserir com mais rapidez o jovem no mercado de trabalho.

A declaração gerou diversas críticas, principalmente nas redes sociais. Em vídeo publicado no Twitter, o professor disse que era necessário um ensino básico de qualidade para disponibilizar o ensino superior as pessoas, mas reiterou que do "ponto de vista da capacidade" a universidade “não era para todos”.

"Brasileiro viajando é um canibal"

Em fevereiro de 2019, Ricardo Vélez foi notificado a prestar esclarecimentos ao Supremo Tribunal Federal (STF). O motivo, as declarações dadas à revista Veja, em que ele afirmou que o "brasileiro viajando é um canibal".

"Rouba coisas dos hotéis, rouba assentos salva-vidas do avião; ele acha que sai de casa e pode carregar tudo. Esse é o tipo de coisa que que tem de ser revestido na escola", disse o professor durante a entrevista.

Em documento enviado ao STF, Vélez disse ter sido "infeliz" nas declarações dadas a Veja. Em sua conta do Twitter, ele disse “amar o Brasil” e que as sua palavras foram colocadas "fora de contexto" pela revista.

MEC pede que crianças sejam filmadas cantando hino nacional

Carta enviada pelo MEC a escolas do País pedia que crianças ficassem perfiladas para cantar o hino nacional, que o momento fosse gravado e enviado ao Governo. Além disso, o e-mail enviado às instituições olicitava ainda que fosse lida para elas um carta do ex-ministro, que terminava com o slogan de campanha de Jair Bolsonaro, dizendo: "Brasil acima de tudo. Deus acima de todos".

O diretor da Associação Brasileira de Escolas Particulares (Abepar), Arthur Fonseca Filho, disse que o pedido era "ilegal" e o MEC “não tem competência para pedir nada disso às escolas".

Ricardo Vélez revisou o conteúdo da carta e considerou como “um equívoco” o trecho em que utiliza o slogan da campanha de presidente.

Demissões

Poucos dias após começo do mandato de Jair Bolsonaro, Vélez exonerou o chefe do Fundo Nacional para o Desenvolvimento da Educação (FNDE), Rogério Fernando Lot, e outros nove comissionados da autarquia. A decisão aconteceu um dia após a pasta iniciar conversas informais para descobrir como ocorreram alterações no edital para os livros didáticos.

Segundo a edição do edital, que foi anulada pelo governo, não seria mais necessário que os materiais didáticos tivessem referências bibliográficas e também havia sido retirado o item que impedia publicidade e erros de revisão e impressão.

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