Entenda o megaprojeto de Trump, estopim de crise com Elon Musk e aprovado no Senado

Entenda o megaprojeto de Trump, estopim de crise com Elon Musk e aprovado no Senado

Pacote com cortes de impostos, alta de gastos militares, retirada de incentivos à energia limpa e aumento do teto da dívida pública foi aprovado por um voto no Senado e enfrentará desafio na Câmara

O Senado dos Estados Unidos aprovou na terça-feira (1º/7) o megapacote orçamentário proposto pelo presidente Donald Trump. Votado por margem estreita, o projeto prevê cortes fiscais, aumento do teto da dívida, expansão nos gastos com defesa e mudanças em políticas de energia e assistência social. O texto ainda será analisado pela Câmara.

A medida foi o estopim público do rompimento entre Trump e o magnata Elon Musk, que deixou o governo no fim de maio. No dia em que o Senado aprovou o projeto, o presidente não descartou deportar o bilionário. Ao ser questionado sobre o assunto por jornalistas, ele disse que a questão teria de ser analisada.

É + que streaming. É arte, cultura e história.

+ filmes, séries e documentários

+ reportagens interativas

+ colunistas exclusivos

Denominada por Trump de “One Big Beautiful Bill Act” (OBBBA), a proposta é considerada central na estratégia do governo Trump para consolidar a base política antes das eleições de meio de mandato. O presidente pretende sancionar a medida até 4 de julho, em alusão ao feriado da Independência. O projeto foi aprovado no Senado por 51 votos a 50, com desempate do vice-presidente JD Vance, que preside o Senado.

Entre os principais pontos está a manutenção de cortes tributários introduzidos em 2017, agora ampliados para incluir rendimentos de gorjetas e horas extras. A medida é vista por aliados como forma de estimular o consumo interno e a produtividade da força de trabalho americana em setores de menor renda.

O pacote também eleva em US$ 5 trilhões o teto da dívida pública dos EUA. Essa expansão abre espaço fiscal para novos gastos, principalmente em defesa, segurança de fronteira e infraestrutura. No entanto, críticos apontam riscos de descontrole fiscal e pressões sobre o sistema financeiro.

Um dos pontos mais controversos da proposta é a retirada de incentivos a fontes renováveis de energia. Foram eliminados créditos para veículos elétricos, painéis solares e turbinas eólicas. Segundo a Casa Branca, o foco agora será em energia nuclear e combustíveis fósseis de “alto desempenho”.

Na área social, o plano inclui cortes de aproximadamente US$ 930 bilhões em programas como o Medicaid e o SNAP, que subsidiam atendimento médico e alimentação para populações vulneráveis. Tais mudanças geraram forte resistência de grupos democratas e parte do eleitorado moderado.

Para garantir apoio de alas republicanas mais céticas, o governo incluiu emendas como a destinação de US$ 50 bilhões para hospitais rurais. A medida foi decisiva para conquistar o voto da senadora Susan Collins, que vinha se mostrando resistente ao texto original.

Mesmo entre os republicanos, a proposta não teve consenso. Três senadores da base governista — Rand Paul, Thom Tillis e a própria Collins — votaram contra. Paul criticou o aumento do endividamento, enquanto Tillis demonstrou preocupação com os cortes em benefícios sociais.

Na Câmara dos Representantes, o texto enfrentará novas barreiras. Embora os republicanos detenham maioria, há divisões entre moderados e membros da ala mais conservadora. Parte deles exige ainda mais cortes em agências federais e uma política fiscal mais rígida.

Analistas do Congressional Budget Office (CBO) estimam que a aprovação final da medida poderá adicionar cerca de US$ 3,3 trilhões à dívida americana na próxima década. Essa projeção levanta preocupações entre investidores internacionais e agências de classificação de risco.

Apesar das críticas, Trump celebrou o avanço da proposta como uma vitória política. Em postagem na rede Truth Social, ele declarou que o pacote representa “o maior corte de impostos e o maior investimento em segurança da história americana”.

Lideranças democratas, por sua vez, reagiram com veemência. A senadora Elizabeth Warren afirmou que o pacote “pune os pobres e premia os ricos”, e que os cortes sociais aprofundam desigualdades regionais. Já Bernie Sanders classificou o projeto como “um ataque aos direitos civis do século XXI”.

Internacionalmente, o plano atrai atenção. Governos aliados temem o impacto de eventuais desacelerações na economia americana. Já investidores monitoram possíveis efeitos sobre juros, inflação e o dólar, caso o endividamento cresça acima do previsto.

O projeto, caso aprovado integralmente pela Câmara, deve substituir por completo a estrutura orçamentária vigente, afetando áreas como saúde, educação, meio ambiente e relações exteriores. A proposta ainda pode sofrer alterações no Congresso.

Trump e seus aliados tratam o OBBBA como símbolo de força política e tentativa de romper com modelos tradicionais de orçamento. Ainda assim, o futuro do texto dependerá da articulação republicana na Câmara e da disposição do eleitorado diante de seus efeitos práticos.

As polêmicas de Trump e Musk

O magnata Elon Musk se manifestou diversas vezes contra o projeto orçamentário aprovado no Senado. Segundo ele, o pacote representa um risco fiscal “sem precedentes” e poderá prejudicar a inovação e a competitividade tecnológica dos Estados Unidos.

Musk também criticou a retirada de subsídios à energia renovável, chamando a medida de “anticientífica” e contrária aos esforços globais de combate às mudanças climáticas. Ele afirmou que a decisão irá “asfixiar” o setor de veículos elétricos no país.

Por meio da plataforma X (antigo Twitter), o bilionário alertou que poderá financiar pré-candidaturas contra parlamentares que votaram a favor do texto. Ele sugeriu, inclusive, a criação de um novo partido para concorrer com republicanos que, segundo ele, “traíram o futuro”.

Trump respondeu às críticas em tom agressivo. Disse que Musk “se beneficiou mais de subsídios federais do que qualquer cidadão americano” e ameaçou rever contratos da Tesla e da SpaceX com o governo, usando a recém-criada agência DOGE como instrumento de controle.

A troca de ataques entre os dois escancarou um racha dentro da direita americana. Enquanto Musk defende uma agenda libertária com foco ambiental e tecnológico, Trump busca consolidar uma política de industrialização tradicional e redução do papel estatal em certas áreas.

A tensão teve impacto direto no mercado financeiro. As ações da Tesla registraram queda de cerca de 6% após os comentários de Trump. Analistas temem que o conflito se transforme em guerra regulatória entre o Executivo e empresas estratégicas do setor privado.

Dúvidas, Críticas e Sugestões? Fale com a gente

Tags

Os cookies nos ajudam a administrar este site. Ao usar nosso site, você concorda com nosso uso de cookies. Política de privacidade

Aceitar