Ecobarreiras começam a ser instaladas no Rio Maranguapinho para reter lixo

Ecobarreiras começam a ser instaladas no Rio Maranguapinho para reter lixo

A primeira etapa do projeto foi realizada no Parque Rachel de Queiroz com a instalação de quatro ecobarreiras neste sábado, 12

Fortaleza deu início à instalação de oito ecobarreiras no Rio Maranguapinho. A primeira etapa do projeto, realizada na manhã deste sábado, 12, foi com a instalação de quatro ecobarreiras no Parque Rachel de Queiroz 1 e 2, no bairro Presidente Kennedy.

As estruturas têm como objetivo reduzir a poluição dos corpos d'água e prevenir que grandes volumes de resíduos cheguem aos oceanos, onde causam danos ambientais graves.

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Na próxima semana, serão instaladas mais quatro ecobarreiras: duas no bairro Conjunto Ceará e duas no Bom Jardim, áreas também cortadas pelo Rio Maranguapinho. Com a instalação das oito estruturas, a expectativa é recolher de 250 a 300 toneladas de resíduos por ano.

As ecobarreiras são estruturas flutuantes feitas de materiais reciclados, como plásticos e redes, instaladas em rios e córregos para capturar o lixo flutuante. A instalação dos equipamentos faz parte do projeto Kite for the Ocean, uma iniciativa do Winds for Future, organização não governamental.

Segundo André Comaru, diretor de Sustentabilidade do Kite for the Ocean, os locais foram selecionados priorizando áreas de alta densidade populacional, baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e problemas com o descarte inadequado de resíduos.

“Estima-se que 80% do lixo plástico encontrado no oceano tenha origem urbana, ou seja, das cidades. Focaremos especialmente em trechos do Rio Ceará, sendo o Rio Maranguapinho seu maior afluente. O Rio Ceará corta Fortaleza e Caucaia e, infelizmente, está entre os mil rios mais poluídos do mundo em termos de descarte de lixo no oceano. Nosso objetivo é justamente retirar esse rio dessa lista”, explica.

Segundo o diretor, as ecobarreiras funcionarão 24 horas por dia, sete dias por semana, com uma equipe de operação responsável pela manutenção em dias úteis. Quando uma ecobarreira atinge sua capacidade de retenção de lixo, ela é desarmada, e uma segunda ecobarreira, localizada logo atrás, assume a função de reter o resíduo enquanto a manutenção é realizada.

Após a retenção dos resíduos, a instituição, em colaboração com equipes da Prefeitura, realizará a coleta, análise gravimétrica, separação e destinação correta dos materiais. Todo o plástico reciclável deverá ser recolhido e doado para catadores das regiões onde as ecobarreiras serão instaladas. O material que não puder ser reciclado será encaminhado a um aterro sanitário.

O Kite for the Ocean já possui uma ecobarreira instalada no Rio Ceará em Caucaia. Segundo a organização, desde o início de 2025, o equipamento já evitou que mais de 50 toneladas de lixo chegassem ao oceano.

Na manhã deste sábado, o nível do Rio Maranguapinho estava baixo, revelando, apesar da água escura, uma grande quantidade de lixo flutuando em seu leito e na superfície, como sacolas plásticas, garrafas pet, entre outros.

Luciano Assunção Alves, 63, mora nas proximidades do Parque Rachel de Queiroz. Ele observa que esse cenário de poluição é recorrente no local. Segundo ele, a instalação da nova ecobarreira também pode funcionar como um instrumento educativo para os visitantes.

“Com mais educação, as pessoas não jogam mais. Aqui mesmo, no parque, há diversos animais, muitas aves que são prejudicadas por esses resíduos. Se todo mundo cuidasse da natureza, a cidade seria ainda mais bela”.

Taiki Nunes, de sete anos, foi uma das crianças que, durante a manhã, também assistiu de perto a instalação da ecobarreira e pôde aprender mais sobre a preservação dos oceanos. “Não sabia que era tão grande, essa que vai no rio todinho! Tomara que melhore, porque o rio está muito sujo. Tirar as toneladas de lixo vai ajudar bastante”, comenta.

Na ocasião, além da instalação das ecobarreiras, foi assinado um Termo de Cooperação Técnica, que firma a parceria entre o IW4F e a Prefeitura de Fortaleza, por meio do Instituto de Pesquisa e Planejamento de Fortaleza (Ipplan), das secretarias de Conservação e Serviços Públicos (SCSP) e de Urbanismo e Meio Ambiente (Seuma), e da Agência de Desenvolvimento da Economia do Mar (Ademfor).

A Prefeitura agora ficará responsável por ações de educação ambiental e descarte seguro de resíduos no Parque Rachel de Queiroz.

O secretário Artur Bruno, do Instituto de Pesquisa e Planejamento de Fortaleza (Ipplan), afirmou que a gestão municipal estuda expandir o modelo de ecobarreiras para outras bacias hidrográficas da cidade.

“Fortaleza tem três grandes bacias, dos rios Ceará, do Cocó e do Pacoti, que fica na fronteira com Aquiraz. Tudo o que vem dessas regiões acaba indo parar no mar. Vamos acompanhar de perto os resultados e, se o projeto continuar dando certo, a ideia é replicá-lo para outras áreas da cidade”, destacou.

Descarte irregular de esgoto

Outro grande desafio em Fortaleza é o descarte inadequado de esgoto e resíduos líquidos nos corpos d'água, que ocorrem, muitas vezes, por ligações clandestinas.

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Questionado sobre as medidas para conter essa problemática, João Vicente, secretário de Urbanismo e Meio Ambiente (Seuma) explicou que a pasta irá mapear esses locais de descarte ilegal, por meio de um acordo de cooperação técnica com a UFC. "Esse mapeamento também envolve a análise dos recursos hídricos, para que possamos identificar os pontos críticos ao longo do trajeto do rio", afirmou.

Sobre prazos, ele informou que as primeiras atividades já estão programadas. "Já estamos alinhando o início das atividades, com foco na análise dos ecossistemas. A previsão é que as primeiras reuniões aconteçam a partir de agosto", afirmou.

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