Praia de Iracema segue com mancha no mar, mau cheiro e trecho impróprio para banho

Área conhecida como Praia dos Crush, próximo ao espigão da rua João Cordeiro, está há quase um mês imprópria para banho

Há quase um mês imprópria para banho, a Praia dos Crush tinha movimentação de banhistas praticamente normal neste fim de semana. De acordo com os boletins de balneabilidade da Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace), porém, desde o dia 23 de outubro este trecho da Praia de Iracema não atende a critérios para as águas serem consideradas seguras para banhistas.

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Por volta das 9 horas desse sábado, a professora Ana Mara de Morais, 53, foi ao local, mas desistiu de tomar banho de mar. “Chegando aqui eu me deparo com esse mau cheiro, cheiro de esgoto. E no mar não dá para tomar banho, não sei o que é, mas tem uma mancha escura”, disse.

Um vendedor de coco que não quis se identificar afirma que o mau cheiro de esgoto afeta as vendas. O odor é pior no início das manhãs, segundo ele. O comerciante relatou que banhistas reclamam do calor e de não poder entrar no mar para se refrescar. (Com informações de Jullie Vieira, da Rádio O POVO CBN)

Esgoto na Praia de Iracema é registrado desde outubro

Comerciantes e banhistas da região denunciam a poluição das águas da Praia de Iracema por esgoto desde outubro.

No início de novembro, a Prefeitura de Fortaleza realizou ações de limpeza no local. Segundo o município, 80 mil litros de água suja foram retirados do mar. Também foi realizada a retirada de areia escura, terraplanagem e drenagem da água empoçada.

A Secretaria Municipal de Urbanismo e Meio Ambiente (Seuma) chegou a divulgar um relatório mostrando ligações clandestinas de esgoto na rede de galerias pluviais da Capital. A Pasta afirma que há 300 ligações do tipo, o que estaria prejudicando a balneabilidade da orla fortalezense.

Os responsáveis por tais ligações, de acordo com a Secretaria Municipal de Urbanismo e Meio Ambiente (Seuma), serão notificados e multados. O trabalho de notificação será realizado pela Agência de Fiscalização de Fortaleza (Agefis).

O órgão explica que as multas variam de R$ 303,75 a R$ 4.050 para pessoas físicas e podem chegar a R$ 48.600 para empresas (pessoas jurídicas). Além das multas, será estipulado um prazo para que a situação seja regularizada. Caso não ocorra, a suspensão total ou parcial do serviço, por meio da vedação da saída do esgoto, pode ser adotada.

A Seuma e a Agefis foram questionadas sobre quando começará o processo de notificações e quanto tempo os responsáveis pelas ligações irregulares terão para corrigir o problema, mas não responderam. A matéria será atualizada quando a demanda for respondida.O monitoramento das galerias pluviais é feito por meio de um robô com câmera acoplada, por meio do contrato com a empresa Norbrasil Saneamento Ambiental.

Segundo Luciana Lobo, titular da Seuma, o contrato prevê o monitoramento de 180 quilômetros de galerias até dezembro de 2023. 

A secretária conta que o videomonitoramento ajudou a identificar e retirar mais de 500 toneladas de resíduos que obstruem as galerias. Dentre os resíduos coletados, foram encontrados restos de móveis variados, sofás, lixo doméstico e até mesmo um caixão. Os objetos acabam sendo carregados pela chuva para as galerias.“Também temos a produção contínua de relatórios dessas interligações”, afirma Luciana.

Segundo ela, por meio desse monitoramento também foram identificadas ligações irregulares da Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece). Um relatório divulgado no domingo, 5, mostrou a existência de 26 ligações de esgoto na rede de drenagem do Poço da Draga até o Riacho Maceió, no Mucuripe, que seriam oriundas da Cagece.

Luciana afirma que existem “padrões específicos” dos canos irregulares capazes de serem identificados pela equipe técnica. Uma maior espessura da tubulação, por exemplo, é uma das indicações que a ligação pode ser da Cagece. Ela conta que ainda ocorrem situações de extravasamento da rede de esgoto para a rede de drenagem.

Questionada sobre o relatório, a companhia afirmou não ter recebido o material da Prefeitura. “Tão logo o documento seja enviado oficialmente para a companhia, o mesmo será avaliado e a Cagece irá se pronunciar sobre o caso”, informou por meio de nota.

Após a ocorrência de esgoto na orla de Fortaleza, o prefeito José Sarto (PDT) culpou a Cagece pelas ligações clandestinas. A companhia negou a responsabilidade e disse, por meio de nota, que o problema não tem relação com o sistema de esgotamento sanitário da Cagece.

Poluição na rede de drenagem da Capital

Marco Aurélio Holanda de Castro, professor do Departamento de Engenharia Hidráulica e Ambiental da Universidade Federal do Ceará (UFC), explica que a poluição da rede de drenagem contamina a água do mar com carga orgânica e agentes patógenos, que podem causar doenças. Além disso, a balneabilidade é prejudicada.

Ele afirma que as ligações clandestinas de esgoto não são as únicas responsáveis pela poluição das redes. “Quando ela chega e escorre pelas ruas, ela também é contaminada. Então, não é simplesmente culpar essa ligação clandestina. Os nossos sistemas de limpeza também não são ideais”, diz.

Marco relata que há soluções eficazes implementadas em outras cidades para diminuir a poluição das galerias pluviais, como bocas de lobo inteligentes. Elas contêm uma cesta que consegue barrar os maiores resíduos. “Isso pode e deve ser feito, só que não existe no Ceará e até mesmo no Nordeste no geral”, afirma.

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