Tentativa de chacina no Jangurussu teria sido motivada por disputa de facções

Disputa entre dois grupos rivais teria incitado ação criminosa, que ocorreu no residencial José Euclides, no Grande Jangurussu, em Fortaleza

O ataque que deixou uma mulher morta e outras cinco pessoas feridas durante a madrugada deste domingo, 8, no Grande Jangurussu  em Fortaleza, teria sido causada pela disputa de poder entre duas facções criminosas com atuação no Estado. 

De acordo com uma fonte da comunidade, a maioria das vítimas estava em um bar na rua C, no residencial José Euclides, quando aproximadamente 10 homens armados chegaram ao local e começaram os disparos de armas de fogo. Clientes e pessoas que transitavam na via foram atingidas. O crime ocorreu por volta das 2h da madrugada. 

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O POVO apurou que uma mulher foi socorrida pelos próprios moradores e as outras vítimas foram levadas a hospitais. Pelo menos duas delas foram atingidos com vários tiros. Uma sexta pessoa ferida não teria entrado na contagem, pois foi baleada nos dedos dos pés e não foi até uma unidade de saúde. 

Esse foi o segundo dia de terror para os moradores do Grande Jangurussu no fim de semana. Na madrugada do sábado, 7, um jovem foi morto por volta das 3 horas da madrugada. Esse crime ocorreu na esquina da rua F com a rua D, que fica há aproximadamente 150 metros do local da tentativa de chacina. 

Conforme O POVO apurou, os dois grupos rivais têm atuação nos conjuntos Maria Tomásia e José Euclides. Um dos territórios tem domínio maior de integrantes da facção Massa e o outra da Guardões do Estado (GDE). Nessa disputa, os moradores viram reféns do medo.

"Existe um bosque entre as duas comunidades e esse bosque é abandonado e não tem estrututura e virou uma espécie de Faixa de Gaza, onde os grupos passam por dentro para atacar um ao outro", informou a fonte. 

A fonte ouvida pelo O POVO relata que o bosque, que faz uma divisão das áreas não é cercado, nem iluminado, o que acaba dando guarida para faccionados. 

Sobre a tentativa de chacina, a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Estado (SSPDS) informou que os feridos são homens com idades entre 29 e 39 anos. Uma das cinco pessoas possui antecedente criminal por porte ilegal de arma de fogo, receptação e crime contra a administração pública. As demais, não.

Facções deixam rastro de mortes em residenciais de Fortaleza 

Os residenciais do Grande Jangurussu são amplamente afetados pela violência e tiroteios frequentes. No mês de agosto, O POVO registrou homicídios nos conjuntos José Euclides e Patativa do Assaré. Um deles vitimou um motorista de aplicativo de 28 anos de idade. 

Em setembro, nos primeiros 20 dias,a Área Integrada de Segurança (AIS 3), que compreende entre outros bairros, o Grande Jangurussu, registrou oito homicídios. As pichações que antes faziam referência a GDE deram espaço ao "TDN"  (Tudo Neutro), que se refere a facção Massa, sinalizando ali, o racha que causa as mortes na área. 

Em junho, O POVO fez especial sobre as facções com atuação em Fortaleza. Já a Massa, que se originou em unidades prisionais, foi alvo de grande reportagem para assinantes OP+

O Jangurussu e bairros vizinhos não são os únicos com crimes violentos motivados por essa nova facção criminosa. Essa mesma disputa ocorre na Região Metropolitana, nos municípios de Caucaia e Maracanaú, áreas em que foram registradas chacinas e tentativas de massacres. 

No dia 10 de setembro, criminosos invadiram uma festa rave. Eles mataram três pessoas e deixaram pelo menos dois feridos. A tentativa de chacina tinha um alvo específico, que era Jeferson Brendo Pereira, que teria mudado de uma facção para outra. Na ação criminosa, além de Brendo, uma vendedora de bombons e um estudante, que estavam na festa, foram mortos, vítimas de bala perdida. 

No dia 18 de setembro, mais quatro pessoas foram mortas em um sítio no bairro Mestre Antônio, em Caucaia. Uma mulher foi baleada e outra pessoa conseguiu escapar se escondendo embaixo de uma churrasqueira. No dia 29 do mesmo mês foram cinco pessoas baleadas no bairro Marechal Rondon, em Caucaia. 

No dia 22 de setembro um homem foi morto e três pessoas baleadas em um bar no Conjunto Industrial, no Maracanaú, também na RMF.  Os crimes com múltiplas vítimas têm ocorrido em bares, festas e sítios, com aglomeração de pessoas, e, na maioria dos casos, com vítimas de bala perdida. 

Facção Massa ordenou chacina em 2021 na Sapiranga 

Uma das primeiras chacinas articuladas pela Massa ocorreu no ano de 2021, no Campo do Alecrim, bairro da Sapiranga, em Fortaleza. O crime ocorreu durante a celebração de Natal com seis pessoas mortas e cinco feridos.

O crime foi praticado após racha no Comando Vermelho (CV), que fez com que parte dos integrantes "rasgassem a camisa" da organização criminosa e passassem a se intitular Neutros ou Massa. 

A chacina da Sapiranga foi a sétima ocorrência com mais de três mortos no Ceará no ano de 2021. Ao todo foram 31 vítimas, sendo o ano com mais chacinas desde 2018. 

Em 2022, a facção Massa, criada por dissidentes de outras organizações criminosas, era considerada a maior organização criminosa em Caucaia. Na época também era responsável pela maioria dos homicídios na área. 

 

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