O que se sabe sobre a tentativa de chacina que deixou um morto e dois feridos no Pirambu

Caso pode ter relação com disputa entre facções criminosas. Adolescente apreendido disse à Polícia que ataque no Pirambu foi retaliação a uma ação na Colônia e que procuravam "quem tivesse mais jeito de pilantra"

O horário era de 13h52min no 1º de janeiro, no bairro Pirambu, em Fortaleza, quando um policial militar chegava em uma esquina, na rua Dom Hélio Campos. Uma segunda pessoa o acompanhava e um terceiro homem estava encostado em um poste. Um quarto individuo estava próximo a um veículo, na rua Nossa Senhora das Graças.

Todos foram surpreendidos por dois indivíduos em uma motocicleta que realizaram vários disparos contra eles. O primeiro a cair foi o homem que estava perto do poste, identificado apenas como João Paulo, em seguida cai o PM e o rapaz que o acompanhava. A quarta vítima escapa dos tiros ao se esconder atrás de um carro. Os criminosos atiraram contra quatro pessoas, em uma tentativa de chacina

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Horas depois, o Batalhão de Operações Especiais (Bope) teria conseguido apreender um adolescente de 17 anos suspeito da ação. Ele foi encontrado no bairro Colônia e seria o garupeiro responsável por atirar nas pessoas. A moto usada no crime foi apreendida. O transporte foi roubado um dia antes do ataque e, posteriormente, foi usado na ação criminosa do Pirambu.

O veículo estava com queixa de roubo. O adolescente confessou  o ataque e disse que queria vingar uma ação criminosa que aconteceu na área dele, o bairro Colônia, e procurava "quem tivesse mais cara de pilantra", por isso, dispararam contra o rapaz que estava próximo ao poste. O relato do adolescente mostra que o critério de escolha de quem deveria morrer era a aparência da vítima.

O adolescente apreendido estava na companhia de outro quando foi abordado, no entanto, este segundo foi ouvido e liberado por não ter participação na ação criminosa. A arma usada no crime ainda não foi encontrada. As informações são da Polícia Militar.

Clima é de tensão entre organizações criminosas desde dezembro 

O clima entre as organizações criminosas tem sido de muita tensão, desde a morte de um traficante na Paupina, Grande Messejana, no dia 22 de dezembro. Já no dia 25, em meio a celebração de Natal, seis pessoas foram mortas em uma chacina no bairro Sapiranga. Todos os crimes teriam relação com facções criminosas. Integrantes do Comando Vermelho (CV), que "rasgaram a camisa", ou seja, saíram da organização criminosa, passaram a integrar um grupo denominado "massa" e se mobilizaram para matar integrantes do CV e tomar o território.

Com essas mortes, a situação na Grande Messejana tornou-se tensa. Aproximadamente 12 pessoas foram presas suspeitas de participação nessa chacina, inclusive mandantes e uma base da Polícia Militar foi instalada. Motoristas e entregadores de aplicativo relataram insegurança nas entradas de comunidades. Três entregadores foram mortos em quatro dias, nos bairros do Planalto Ayrton Senna, Conjunto Prefeito José Walter e na Caucaia. 

As disputas entre as facções seguiram. Criminosos ameaçaram acabar com uma festa de Réveillon, que aconteceria no Barroso. Em um vídeo com armas, os indivíduos afirmavam que matariam  o MC Urubuzinho, que viria do Rio de Janeiro para apresentação. A Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) informou que a festa não tinha autorização para acontecer e o evento foi cancelado.

A área do Barroso 2, onde aconteceria a festa, é conhecida pela predominância de outra facção, denominada Guardiões do Estado (GDE). No dia 30, uma festa com o MC Poze, na Praia do Futuro, foi cancelada pela fiscalização. Poze era considerado, em meio a investigações do Rio de Janeiro, como um artista simpatizante do Comando Vermelho. Em Salvador e Manaus as festas de Poze foram canceladas após ameaças de organização criminosas.

Entre o dia 31 e o dia 1º foram pelo menos sete pessoas mortas, todas com características de execução. O atentado no Pirambu foi o que mais chamou atenção. As quatro pessoas que estavam na rua foram alvo, no entanto três foram feridas uma delas morreu. O policial militar foi encaminhado ao Instituto Doutor José Frota (IJF), o João Paulo faleceu e não há informações sobre o terceiro ferido ou sobre a quarta pessoa, que consegue fugir dos tiros.

                                                                                                                                                                                                                                                                                                                 

No dia do ataque no Pirambu, além das duas ocorrências no Pirambu e no Cristo Redentor, houve um homicídio na Granja Lisboa. Segundo moradores, a vítima era um adolescente de 16 anos, que não era envolvido com o crime e havia se mudado recentemente para o bairro. Eles eram da Caucaia. A mãe tentava matricular o filho na escola, mas devido a mudança de bairro estava com dificuldades.

O garoto tinha o desejo de voltar a escola, no entanto teve a vida ceifada quando andava de bicicleta. Na Granja Lisboa, os moradores estão receosos, isso porque há uma ameaça de que a "massa", que é a mesma organização que se denomina "neutra", e realizou a chacina da Sapiranga, também pretendia invadir as comunidades da Granja Lisboa. A motivação do atentado do Pirambu ainda não foi divulgada oficialmente, mas a linha de investigação que seja uma ação de facção é quase uma resposta unânime entre os policiais entrevistados pelo O POVO

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