Centro de Fortaleza registra movimentação intensa no primeiro dia de retomada

Comerciantes vivem a expectativa de dias melhores. Entretanto, o alto fluxo de pessoas no início da retomada econômica preocupa a população

O primeiro dia de reabertura do comércio foi marcado por uma intensa movimentação no Centro de Fortaleza. Durante parte da manhã desta segunda-feira, 12, o fluxo de veículos chegou a ficar congestionado nas ruas que cercam a Praça do Ferreira.

Desde o último sábado, 10, o governador Camilo Santana (PT) anunciou o início da reabertura gradual para esta semana. No Centro, os estabelecimentos podem funcionar entre as 10h e as 16 horas, com limitação de 25% da capacidade de atendimento simultâneo.

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Mesmo com o horário estabelecido pelo decreto, longas filas se formaram em algumas lojas, já que muitas pessoas chegaram ao local antes das 10h.

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"Tá a maior bagunça, eu tenho dinheiro para pagar as coisas e não consigo entrar. Isso só dificulta a vida de todo mundo. Fala que vai abrir, mas tá aí a dificuldade. Isso é horrível, fica o pessoal brigando na fila, é lamentável isso aqui", reclama Tânia Pinheiro, 50, que trabalha com eventos.

Mesmo com um funcionário tentando realocar as pessoas na fila para que o distanciamento social fosse respeitado, a situação não foi controlada.

"A gente veio aqui e é barrado pela loja. Isso poderia ser mais organizado, ter mais gente aqui ajudando. Sempre entra um por um pra não fazer tumulto, porque aqui está tumultuado", reclama Tânia.

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Diante da gravidade da pandemia no Estado, a preocupação com o atual cenário também acompanhava o aposentado Ribamar Mendes.

"Acho que as pessoas não estão respeitando de modo geral. Ontem mesmo no meu bairro, Dias Macedo, tinha muita gente sem máscara, muita gente bebendo. E agora abrem o comércio", relata.

Ribamar teme que a situação venha a piorar nos próximos dias, já que o fluxo de pessoas na rua está maior.

"Tava tudo parado, hoje já tem bem mais gente aqui, já tem muita loja aberta. Na minha opinião ainda não tava na hora, a gente sabe que vai piorar de novo, eu tenho certeza. Eu me preocupo, na minha casa somos um casal de idosos, eu com 78 anos e ela com 72. Eu só venho porque preciso comprar uns remédios", conta

Mesmo diante dos riscos, quem depende das vendas para sobreviver enxerga a retomada com outros olhos.

"A nossa expectativa é de esperança, que a gente possa aproveitar as oportunidades e gerar resultados, movimentar a economia. Essa é a nossa expectativa, a melhor possível", diz Lizandra Gurgel, gerente de uma loja de roupas.

Lizandra buscou apoio na fé para superar as dificuldades durante o tempo em que o comércio esteve parado, e é a favor da retomada de forma responsável.

"Foi desafiador, mas com muita fé em Deus, nós percebemos que a proteção Dele tem nos guardado. Eu acho que tudo tem que ser dentro da segurança, para que se proteja e isole os mais frágeis e que a gente possa trabalhar com toda segurança necessária, dentro dos protocolos, para que sejam equilibrados os cuidados e os resultados da economia", destaca.

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O gerente de uma loja de calçados, Rogério Rodrigues, explica que precisou buscar adaptações para o negócio durante o período de lockdown.

"Esse tempo todo sem vendas tivemos que dar férias a todos os funcionários, já que não tivemos ajuda do governo. A empresa teve que bancar tudo isso, a economia estava parada, principalmente para nós, que dependemos da venda. Desde ontem que a gente estava esperando esse dia. Abrimos com cautela, com máscara e com álcool em gel".

Rodrigues espera que a crise sanitária possa melhorar durante os próximos dias, para que o comércio tenha a normalidade estabelecida.

"Os vendedores estão doidos para trabalhar, porque sem trabalho, não tem comissão. Hoje foi um dia abençoado, apesar de não ser ainda o que a gente esperava, mas é um recomeço. Esperamos que mais para frente possamos receber o povo no horário que a gente costumava a trabalhar, de 8h as 18h", declara.

Acostumado a trabalhar nas ruas do Centro durante os últimos 40 anos, o ambulante Francisco Antônio conta que precisa das vendas para pagar as contas atrasadas.

O movimento aumentou hoje. Esses últimos dias foram complicados, as contas estão atrasadas e não deixam de chegar, mas tenho que correr atrás. Tem dia que eu vendo oito dúzias de panos, tem dia que vendo até dez, mas isso em uma época boa. Conseguia tirar até R$ 100 ou R$ 120. Agora, na pandemia, tá fraco. O pessoal sem dinheiro, tá difícil. Minha expectativa do comércio aberto é que dê para ganhar pelo menos o suficiente para pagar as contas", explica.

Com a intensa movimentação no Centro foi possível observar a falta de cuidados de muitas pessoas que caminhavam pelas ruas. Aglomerações formadas do lado de fora de bancos e cartórios e o uso incorreto da máscara se repetiam pela região.

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Ônibus seguem com aglomerações

O terminal de ônibus localizado no bairro Papicu apresentou uma movimentação tranquila por volta das 9h da manhã, desta segunda-feira, 12. Apesar dos cuidados sanitários adotados pelos fiscais nas plataformas do terminal, dentro de muitos ônibus o isolamento era inexistente.

No último dia 24 de março, o local foi palco de uma manifestação do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários do Estado do Ceará (Sintro). Na ocasião, o fluxo de ônibus no terminal ficou interrompido por duas horas. A categoria pedia prioridade na vacinação, além de melhoria no plano de saúde.

Quase 20 dias após os protestos, o elevado número de pessoas dentro dos coletivos segue gerando aglomerações dentro dos transportes, o que põe em risco a vida de motoristas, cobradores e passageiros.

"Acho que continua do mesmo jeito. Se está lotado hoje, a gente já estava andando em lotação antes. Independente de reabrir ou não o comércio, é a mesma lotação dentro dos coletivos", reclama uma das passageiras que passava pelo terminal.

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