Trabalhadores da construção civil realizam protesto por melhores condições de trabalho durante pandemia

Movimentação é articulada pelo Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Construção Civil da Região Metropolitana de Fortaleza e crítica autorização para setor manter atividades durante lockdown

No primeiro dia de lockdown em Fortaleza, trabalhadores da construção civil realizam protestos pelas ruas da Capital cobrando melhores condições de trabalho durante a pandemia. Movimentação é articulada pelo Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Construção Civil da Região Metropolitana de Fortaleza (STICCRMF) e critica autorização para setor manter atividades durante a suspensão de serviços não essenciais na Cidade, frente ao aumento da disseminação da Covid-19.

A manifestação teve início na manhã desta sexta-feira, 5, e seguirá até o início da tarde, passando pelas principais grandes obras em andamento na Capital. O ato começou seu percurso no bairro Presidente Kennedy, se deslocou para a avenida Beira Mar e então ocupou a Praça Portugal por volta das 10h da manhã. "Vamos seguir para até depois do palácio do governo estadual. Vamos passar por todos os grandes canteiros de obra para tentar sensibilizar a categoria sobre a importância desse ato para vida", completou Francisco Roberto, secretário de finanças do sindicato. 

Confira fotos e vídeos do protesto realizado por trabalhadores da construção civil em Fortaleza neste primeiro dia de lockdown na Capital


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“Não dá para gente voltar ao trabalho, botar a economia para andar enquanto a grande maioria de nós trabalhadores está se contaminando, estamos morrendo”, frisa o membro do sindicato que organizou o protesto. Ele pondera que, de acordo com levantamento feito pela entidade, cerca de 150 trabalhadores da construção civil na Região Metropolitana de Fortaleza morreram vítimas da Covid-19.

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Ocupando a frente dos canteiros de obras com carros de som e um porta-voz, o sindicato tece criticas a política de vacinação implementada, que não elege os trabalhadores do setor em nenhum dos grupos prioritários para receber o imunizante. "Somos muitos e construímos a riqueza desse país, nós não podemos nos dar ao luxo de sermos uma categoria essencial para produzir a riqueza, mas na hora de receber a vacina, somos os últimos. Queremos a vacina já!", pondera a mensagem divulgada durante o protesto.

O STICCRMF criticou ainda a lentidão do governo federal na aquisição de vacinas e ponderou ser necessário a união da categoria e dos demais cidadãos para pressionar as entidades governamentais para acelerar o processo de imunização no Brasil. "Vacina já e Fora Bolsonaro", completa a mensagem divulgada durante os protestos.

“A situação não tá fácil. Sem falar na grande maioria que tá se contaminando nas obras e contaminando a família em casa”, desabafa. Francisco detalha ainda que o protesto busca cobrar ações mais efetivas das construtoras com relação à implementação de medidas preventivas e de proteção para os funcionários da categoria.

O desejo dos trabalhadores, segundo Francisco é “voltar ao trabalho e voltar a mover a economia, mas com segurança e com garantia”. Ele pondera ainda que o sindicato tem mantido uma articulação com a parte patronal pedindo a distribuição recorrente de máscaras, kits de proteção, álcool em gel para que os trabalhadores possam ter meios para evitar a contaminação pela Covid-19.

“E mais, caso algum trabalhador seja infectado, queremos que não seja descontado nenhum centavo dos trabalhadores, porque a culpa não é deles”, frisa ao destacar a seguridade financeira e social como parte das reivindicações da categoria.

O POVO buscou contato com o Sindicato da Indústria da Construção Civil do Ceará (Sinduscon-CE) para questionar sobre as reivindicações dos trabalhadores. Em nota, o sindicato patronal pontuou que cumpre “rigorosamente” todas as orientações das entidades de saúde com relação a medidas protetivas contra a Covid-19, bem como as recomendações do decreto de isolamento em vigor.

O distanciamento social, o uso de máscaras e a disponibilização de água, sabão e álcool em gel para higienização das mãos estão dentre as ações adotadas em todos os canteiros de obra, segundo o Sinduscon. Entidade declarou manter “a segurança e saúde de nossos trabalhadores acima de qualquer questão, sempre respeitando a legislação e os protocolos vigentes”.

Diante das críticas feitas pelos trabalhadores, o sindicato empresarial do segmento ponderou monitorar através de pesquisa interna os casos de covid-19 nos canteiros de obras, como forma de garantir a segurança dos funcionários. Dentre 6946 trabalhadores, de 98 canteiros ativos em Fortaleza, o Sinduscon identificou que, entre julho do ano passado e 10 de fevereiro deste ano, 320 foram diagnosticados com Covid-19 e que na Capital, apenas um morreu devido a doença. 


Com informações do repórter Ítalo Cosme

Lockdown em Fortaleza

Fortaleza entrou em 14 dias de lockdown a partir de sexta-feira, 5 de março (05/03). Na quinta, 4, o decreto com as regras sobre o que funciona na Cidade foi divulgado. O isolamento social rígido vale a partir de sexta-feira, 5 de março (05/03) até 18 de março (18/03).

Veja as regras para as várias atividades:

Entenda o novo lockdown decretado em Fortaleza

O lockdown em Fortaleza começa a partir da meia-noite (0 hora) de sexta-feira, 5. É a segunda vez que o confinamento é adotado na capital cearense. A medida foi anunciada na noite de quarta-feira, 4, em pronunciamento nas redes sociais, pelo governador Camilo Santana (PT) ao lado de José Sarto (PDT), prefeito da cidade, e do secretário da Saúde do Estado, Dr. Cabeto.

No novo decreto, os setores da indústria e da construção civil foram considerados essenciais pelo Governo do Estado e, portanto, não devem ter as atividades interrompidas. Durante o período, a serem mantidas as regras anteriores, academias e igrejas não podem abrir ao público. Serviços e estabelecimentos poderão funcionar desde que exclusivamente por serviço de entrega, inclusive por aplicativo.

A medida ocorre após a imposição de dois toques de recolher. O primeiro limitou a circulação entre 22h e 5 h em todo o Estado. Depois, as autoridades estaduais ampliaram a restrição para o período de 20h às 5h, durante a semana. Aos fins de semana, a proibição começava mais cedo.

Apesar do lockdown em Fortaleza, também adotado por outros municípios, todo o Estado segue sob o decreto que impõe toque de recolher, reduz o horário de funcionamento de estabelecimentos e limita a circulação nos espaços públicos.

Vídeos sobre o lockdown em Fortaleza

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