Tilly Norwood: a atriz criada por IA que está revoltando Hollywood
Tilly Norwood, foi feita por IA para ser uma grande figura em produções audiovisuais. Confira a repercussão e reação do público em Hollywood
Tilly Norwood é uma atriz gerada por inteligência artificial, cuja estreia pública em 2025 provocou intenso debate na comunidade cinematográfica.
Criada pelo estúdio Xicoia, braço de IA da empresa Particle6, liderada pela atriz e produtora holandesa Eline Van der Velden; Norwood combina algoritmos e supervisão humana para formar uma presença digital que se comporta como celebridade.
Tilly Norwood: origem e concepção da IA
O projeto Xicoia foi oficialmente apresentado em 27 de setembro de 2025 durante a Cúpula de Zurique, evento paralelo ao Festival de Cinema de Zurique, onde Norwood foi exibida como uma nova forma de talento artificial.
A intenção declarada é transformá-la em uma “próxima Scarlett Johansson ou Natalie Portman”, segundo Van der Velden em discurso.
Na concepção, Tilly não é apenas uma “cara bonita”: recebe um histórico fictício, personalidade própria, envolvimento em redes sociais e “testes de cena” para construir uma narrativa envolvente.
Seu modelo de funcionamento mescla automação e intervenção humana, com roteiros e direcionamentos criativos de profissionais de cinema e entretenimento.
Até setembro de 2025, a conta de Tilly no Instagram alcançava cerca de 36 mil seguidores, com postagens que simulam hábitos humanos: fotos em cafés, testes de figurino, anúncios de cena e bastidores fictícios.
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Tilly Norwood: reação na indústria cinematográfica
A revelação de Tilly Norwood gerou forte reação, principalmente por parte dos sindicatos de atores nos EUA.
O SAG-AFTRA (Federação Americana de Artistas de Televisão e Rádio, em português) emitiu declaração afirmando que a criatividade deve permanecer centrada no humano e condenou o uso de personagens sintéticos treinados a partir do trabalho de artistas reais sem permissão ou remuneração.
Para o sindicato, Tilly não é atriz, mas um programa computacional que carece de experiência vivida, emoção e conexão artística genuína.
Diversos atores e atrizes se manifestaram criticamente. Emily Blunt descreveu como assustador o fato de uma figura digital poder ser apresentada como atriz. Natasha Lyonne, Whoopi Goldberg e outros profissionais afirmaram que qualquer agência que representasse Tilly deveria ser boicotada.
A agência Gersh, uma das mais conhecidas de Hollywood, já declarou que não pretende representar a personagem digital.
Especialistas em tecnologia e mídia também manifestaram ceticismo. Yves Bergquist, da University of Southern California, considerou exageradas as previsões de substituição de atores humanos, ressaltando que relacionamentos de público com artistas reais não podem ser replicados por IA.
Defendendo o projeto, Van der Velden argumenta que Tilly Norwood não pretende substituir atores humanos, mas ser vista como uma nova forma de arte digital, comparável à animação, à marionete ou ao CGI.
Ela afirmou que produzir a personagem foi um ato de imaginação e engenharia artística, e que seu propósito é provocar diálogo sobre os limites entre humano e sintético.
Implicações e pontos de atenção
A polêmica com Tilly Norwood eleva várias discussões centrais na indústria audiovisual:
- Direitos autorais e consentimento: como as vozes, rostos e performances de atores reais muitas vezes são parte do material de treinamento de IAs, há preocupações sobre uso sem autorização e remuneração.
- Impacto no trabalho e no mercado de atores: questiona-se até que ponto produções podem privilegiar figuras sintéticas por custo mais baixo e sem obrigações trabalhistas.
- Normas sindicais e contratuais: a utilização de talentos sintéticos pode entrar em conflito com acordos trabalhistas que protegem performances humanas e exigem consentimento em trabalhos digitais.