Astrônomos observam fogos de artifício resultantes de colisões violentas ao redor de uma estrela próxima

Astrônomos observam fogos de artifício resultantes de colisões violentas ao redor de uma estrela próxima

O evento fornece uma visão rara de um fenômeno comum em sistemas planetários jovens, mas ainda pouco observado fora do Sistema Solar

Astrônomos da Universidade da Califórnia, em Berkeley, capturaram uma sequência única de imagens e vídeos do telescópio Hubble, mostrando a colisão de dois grandes planetesimais Planetesimais são os blocos construtores dos planetas, pequenos corpos rochosos e metálicos (de 0,1 a 100 km) formados pela aglomeração de poeira e gelo no disco protoplanetário ao redor de uma estrela jovem, que colidem e se fundem pela gravidade para formar protoplanetas e, eventualmente, planetas como a Terra e Marte.  no sistema estelar Fomalhaut, localizado a 25 anos-luz da Terra, o que lembrou fogos de artifício.

O vídeo capturado pelo Hubble ilustra a sequência de eventos que levou à formação da nuvem de poeira, chamada cs2. Fomalhaut aparece no canto superior esquerdo, e dois pontos brancos no canto inferior direito representam os planetesimais em órbita. À medida que esses objetos se aproximam, ocorre a colisão, e uma nuvem de poeira é gerada.

Durante a busca por exoplanetas, os cientistas registraram pela primeira vez a colisão de dois grandes planetesimais, objetos rochosos ou gelados que podem ter até 60 quilômetros de diâmetro, semelhantes aos asteroides e cometas do nosso Sistema Solar. Esses eventos ocorreram ao longo de 20 anos, sendo o primeiro registrado em 2004 e o segundo em 2023

A colisão gerou nuvens de poeira visíveis, chamadas cs1 e cs2, que, inicialmente, foram confundidas com exoplanetas devido ao seu brilho.

A nuvem cs1, observada pela primeira vez em 2012, foi identificada como um resíduo de colisão, não como um planeta, após análises mais detalhadas. Já a nuvem cs2, capturada em 2023, foi o indício de uma segunda colisão violenta.

Esse evento fornece uma visão rara de um fenômeno comum em sistemas planetários jovens, mas ainda pouco observado fora do Sistema Solar. A descoberta foi divulgada no dia 18 de dezembro de 2025.

Fogos de artifício espaciais: sistemas estelares jovens são locais de criação de planetas

As imagens e os vídeos capturados pelo Telescópio Espacial Hubble revelam como essas nuvens de poeira se formam a partir do impacto de planetesimais e se dispersam ao longo do tempo, refletindo a luz da estrela Fomalhaut.

O fenômeno é um exemplo de como os sistemas estelares jovens, como o de Fomalhaut, são locais de colisões intensas, que ocorrem em uma fase inicial da formação de um sistema planetário e são responsáveis pela criação de planetas e outros corpos celestes.

Embora se esperem que eventos como esses sejam raros, ocorrendo uma vez a cada 100 mil anos, as observações recentes sugerem que colisões podem ser mais frequentes do que se pensava.

Com a análise, os cientistas conseguiram estimar que há aproximadamente 300 milhões de planetesimais ao redor de Fomalhaut, corpos que são semelhantes aos cometas gelados do nosso Sistema Solar.

A descoberta também destaca a importância de observar com cautela pontos de luz em sistemas distantes, pois nuvens de poeira podem se disfarçar de exoplanetas, como ocorreu com a nuvem cs1.

Fogos de artifício espaciais: importância da pesquisa

O estudo das colisões em Fomalhaut é fundamental para entender a formação de planetas e a evolução dos sistemas planetários, ajudando os cientistas a aprender mais sobre os primeiros estágios da formação de planetas, tanto em nosso Sistema Solar quanto em sistemas distantes.

A estrela está, portanto, em uma fase semelhante à do nosso próprio Sistema Solar em seus primeiros bilhões de anos. A nuvem de poeira observada foi inicialmente confundida com um planeta, denominado Fomalhaut b, mas agora os cientistas confirmam que se trata de um resíduo de colisão entre planetesimais.

Esse estudo também serve como um alerta para futuras missões espaciais. Telescópios como o planejado Habitable Worlds Observatory precisarão ter cuidado ao interpretar pontos de luz como planetas, pois esses podem ser apenas nuvens de poeira formadas por impactos, como as observadas em Fomalhaut, como alertou Paul Kalas, líder do estudo.

A descoberta é um avanço importante para a astronomia, pois ajuda a entender os processos dinâmicos e as interações planetesimais em sistemas planetários distantes.


O que são planetesimais?

Em sistemas estelares como o de Fomalhaut, planetesimais são corpos rochosos ou gelados de grande tamanho, com diâmetros que podem chegar a centenas de quilômetros.

Eles são como os "blocos de construção" dos planetas, pois no início da formação de um sistema planetário, esses pequenos planetas em formação colidem entre si, criando os planetas e outros corpos maiores, como luas e asteroides.

No caso de Fomalhaut, esses planetesimais, que possuem aproximadamente 60 quilômetros de diâmetro, colidiram violentamente, criando uma enorme nuvem de poeira que refletiu a luz da estrela.

Clique aqui e assista ao vídeo.

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