"Nós temos que falar alto e denunciar", diz Maria da Penha após repercussão do caso DJ Ivis

Maria da Penha e Rosa Brito, mãe de Stefhani Brito - vítima de feminicídio em 2018, conversaram com Maísa Vasconcelos no Papo de Mulher da Rádio O POVO CBN

Maria da Penha, precursora da Lei especializada na proteção de vítimas de violência doméstica, comentou sobre o caso das agressões de DJ Ivis contra a ex-mulher Pamella Holanda. Em entrevista à Rádio O POVO CBN nessa quinta-feira, 15, a ativista ressaltou a importância de denunciar a violência doméstica e trabalhar para evitar que casos como esses aconteçam.

"Antes era mais aceitável, as mulheres tinham que se recolher, tinham que sofrer caladas. Hoje, isso não é mais possível. Nós temos que falar alto, procurar denunciar", afirmou Maria da Penha durante o programa Papo de Mulher, apresentado por Maísa Vasconcelos.

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A farmacêutica comentou sobre o caso mais recente de violência doméstica que tomou proporções nacionais com o envolvimento de DJ Ivis. O artista foi preso na noite da quarta-feira, 14, de forma preventiva, após agressões a sua ex-esposa, Pamella Holanda. Ele é investigado por lesão corporal no âmbito da violência doméstica e familiar.

A Justiça determinou a detenção do músico cerca de 24 horas após pedido da Polícia Civil, que alegou a necessidade da medida com base na Lei da Garantia da Ordem Pública. O caso teve repercussão após Pamella divulgar, no domingo, 11, os vídeos de câmeras de segurança em que aparece sendo agredida diversas vezes pelo DJ.

As crianças

Em um dos trechos, a influenciadora digital é agredida na frente da filha de nove meses, fruto do relacionamento entre os dois. Maria da Penha ressaltou que é preciso trabalhar também na educação de crianças que presenciam esse tipo de violência.

"Quando é um pouquinho maio já entende, porque já viu o pai bater na mãe, já viu o pai empurrar a mãe e destratar. Se essa criança não entender que isso é errado, ela vai crescer e vai reproduzir o que ela viu", explica. O objetivo é impedir que um ciclo de violência se perpetue, com a normalização da violência doméstica.

Caso Stefhani Brito

 

O ato de denunciar também é um ponto levantado por Rosa Brito, mãe de Stefhani Brito, vítima de feminicídio em 2018. "Se você vê uma agressão verbalmente já tem que fazer uma denúncia, já tem que procurar uma forma de se defender, porque, mais tarde, pode vir a acontecer o que aconteceu com minha filha", relata a mãe.

Stefhani Brito tinha 22 anos de idade e foi morta pelo ex- companheiro. Na época do crime, em janeiro de 2018, os moradores do bairro Mondubim presenciaram um homem transitando com a vítima durante horas pelas ruas do local, nas proximidades da lagoa da Libânia, onde o corpo foi abandonado.

Rosa Brito afirma que a família chegou a ver marcas de agressões no corpo da jovem, mas Stefhani sempre desconversava. "Acho que minha filha na época foi torturada dessa forma (como Pamella) porque ela não falava pra gente, mas a gente via uma manchinha no corpo. A gente perguntava e ela se omitia", afirma a mãe.

Violência contra a mulher - o que é e como denunciar?

 

A violência doméstica e familiar constitui uma das formas de violação dos direitos humanos em todo o mundo. No Brasil, a Lei 11.340, conhecida como Lei Maria da Penha, caracteriza e enquadra na lei cinco tipos de violência contra a mulher: física, psicológica, moral, sexual e patrimonial.

Entenda as violências:

Violência física: espancamento, tortura, lesões com objetos cortantes ou perfurantes ou atirar objetos, sacudir ou apertar os braços

Psicológica: ameaças, humilhação, isolamento (proibição de estudar ou falar com amigos)

Sexual: obrigar a mulher a fazer atos sexuais, forçar matrimônio, gravidez ou prostituição, estupro.

Patrimonial: deixar de pagar pensão alimentícia, controlar o dinheiro, estelionato

Moral: críticas mentirosas, expor a vida íntima, rebaixar a mulher por meio de xingamentos sobre sua índole, desvalorizar a vítima pelo seu modo de se vestir

A Lei 13.104/15 enquadrou a Lei do Feminícidio - o assassinato de mulheres apenas pelo fato dela ser uma mulher. O feminicídio é, por muitas vezes, o triste final de um ciclo de violência sofrido por uma mulher - por isso, as violências devem ser denunciadas logo quando ocorrem. A lei considera que há razões de condição de sexo feminino quando o crime envolve violência doméstica e familiar ou menosprezo ou discriminação à condição de mulher.

LEIA MAIS | Veja como denunciar violência doméstica durante a pandemia

Veja como buscar ajuda:

Central de Atendimento à Mulher – Ligue 180

Delegacia de Defesa da Mulher de Fortaleza (DDM-FOR)
Rua Teles de Souza, s/n - Couto Fernandes
Contatos: (85) 3108- 2950 / 3108-2952

Delegacia de Defesa da Mulher de Caucaia (DDM-C)
Rua Porcina Leite, 113 - Parque Soledade
Contato: (85) 3101-7926

Delegacia de Defesa da Mulher de Maracanaú (DDM-M)
Rua Padre José Holanda do Vale, 1961 (Altos) - Piratininga
Contato: 3371-7835

Delegacia de Defesa da Mulher de Pacatuba (DDM-PAC)
Rua Marginal Nordeste, 836 - Jereissati III
Contatos: 3384-5820 / 3384-4203

Delegacia de Defesa da Mulher do Crato (DDM-CR)
Rua Coronel Secundo, 216 - Pimenta
Contato: (88) 3102-1250

Delegacia de Defesa da Mulher de Icó (DDM-ICÓ)
Rua Padre José Alves de Macêdo, 963 - Loteamento José Barreto
Contato: (88) 3561-5551

Delegacia de Defesa da Mulher de Iguatu (DDM-I)
Rua Monsenhor Coelho, s/n - Centro
Contato: (88) 3581-9454

Delegacia de Defesa da Mulher de Juazeiro do Norte (DDM-JN)
Rua Joaquim Mansinho, s/n - Santa Teresa
Contato: (88) 3102-1102

Delegacia de Defesa da Mulher de Sobral (DDM-S)
Av. Lúcia Sabóia, 358 - Centro
Contato: (88) 3677-4282

Delegacia de Defesa da Mulher de Quixadá (DDM-Q)
Rua Jesus Maria José, 2255 - Jardim dos Monólitos
Contato: (88) 3412-8082

Casa da Mulher Brasileira

A Casa da Mulher Brasileira é referência no Ceará no apoio e assistência social, psicológica, jurídica e econômica às mulheres em situação de violência. Gerida pelo Estado, o equipamento acolhe e oferece novas perspectivas a mulheres em situação de violência por meio de suporte humanizado, com foco na capacitação profissional e no empoderamento feminino.

Telefones para informações e denúncias:

Recepção: (85) 3108.2992 / 3108.2931 – Plantão 24h
Delegacia de Defesa da Mulher: (85) 3108.2950 – Plantão 24h, sete dias por semana
Centro Estadual de Referência e Apoio à Mulher: (85) 3108.2966 - segunda a quinta, 8h às 17h
Defensoria Pública: (85) 3108.2986 / segunda a sexta, 8h às 17h
Ministério Público: (85) 3108. 2940 / 3108.2941, segunda a sexta , 8h às 16h
Juizado: (85) 3108.2971 – segunda a sexta, 8h às 17h

 

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