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Vítimas de crimes sexuais de prefeito afastado registram BO por perseguição

MPCE afirma que as mulheres que denunciaram o médico José Hilson de Paiva sofrem retaliação de funcionários da prefeitura e da população. Algumas delas fizeram boletim de ocorrência sobre os casos
00:00 | Set. 07, 2019
Autor Angélica Feitosa
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Tipo Notícia

Grupo de mulheres registrou Boletim de Ocorrência, nas Delegacias Municipais de Uruburetama, a 119,5 quilômetros de Fortaleza, e de Cruz, distante 243,1 quilômetros da Capital, por denúncias de intimidação por parte da própria população e por parte de funcionários das prefeituras. Segundo o Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE), elas seriam vítimas de crimes sexuais do médico e prefeito afastado de Uruburetama, José Hilson de Paiva e Cruz, estão sofrendo perseguição e discriminação e sem atendimento médico.

Coordenadora do Núcleo de Atendimento às Vítimas de Violência (Nuavv) do MPCE, promotora de Justiça Joseana França, afirma que a disputa política, sobretudo em Uruburetama, acaba provocando retaliações às mulheres que denunciaram os crimes sexuais, por parte de apoiadores do prefeito afastado. A equipe do MPCE passou dois dias em cada uma das cidades, apurando os fatos e colhendo informações das vítimas. Segundo França, os casos mais graves ocorrem principalmente em Uruburetama. Duas das mulheres denunciaram que tiveram as casas em que moram apedrejadas.

“Os crimes tiveram início em 1994, são muito antigos. E o machismo é tão grande que o machismo é tão grandes - que precisamos fazer busca ativa nas casas. Umas das mães de uma vítima se dirigiu à filha e disse que ela não falasse nada, porque ia sobrar pra ela", aponta a promotora.

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Segundo França, o médico e prefeito afastado era conhecido em Uruburetama como “Mão Santa” e, em Cruz, como “santo doutor Hilson”. As mulheres nunca tinham passado por uma consulta com um ginecologista e, por isso, não tinha conhecimento dos procedimentos. As duas comarcas do MPCE ofereceram denúncia. A vice-governadora Izolda Cela recebeu representantes do MPCE, procurador-geral de Justiça Plácido Rios e os promotores de Justiça Humberto Ibiapina, coordenador do Núcleo de Investigação Criminal (Nuinc); Francisco Gomes Câmara, integrante do Nuinc; e Ana Cláudia de Oliveira, integrante do Núcleo Estadual de Gênero Pró-Mulher (Nuprom) na última sexta, 6.

José Hilson de Paiva, foi denunciado pelo MPCE por estupros ocorridos nas duas cidades. A defesa alega que os crimes prescreveram e ingressou com um habeas corpus no Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE), que pode ser julgado na próxima terça, 10.

Em nota, o advogado do médico e prefeito afastado, Leandro Vasques atribui a interesses políticos a denúncia. “São essas supostas vítimas que procuram a imprensa? Não, não são. Isso é o Ministério Público querendo semear essa sensação que inexiste, mas isso é até compreensível, ainda mais diante da frustração havida de após todo aquele estardalhaço apenas duas vítimas (isso mesmo, duas) apareceram na denúncia oferecida pelo Ministério Público de Uruburetama, o que deve ser apurado e refutado durante a ação penal. Mas quanto ao fato de mulheres estarem sendo discriminadas perante o setor de saúde daquela cidade, quem deve satisfação pública é a própria administração, que agora é gerida pelo vice prefeito Arthur Nery”.

A nota complementa que “a oposição política de Hilson Paiva vai prosseguir semeando acusações fabricadas e criando factoides para induzir autoridades em erro, restando a estas filtrarem isso. O que pretendem é constranger o Tribunal que está prestes a julgar o pedido de habeas corpus de Hilson Paiva, mas ainda existem juízes no Ceará e confiamos que os julgadores preservarão o entendimento já pacificado na Corte de que quando medidas cautelares diversas da prisão se mostram suficientes a prisão é meio excessivo, se relevando inadequado”.

Sobre o habeas corpus ele diz que já existem dois votos (de três) favoráveis à concessão do pedido “e é natural um julgador pedir vista para melhor expressar seu voto. Mas conhecemos a postura garantista e as manifestações judiciais da Desembargadora Marlúcia Bezerra e confiamos que a mesma manterá a posição que de há muito demonstra, de que a prisão é a última medida, e não a primeira, a ser cogitada a um caso concreto”.

A assessoria de imprensa da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) informou que a confirmação dos boletins de ocorrência, a quantidade de mulheres e o teor das denúncias somente poderia ser respondida na próxima segunda, 9.

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