Análise: Ceará não consegue converter posse de bola em chances de gol no Clássico-Rei

O Esportes O POVO analisou como a falta de movimentação do Ceará na fase ofensiva foi crucial para a equipe não construir jogadas, mesmo terminando o jogo com mais posse de bola do que o adversário

A derrota do Ceará por 2 a 0 para o Fortaleza, pelo jogo de ida das oitavas de final da Copa do Brasil, obriga o time de Marquinhos Santos a vencer o jogo de volta, marcado para o dia 13 de julho, por pelo menos dois gols de diferença se quiser levar a disputa da vaga para os pênaltis.

Sem Mendoza, o treinador não teve nenhum jogador de velocidade no ataque que incomodasse a defesa tricolor pelo lado do campo e atribuiu a Nino Paraíba a função de atuar como ponta durante a fase ofensiva. A estratégia, porém, não teve êxito porque os jogadores não se aproximavam do lateral-direito, que foi presa fácil para os marcadores do Leão.

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O Esportes O POVO analisou como a falta de movimentação do Vovô na fase ofensiva foi crucial para a equipe não construir jogadas, mesmo terminando o jogo com mais posse de bola do que o adversário.

Fase ofensiva

Há três jogos no comando da equipe, Marquinhos Santos escalou o Ceará no 4-3-3 padrão, formação implementada desde a chegada de Dorival Júnior. O técnico manteve a trinca de volantes no meio-campo e escalou Lima pela esquerda, enquanto Vina e Cléber trocavam de posição pelo centro e o lado direito do ataque.

Uma vez que nem Vina e nem Cléber têm características de ponta, o treinador do Vovô deu liberdade a Nino Paraíba para avançar pelo lado direito, quase como um ponta. Para cobrir aquele espaço, Richardson recuava para a posição do companheiro.

Desta maneira, o Ceará se postava em um 4-2-3-1, que se transformava em um 4-2-4 em determinados momentos, com Lima pela esquerda, Cléber centralizado, Vina com mais liberdade e Nino pela direita.

Disposição tática do Ceará contra o Fortaleza no momento da fase ofensiva.
Disposição tática do Ceará contra o Fortaleza no momento da fase ofensiva. (Foto: Pedro Mairton)

Porém, com o camisa 2 atuando como ponta e Richardson caindo pela direita para cobrir o espaço do lateral, o Ceará perdeu o meio de campo para o Fortaleza, que entrou com três volantes e naturalmente obteve superioridade numérica pelo setor, impedindo o Alvinegro de construir pelo meio, uma vez que estava com menos homens um naquela região.

Time estático

O Ceará também não conseguiu ser eficaz na estratégia de atacar pelas laterais. Isso porque Nino Paraíba avançava pelo lado direito e, quando acionado, não recebia apoio dos companheiros.

Caindo pelo lado direito, Vina era o que mais se aproximava do lateral, que se isolava no meio da forte marcação do Fortaleza e não conseguia realizar jogadas pela linha de fundo, uma vez que não havia jogadores para fazer triangulações e envolver os adversários.

Com a posse de bola, Nino partia como ponta. Com isso, Vina tinha mais liberdade para se posicionar no centro do campo. No entanto, os dois jogadores não recebiam apoio dos demais homens de meio-campo. Preso na direita, Richardson se limitava a cobrir o espaço do companheiro; Richard e Rodrigo Lindoso estavam espaçados dos demais homens de frente quando atacavam pelas laterais e pouco apareceram para criar opções de passe e de infiltração.

Essa estratégia tornou o Alvinegro estático, uma vez que havia um avanço do lateral, mas não tinha outros jogadores para permitir que ele realizasse uma troca de passes que resultasse em uma ultrapassagem pela linha de fundo.

Na maior parte das ações com a bola pela linha de fundo, Nino Paraíba era obrigado a realizar o cruzamento para a área. A melhor oportunidade de gol nessa estratégia aconteceu com Richard, logo após o Fortaleza abrir o placar. O volante recebeu a inversão, cortou o marcador e finalizou para fora do gol de Marcelo Boeck.

Inferioridade numérica decisiva

A estratégia de dar liberdade para Nino Paraíba e prender Richardson na lateral-direita fez com que o Ceará tivesse inferioridade numérica tanto durante o ataque quanto no momento em que estava sendo atacado.

Com o Fortaleza com três volantes, tirar um dos principais jogadores que realizam a dinâmica do meio-campo do Vovô para colocá-lo na lateral fez com que o time perdesse o poder de criação pela região central, uma vez que Rodrigo Lindoso e Richard estavam cercados por Felipe, Zé Welison e Ronald.

Com Richardson caindo pela direita enquanto Nino avançava como ponta, o Ceará tinha inferioridade numérica em relação ao Fortaleza no meio-campo.
Com Richardson caindo pela direita enquanto Nino avançava como ponta, o Ceará tinha inferioridade numérica em relação ao Fortaleza no meio-campo. (Foto: Pedro Mairton)

E o fato de Richardson não realizar ultrapassagens também prejudicou as investidas de Nino, que, na maioria das vezes, avançava sem apoio pelo lado do campo, e o time perdia o poder de criação também pelas laterais.

Sem um companheiro para realizar um jogo apoiado, O Ceará não conseguia progredir ao gol com qualidade para superar a defesa do Fortaleza. Além de Nino Paraíba, Lima não conseguiu ser efetivo pelo outro lado do campo, uma vez que Bruno Pacheco pouco subiu pelo lado esquerdo para realizar infiltrações e ultrapassagens.

E nas poucas vezes em que o camisa 6 avançava, a defesa do Fortaleza apertava a marcação e dificultava as jogadas por aquele lado, já que Lindoso também pouco apareceu para auxiliar na construção por aquele setor.

E quando o time perdia a bola no campo de ataque, Richardson muitas vezes estava cobrindo o espaço do companheiro e ficava distante do meio-campo para realizar o combate contra os volantes do rival, enquanto Nino realizava a recomposição pela lateral, e não pelo meio, fazendo com que o time também ficasse em menor número para se defender pelo setor central.

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