Análise: com três volantes, Fortaleza cria a partir da pressão e aproximação dos jogadores

O Esportes O POVO analisou a estratégia do treinador argentino para anular o meio-campo Alvinegro e criar situações de gol sem um jogador de criação no time titular

O Fortaleza saiu na frente por uma vaga nas quartas de final da Copa do Brasil ao bater o Ceará por 2 a 0 na noite da última quarta-feira, 22, na Arena Castelão. O resultado permite ao Leão do Pici perder por até um gol de diferença no duelo de volta, marcado para o dia 13 de julho.

Sem um meia de criação, o técnico Juan Pablo Vojvoda escalou três volantes no setor e apostou na intensidade e marcação forte no campo de ataque para sufocar o adversário e criar chances de gol.

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O Esportes O POVO analisou a estratégia do treinador argentino de anular o meio-campo do Ceará e como a aproximação de jogadores, tanto na recuperação da posse de bola quanto na construção de jogo, proporcionaram ao Tricolor chegar com perigo à meta de João Ricardo.

Marcação forte e pressão pós-perda

Sem Lucas Lima, poupado por ter “muitos minutos acumulados”, Vojvoda escalou Felipe, Zé Welison e Ronald no meio-campo, e ainda contou com Silvio Romero e Robson no ataque, o que chamou a atenção dos torcedores, visto que os dois atacantes possuem características de presença de área.

No entanto, a proposta do time era clara: pressionar forte a saída de bola do Ceará e recuperar a bola para contra-atacar em velocidade ainda no campo de defesa do oponente.

Apesar de ter tido menos posse de bola no jogo, com 40% contra 60% do Ceará, o Fortaleza finalizou mais ao gol do que o arquirrival. Foram 17 chutes do Tricolor contra 12 do Alvinegro, sendo sete em direção ao alvo do Leão contra quatro do Vovô.

Atacante de intensidade, Robson cumpriu bem a função e sufocou a defesa do Ceará até os 28 minutos do primeiro tempo, quando saiu por lesão e foi substituído por Moisés. Embora tenha características diferentes do camisa 7, o substituto também entrou em campo com a função de repetir o empenho na marcação sobre os defensores alvinegros.

E quando o Ceará conseguia se desvencilhar da pressão dos atacantes, ainda tinha que encarar a trinca de volantes no meio-campo, que conseguiu anular o jogo do Ceará pela região central do campo.

E foi assim, aos dois minutos, que o Fortaleza teve a primeira chegada com perigo. Após Ronald auxiliar Robson na pressão, o volante tricolor roubou a bola próximo da grande área e a conduziu em direção ao gol até conseguir o escanteio.

A forte marcação, que contava com muitos homens, e a recuperação da bola que dava início ao contra-ataque em velocidade era uma alternativa do Fortaleza de chegar com perigo ao gol do Ceará sem possuir um homem de criação protegido pelos volantes.

O lance que gerou o pênalti e colocou números finais ao duelo se originou a partir de uma roubada de bola no campo de defesa. Lucas Lima recuperou a posse e o time realizou contra-ataque em velocidade até o gol. No primeiro tempo, Moisés também foi acionado em velocidade na transição ofensiva e quase abriu o placar.

E mesmo quando estava com a posse e a perdia, rapidamente o time executava a pressão pós-perda bem trabalhada e recuperava a bola, se mantendo no campo de ataque e com o adversário mais frágil defensivamente.

Apesar do gol que abriu o placar no segundo tempo ter se originado em construção com a bola no pé, o time se manteve o tempo todo no campo de ataque até balançar as redes graças à forte marcação e pressão pós-perda.

Aproximação e movimentação

Para recuperar a bola no momento em que a perde, os jogadores precisam atacar juntos o adversário que tem a posse, com o intuito de ter superioridade numérica para um ou dois jogadores combaterem por ela e outro cercar o oponente para ficar com uma possível sobra.

Além disso, a proximidade entre os jogadores no momento em que recuperam a bola torna a equipe mais dinâmica, uma vez que há mais opções para realizar um passe e encontrar um companheiro livre ou realizar triangulações, a fim de progredir em superioridade numérica ao gol.

E não houve somente aproximação entre os jogadores durante as transições ofensivas e defensivas. Com a bola no pé, os atletas do tricolor tinham companheiros próximos para servir opções de passe e realizar triangulações. O intuito era sempre ter um a mais em relação ao adversário, principalmente pelo lado do campo, com Yago Pikachu e Juninho Capixaba, os dois atletas mais criativos do time na ausência de Lucas Lima.

E mesmo jogando com três zagueiros, Ceballos teve liberdade para exercer uma função importante de auxiliar o time no ataque pelo lado, atuando como uma espécie de lateral-direito e se aproximando constantemente de Yago Pikachu no setor ofensivo.

No lance do gol, Romero recebeu o lateral e exerceu o pivô. O centroavante argentino teve Felipe e Zé Welison como opções frontais, enquanto Juninho Capixaba e Moisés estavam ao redor.

A movimentação de Romero para fora da área permitiu com que Moisés ocupasse o espaço deixado por ele e se movimentasse para receber a enfiada de bola de Zé Welison na grande área.

No momento em que Zé Welison passa para Moisés, não havia nenhum jogador do Fortaleza na grande área. E a partir da finalização de Felipe, já haviam cinco homens do Tricolor ocupando aquele espaço, o que evidencia a aproximação e movimentação coordenada da equipe no jogo trabalhado.

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