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Bolsonaro fala em reabrir escolas após OMS citar estudo inconclusivo sobre transmissão assintomática

A declaração sobre o assunto é considerada precipitada por especialistas
13:44 | Jun. 09, 2020
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O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) abriu a reunião ministerial desta terça-feira, 9, lamentando as mortes provocadas pela Covid-19 e criticando a Organização Mundial da Saúde (OMS). Segundo o jornal O Globo, ele disse que pode reabrir escolas e o comércio após a menção da entidade a um estudo que definiu transmissões assintomáticas como "raras". Entretanto, a declaração sobre o assunto é considerada precipitada por especialistas, como O POVO esclareceu

A partir das declarações da organização internacional, Bolsonaro afirmou que, agora, pode haver menos resistência à volta das atividades escolares. Essa é a primeira reunião ministerial de Bolsonaro transmitida ao vivo. O novo formato ocorreu após divulgação do vídeo da reunião de 22 de abril por determinação do STF.

"Então, isso vai dar muito debate. Muitas lições serão tomadas. Com toda certeza pode ser analisada uma abertura mais rápida do comércio e extinção daquelas medidas restritivas adotadas segundo decisão do Supremo Tribunal Federal, governadores e prefeitos", considerou o presidente.

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Mudanças sobre hidroxicloroquina

Bolsonaro reconheceu também que não há comprovações científicas sobre o uso da hidroxicloroquina para tratar a doença, mas voltou a defender o uso do medicamento em pacientes diagnosticados com Covid-19.

O presidente relembrou as mudanças de posicionamento da entidade internacional em relação aos testes de hidroxicloroquina. Representantes da OMS defenderam que mudanças relacionadas a orientações técnicas são parte do processo natural da ciência.

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"A OMS, nas últimas semanas, tem tido algumas posições antagônicas, a penúltima sobre a hidroxicloroquina. Foi determinada a suspensão da pesquisa, depois voltou atrás. As pesquisas continuam no Brasil, não temos a comprovação científica ainda, mas relatos de pessoas infectadas e de médicos, em grande parte, têm sido favorável à hidroxicloroquina com azitromicina", afirmou Bolsonaro.

Mesmo depois de retomar os testes sobre a cloroquina, a OMS sustenta que não há comprovação cientifica sobre a eficácia do medicamento para o combate ao coronavírus. Entretanto, o presidente continua defendendo o uso amplo da droga.

Depois da recusa de dois ministros da Saúde, que optaram por pedir demissão para não assinar a mudança de protocolo no uso da cloroquina no País, coube ao general Eduardo Pazuello, que assumiu a pasta de forma interina, liberar a cloroquina para todos os pacientes de Covid-19

Os testes da OMS com o medicamento haviam sido suspensos após um estudo amplo publicado pela revista científica The Lancet que, posteriormente, teve sua metodologia questionada por outros cientistas

A pesquisa teve forte repercussão pela sua amplitude, com quase 100 mil pacientes envolvidos, mas vários outros trabalhos científicos que apontam não apenas para a ineficácia da cloroquina e da hidroxicloroquina contra o coronavírus como, também, o aumento de risco de morte em pacientes em quadro grave.

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Ernesto Araújo reforça crítica à OMS

O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, aproveitou para endossar a fala do presidente contra a OMS. O chanceler questionou os procedimentos adotados pela instituição internacional e afirmou que o Itamaraty acompanha com “muita preocupação” o trabalho da agência. Ele disse ainda que o Brasil defendeu junto a países membros a reformulação da OMS.

Para Ernesto Araújo, existiria "falta de independência da OMS, aparentemente, falta de transparência e coerência, sobretudo. Falta de coerência no posicionamento, na orientação sobre aspectos essenciais", criticou.

Segundo ele, em aspectos como "o compartilhamento de amostras, o contágio por humanos, nos modos de prevenção, na quarentena, no uso da hidroxicloroquina, na indumentária de proteção e agora na intransmissibilidade por assintomáticos" a OMS "foi e voltou, às vezes mais de uma vez". O ministro apontou também o que chamou de “vai e vem” da OMS e disse que isso atrapalha o trabalho realizado pelos governos:

Na sexta-feira, 5, Bolsonaro disse que o governo poderia romper com a organização, que atuaria, segundo ele, "com viés ideológico". No fim de maio, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou a saída do país da OMS, congelando repasses que o governo norte-americano faria à entidade. 


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