Casa Vida&Arte: Moldura, palco e amplificador na CasaCor Ceará 2025
Moldura, palco e amplificador, tudo em um só ambiente. A arquiteta Gabriela Picanço transformou a plataforma de cultura e entretenimento do O POVO em um ponto de encontro de diferentes estilos e expressões artísticas
Há 36 anos, o Vida&Arte conta histórias, revela artistas e transita em expressões artísticas que vão da dança ao grafitti, dos quadrinhos ao cinema. Diálogos, reflexões e pontos de vista são publicados diariamente, em diferentes plataformas, do impresso ao virtual, do texto à fotografia.
Como transformar essa versatilidade e multiplicidade em um espaço físico? Gabriela Picanço, então, recebeu a missão de criar um ambiente que tem como objetivo ser palco, ponto de encontro, cenário. Um grande living para permanecer, receber amigos e realizar boas conversas.
A arquiteta, que fala com orgulho da sua relação com o balé e o teatro, conta que aproveitou a sua influência pela arquitetura modernista para criar algo que foge da tendência atual da padronização e do desejo de ser igual.
“Principalmente por se tratar de um lugar de encontro com a arte. O Vida&Arte é isso, é a vida acontecendo e a arte atravessando o trivial”, opina.
Para permitir essa fluidez e cruzamento de diferentes expressões artísticas, a profissional aposta em uma arquitetura que ela chama de “gentil”.
Assim, o projeto é um coadjuvante, com elementos que servem como moldura ou pano de fundo para o mais importante, a arte. E coloca o ambiente como um ponto de encontro permanente de manifestações artísticas e culturais.
Outro cuidado foi adotar uma construção a seco, mais ágil, econômica, eficiente e de melhor qualidade, tornando a obra mais sustentável.
No aterramento, por exemplo, foram aproveitados os resíduos das obras da CasaCor 2024 enquanto o concreto foi substituído por estruturas modulares, o que reduz a emissão de gases poluentes.
Ainda pouco utilizadas no Ceará, esse sistema de edificação já é produzido no Estado. Os módulos chegam ao destino montados e podem ser desmontados e reaproveitados após o evento. Para a Casa Vida&Arte, foram utilizados três módulos, que formam os 60 m² de área.
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O conceito artístico é evidenciado ainda na fachada, com a obra de Gabriela Rodrigues. “Do ponto que você estiver, a arte é interpretada de diferentes maneiras. Quem passa rápido, entende de uma forma. Quem demora, tem uma outra experiência”, descreve Gabriela.
O modernismo também está presente na cartela de cores e em detalhes. Os ladrilhos ganham releitura e os tons neutros das paredes recebem as cores de artistas como Calus Campos, Érico Gondim e Sérvulo Esmeraldo.
No mobiliário, peças assinadas por designers dialogam com criações de artistas como Sérvulo Esmeraldo. A grande estante exerce a função de galeria para as obras de arte e o sofá, escultural, no tom bordô, é ponto focal do ambiente.
O tapete, que “escorre” do sofá e se conecta à escultura, é assinado por Gabriela e proporciona uma maior fluidez, delimitando o percurso dentro do ambiente.