13 de dezembro é Dia do Forró; conheça mais da história do gênero

13 de dezembro é Dia do Forró; conheça mais da história do gênero musical

Instituída em homenagem ao nascimento de Luiz Gonzaga, data celebra ritmo clássico do Norte e Nordeste. Conheça os diferentes ciclos do forró e principais artistas

“Ela só quer, só pensa em namorar” é uma daquelas frases lidas em uma cadência específica. Na voz de Luiz Gonzaga, faz parte de uma das canções mais famosas do forró, gênero homenageado neste 13 de dezembro.

Instituído em 2005, o Dia do Forró é celebrado na data em que o Rei do Baião, Luiz Gonzaga, nasceu. O cantor natural de Exu, em Pernambuco, foi o responsável por exportar diversos ritmos nordestinos pelo País, como o xote, xaxado, baião, chamego, quadrilha, arrasta-pé e pé-de-serra — todos vertentes do forró clássico ou tradicional.

Uma das suas músicas mais famosas é “Asa Branca”, parceria com o compositor cearense Humberto Teixeira, que retrata a saga de sobreviver em meio à seca afligindo o sertão nordestino.

Eternizado na tradição brasileira, o forró foi considerado Patrimônio Cultural Imaterial pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 2021. Requerido pela Associação Cultural do Balaio do Nordeste, o registro havia sido formalizado em 2011, tramitando por dez anos até ser aprovado.

O Conselho do Iphan classificou o ritmo como um “supergênero” pela sua abrangência de vertentes, reconhecidas após comunidades de todo o Brasil reunirem documentos e registros audiovisuais para montarem um dossiê do pedido.

A seguir, saiba mais sobre a história do forró e conheça as vertentes do gênero:

Dia do Forró: qual a origem desse gênero musical?

Existem duas teorias sobre a etimologia da palavra “forró”. A primeira delas, segundo a Enciclopédia da Música Brasileira, afirma que “forró” é uma derivação do termo africano “forrobodó”. Termo que, segundo o Dicionário Aurélio, significa “arrasta-pé”, “farra”, “troça”, “confusão” e “desordem”.

Já a segunda teoria é de que o “forró” deriva do anglicismo “for all”, introduzido no Brasil no início do século XX por engenheiros britânicos instalados em Pernambuco para construir a ferrovia Great Western.

Os ingleses promoviam bailes e colocavam placas indicando que a entrada era “permitida para todos (for all)”. Nessas festas, havia ritmos que prenunciaram o que se tornaria o forró atual.

Independente da teoria, o forró designa um gênero musical composto por diferentes ritmos, mas também sendo um deles. É ainda uma forma de dança e um tipo de festa.

Em Fortaleza, as “casas de forró” ficaram conhecidas por promover o gênero musical na noite alencarina. 

Na sua manifestação cultural como dança, o forró é para dançar em dois. Uma pessoa depende da outra, sendo o passo básico o “dois pra cá e dois pra lá”. A partir dele surgem os giros, as pausas e os floreios, sempre mantendo a métrica dupla.

Como um ritmo musical, o forró é conhecido por ser acompanhado por palmas e percussões. Fazem parte da sua identidade a rabeca, a gaita de boca, o triângulo e até mesmo instrumentos de origem africana e indígena, como o ganzá e o reco-reco.

A partir de 1970, o contrabaixo, a guitarra e a bateria começam a aparecer em gravações de forró, mostrando que o gênero poderia se reinventar conforme a indústria musical da época. O gênero é dividido em ciclos, considerando critérios cronológicos e temáticos.

Como o forró conquistou o Brasil e se reinventou?

Mais conhecido como “pé de serra”, o forró tradicional surgiu no século XIX, no interior de Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Alagoas. O gênero ganhou uma explosão de popularidade após ser levado para o Rio de Janeiro por Luiz Gonzaga na década de 1940, quando apresentava o gênero por meio de discos, rádios e shows.

Mesmo com a primeira gravação feita em 1941, Luiz Gonzaga teve o primeiro álbum lançado apenas em 1956. O cantor foi considerado o principal exportador do gênero, definindo sua identidade mais tradicional e conquistando o título de Rei do Baião.

Dentre os principais cantores deste primeiro ciclo estão Jackson do Pandeiro, Ary Lobo, Trio Nordestino, Dominguinhos, Trio Mossoró, Messias Holanda, Mestre Zinho e Edson Duarte.

Por volta de 1960, o forró tradicional começou a perder espaço para outros gêneros que estavam em alta na sociedade brasileira. Era o caso da bossa nova, do rock e do jazz, além da MPB que foi considerada uma influência no gênero a partir da década seguinte.

Durante os anos 70 e 80, o forró se reinventou adotando uma postura mais rock, com baladas românticas, música brega e lambada, que eram fenômenos musicais em diferentes nichos. Foi nessa época que a guitarra e o contrabaixo surgiram no gênero, demonstrando uma evolução natural de um ritmo já querido pelos brasileiros.

Um exemplo da mudança é a versão de Asa Branca gravada pelo Quinteto Violado, um dos principais artistas da geração “Forró MPB”. Entre eles estão Fagner, Alceu Valença, Zé Ramalho, Amelinha, Geraldo Azevedo, Elba Ramalho e Chico César.

Na década de 90, o forró se tornou “eletrônico”, popularizado por grupos musicais contemporâneos já desgarrados da pegada mais tradicional e apostando em instrumentos elétricos, mais de um vocalista, dançarinos sensuais e arranjos modernos com versões de músicas internacionais.

Com a popularização do “forró eletrônico” por bandas como Aviões do Forró, Calcinha Preta, Limão com Mel, Mastruz com Leite e Noda Caju, o forró tradicional foi perdendo espaço no cenário fonográfico brasileiro. O contraponto a essa sonoridade foi a febre da década seguinte, quando o “forró universitário” ganhou espaço nos anos 2000.

Espalhando-se pela cena universitária do Sudeste, alguns trios e grupos começaram a tocar um forró que misturava o som mais tradicional com tendências da época. A popularidade foi ainda maior devido à tecnologia da época que ajudava a copiar e compartilhar músicas por meio de pendrives e CDs.

As bandas mais conhecidas do movimento incluem Falamansa, Rastapé, Bicho de Pé, Circuladô de Fulô, Peixe Elétrico, Forróçacana, Trio Virgulino e Estakazero.

Dia do Forró: gênero ganha força com a vertente do “piseiro”

Misturando batidas eletrônicas com refrões fáceis de decorar, dignos de músicas pop, o “piseiro” tem sido a vertente do forró mais popular entre as gerações contemporâneas.

Dentre os artistas que se destacam estão João Gomes e Os Barões da Pisadinha, que conquistaram um público com regravações de músicas clássicas e um repertório de inéditas ancorado em beats do momento.

João Gomes, inclusive, tem sido o nome mais popular do forró desde Luiz Gonzaga, levando o forró para todas as regiões do Brasil.

Eleito o cantor brasileiro mais ouvido do Spotify do Brasil em 2021, ano de sua estreia, João Gomes possui mais de dez milhões de ouvintes na plataforma.

Em 2025, conquistou o prêmio de Artista do Ano e Álbum do Ano no Prêmio Multishow, saindo como um dos artistas mais premiados.

Além disso, foi escolhido para debutar o formato do Tiny Desk em território nacional, cantando clássicos da sua discografia como “Eu Tenho a Senha” até “Deusa de Itamaracá”, uma regravação de Almir Rouche dos anos 2000.

Unindo a estética tradicionalmente atrelada ao forró, mas avançando musicalmente em direção às tendências, João Gomes é apenas um dos nomes do piseiro, que tem conquistado espaço com nomes como Zé Vaqueiro, Tarcísio do Acordeon e Mari Fernandez.

 

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