Morre Augusto Bonequeiro, mestre da cultura do Ceará

Morre Augusto Bonequeiro, mestre da cultura do Ceará

Mestre da cultura popular do Ceará, Augusto Bonequeiro morre aos 74 anos

Augusto César Barreto de Oliveira, o Augusto Bonequeiro, morreu aos 74 anos. Convivendo com o diagnóstico de Parkinson desde 2013, seu estado de saúde se agravou após a pandemia de Covid-19. 

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Natural de Pernambuco, ele construiu mais de 40 anos de carreira como humorista e ventríloquo e é precursor do teatro de bonecos no Ceará. "Chegou aqui faz muito tempo e se adaptou e se identificou perfeitamente com a sacrossanta molecagem do Ceará. O 'Ceará moleque' estava nele", define o jornalista Tarcisio Matos, que trabalhou com o artista.

Em 2022, Augusto se consagrou como Mestre da Cultura pela Secretaria de Cultura do Ceará (Secult-CE). "É uma perda realmente grande de um camarada que tanto nos alegrou. Eu tive a oportunidade de trabalhar com ele na televisão, fazendo roteiros e texto para programas com Augusto e elenco. Fizemos um CD em que ele participou", conta Tarcísio Matos.

O jornalista destaca que seu trabalho nos palcos e na televisão deixou uma "marca consagrada". Para além de um "mestre na manipulação de bonecos", ele também lembra do amigo como um "ser humano extremamente gentil e generoso".

"Era um cara extremamente profissional e que, mais do que deixar saudade,ele nos deixa um legado. No mundo como nós vivemos hoje, e que é parte do processo da humanidade, do caminhar da humanidade, fazer alguém sorrir é algo realmente abençoado. E ele realmente sabia fazer isso de forma exemplar", declara Tarcisio Matos.

Tido como referência na cena do humor e do teatro de bonecos, o bonequeiro recebeu um show beneficente em setembro de 2024, organizado pelo amigo e também humorista Lailtinho Brega, na Arena do Humor.

O legado de Augusto Bonequeiro

Aliando o teatro de bonecos popular ao humor, Augusto Bonequeiro fundou o Grupo Folguedo e o trouxe para Fortaleza quando ainda não havia grupos de teatro de bonecos contemporâneos na Cidade. O coletivo existiu por 12 anos e somou mais de 20 espetáculos, com quase 3.000 apresentações pelo Ceará e participações em festivais.

Além das contribuições artísticas, Augusto teve papel importante na mobilização da cena do teatro de bonecos, com a criação do Núcleo Cearense da Assiciação Brasileira de Teatro de Bonecos, estreitando as relações com os órgãos públicos do estado.

Ele chegou a ser presidente e vice-presidente do núcleo, além de também ter atuado como professor de mamulengo. Junto de Zilda Torres, sua ex-companheira, ele fundou a Casa de Bonecos, uma escola de teatro que formava novos artistas na linguagem. 

Após o diagnóstico de Parkinson, Augusto Bonequeiro continuou se apresentando. Quando sua fala passou a ser prejudicada pela doença, com bom humor, ele transferia a culpa ao Fuleragem, seu boneco mais famoso. Internado nos últimos tempos, ele pausou a carreira. 

Além do boneco Fuleragem, seu personagem mais famoso, Augusto Bonequeiro tinha mais de 300 bonecos aos quais dava vida nos palcos. Entre eles, estão Encrenca, Filó, Cassimiro Coco, Salomão Chibata e outros personagens que marcaram sua carreira.

"Eu lembro do Augusto com alegria. Eu tenho a impressão que, onde ele está, ele quer que nós o celebremos com a alegria que ele levou ao público brasileiro", conclui Tarcisio Matos.

 

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