'Eternos' estreia nos cinemas com narrativa que foge da 'fórmula da Marvel'

Dirigido pela vencedora do Oscar Chloe Zhao, "Eternos" aposta em elenco diverso para subverter "fórmula da Marvel" e ampliar narrativas

Quando a Marvel estreou "Homem de Ferro", o primeiro filme de seu complexo universo cinematográfico em 2008, a narrativa se tornou um sucesso tão grande que o estúdio fez outras dezenas de produções com a mesma estrutura. "Thor" (2011), "Capitão América: O Primeiro Vingador" (2011), "Os Vingadores" (2012), "Guardiões da Galáxia" (2014), "Homem-Aranha: De Volta ao Lar" (2017) e vários longas-metragens seguem um padrão similar: o protagonista vira um super-herói que luta contra uma ameaça que pode acabar com o mundo e, por fim, vence.

As histórias seguem à risca a "jornada do herói", definida há décadas pelo mitologista Joseph Campbell (1904 - 1987), trazem personagens irônicos (por vezes, egocêntricos) que aprimoram suas personalidades e são repletas de momentos cômicos. O que muitos definem como "fórmula da Marvel" arrecadou bilhões em poucos anos. Mas, com o lançamento de "Eternos", que chega aos cinemas nesta quinta-feira, 4 de novembro, o estúdio honra os principais elementos de seu método, mas subverte em outros.

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A obra audiovisual já inicia com a escolha de uma diretora pouco óbvia: Chloé Zhao, a primeira mulher asiática a ganhar a categoria de "Melhor Direção" no Oscar por seu trabalho com "Nomadland". Além disso, o elenco foi um alívio para os espectadores que estão acostumados a assistir aos filmes de super-heróis interpretados por pessoas majoritariamente brancas.

Há a britânica-chinesa Gemma Chan (Sersi), a mexicana Salma Hayek (Ajak), o coreano-americano Ma Dong-seok (Gilgamesh), o paquistanês Kumail Nanjiani (Kingo). Ainda há Lauren Ridloff (Makkari), uma mulher negra que se tornou a primeira super-heroína surda, e Brian Tyree Henry (Phastos), um homem negro responsável por ser o primeiro herói abertamente gay dos filmes da Marvel.

Mas "Eternos" tem outro papel importante por expandir o universo que foi introduzido há uma década. No enredo, um grupo de imortais viajou à Terra para combater os inimigos mais antigos da humanidade, que são os Deviantes. Essas ameaças não possuem consciência e matam as pessoas do planeta.

Para lutar, os Eternos utilizam de seus poderes e têm uma orientação de seu ser superior: eles nunca podem interferir nos conflitos criados pelos próprios humanos. Séculos depois de todos os perigos extranaturais terem sumido, os super-heróis permanecem na Terra, aguardando permissão de que possam voltar para seu lar. O problema é que, de repente, os Deviantes começam a aparecer e estão diferentes.

A partir disso, Sersi, Ikaris e Sprite (Lia McHugh) seguem em uma jornada para encontrar os outros Eternos, que estão há séculos sem manter contato uns com os outros. Todos seguiram caminhos distintos, em busca de motivos para viver.

Depois de perder esperanças na bondade do mundo, Phastos se casou e está cuidando de seu único filho. Druig (Barry Keoghan) está isolado em algum lugar da Amazônia (rodeado de lhamas e pessoas brancas que falam espanhol). Gilgamesh está cuidando de Thena (Angelina Jolie), que passa por problemas de controle dos poderes desde que passou a ter memórias esquisitas.

O filme, porém, ainda traz alguns aspectos clichês, como a necessidade de reforçar - a todo momento - a importância da humanidade e o valor dos sentimentos humanos. Os heróis são guiados por um sentimento de proteção com o mundo ao seu redor porque acreditam na bondade que existe no cotidiano. Mas até nisso há um ponto positivo: nem todos os personagens são o que parecem (ou dizem) ser. E a narrativa permanece aberta, com várias pontas soltas, para próximas histórias.

Ao extrapolar os limites da Terra, o longa-metragem arrisca ao propor novas mitologias para as histórias, que permitem uma continuidade de filmes semelhante ao que aconteceu com "Os Vingadores". Nas duas cenas pós-créditos, a narrativa ganha uma complexidade maior, que incita a curiosidade dos espectadores.

Na primeira, a mídia estadunidense já divulgou em todos os lugares: o cantor Harry Styles aparece como Eros, o irmão de Thanos, dando a entender que o artista será um dos nomes confirmados para os próximos filmes. Seu personagem é um imortal, com descendência dos Eternos, que possui poderes como controle das emoções e telepatia. Sua característica mais forte, entretanto, é que estimula o prazer de quem está ao seu redor e faz com que os outros se sintam atraídos por ele. A segunda cena (sem spoiler) também contribui para aumentar a multiplicidade do mundo ficcional.

Para ficar de olho

A Marvel continua a divulgar produções todos os anos de seu universo cinematográfico. Confira as previsões para os próximos filmes que devem estrear nos cinemas. As datas podem ser alteradas conforme novos anúncios do estúdio.

"Homem-Aranha: No Way Home": 16 de dezembro de 2021

"Doutor Estanho no Multiverso da Loucura": 25 de março de 2022

"Thor: Love and Thunder": 8 de julho de 2022

"Pantera Negra 2: Wakanda Forever": 11 de novembro e 2022

"The Marvels: Capitã Marvel 2": 17 de fevereiro de 2023

"Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania": 28 de julho de 2023

"Guardiões da Galáxia Vol. 3": 5 de maio de 2023

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