Fotógrafa Ana Mundin explora a relação entre corpo e espaço em mostra

Exposição da fotógrafa Ana Mundim estará disponível a partir de hoje, 3

Em 2018, a multiartista Ana Mundim começou a investigar a relação do corpo na "quase existência" da realidade contemporânea. A proposta era explorar, por meio da fotografia, as constantes ligações entre virtualidades e presenças nos processos humanos. Três anos depois, a inesperada eclosão da pandemia deixou estes contrastes em evidência, tornando-se o momento propício para a exibição do projeto. A partir de hoje, 3, estas imagens poderão ser vistas na exposição "Translúcido", realizada no Porto Dragão com apoio do Sesc.

"A ideia surge do lugar desse 'corpo-névoa' que vai desaparecendo no espaço. Chega um momento em que a gente sempre está nesse lugar da incompletude, o que é natural, já que a gente precisa do outro para se manter socialmente e entender os nossos processos", explica a fotógrafa. O nome da exposição nasceu em referência à questão da transparência, visto que ela não existe em totalidade, "sempre tem um meio-fio".

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Na época que as fotos foram feitas, Ana, que também é bailarina, começava a desenvolver um trabalho de união entre a dança e a fotografia. "A proposta é pensar a improvisação que eu produzo na dança e como eu trago isso pro meu lado fotográfico", conta. O projeto, então, tem o máximo possível de edições em "tempo real" e conta com materiais que possam compor a identidade visual já na produção. "Fizemos estas fotos com iluminação natural, brincando muito mais com um posicionamento de câmera para ligar o movimento. Fui conduzindo o trabalho pensando neste corpo que desvanece, quase como uma água que vai evaporando, desaparecendo", detalha a artista.

A fotógrafa continua estudando os mesmos princípios após a pandemia. "É uma linha de trabalho que lida com o corpo como espaço e o espaço como corpo. Como esse corpo se mistura com a natureza, a arquitetura, o espaço urbano, que tipo de imagem eu posso reproduzir nessa relação de simbiose", conta. Em sua visão, as pessoas estão sempre mediadas pelo celular, pelo contato virtual, como se "vivessem em uma nuvem num ambiente que já não é o que era antes".

Para Ana, o contexto pandêmico acirrou os ânimos em posicionamentos sociais, ao mesmo tempo em que fortaleceu os cancelamentos. "Eu vejo pessoas muito medrosas, com medo de se expor, com medo do que os outros vão achar". O período impactou diretamente em suas produções recentes. Ela começou a fotografar autorretratos e notou que suas imagens mudaram de tonalidade. O que antes era colorido tornou-se preto e branco e, apenas agora, retoma cores em tons tímidos, pastéis. "Ainda estou percebendo essas mudanças. À medida que eu fotografo e externalizo, eu dou vazão às minhas questões de uma forma artística".

Exposição "Translúcido", de Ana Mundim

Onde: Porto Dragão (rua Boris, 90c - Praia de Iracema)
Quando: a partir desta quarta, 3
Gratuito
Mais inf.: Instagram @portodragaoce

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fotografia porto dragão cultura exposição vida e arte

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