Halloween: conheça as histórias por trás das tradições do Dia das Bruxas

Das abóboras das festas aos gatos pretos, entenda as principais curiosidades que envolvem o Dia das Bruxas, também chamado de "Halloween"

Decorações assustadoras, fantasias esquisitas, doces e festas durante a noite são um cenário recorrente nos Estados Unidos todos os anos, no dia 31 de outubro. Apesar do Halloween ser uma tradição mais popular entre os estadunidenses, os brasileiros importaram a data à sua maneira. Aqui, não é comum ver crianças correndo nas ruas, batendo nas portas das casas para pedir chocolates. Mas as pessoas começaram a se fantasiar e comemorar entre amigos, trazendo até referências da própria cultura nacional nas roupas.

Assim como a maioria das tradições, é impossível ter certeza de quando esses eventos começaram e provavelmente são uma união de vários culturas diferentes. Há uma teoria, entretanto, de que as bases para o Dia das Bruxas teriam surgido no século XVIII, quando acontecia o festival celta Samhain, em comemoração ao fim do verão. O evento durava alguns dias e começava no 31 de outubro com o objetivo de celebrar o período da fertilidade após a época da colheita.

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Para comemorar a comida que conseguiram durante o verão, aqueles grupos iniciavam uma fogueira e esperavam pelo inverno. Neste mesmo período, eles acreditavam que o mundo dos vivos e dos mortos se misturavam. Por isso, também faziam homenagens àqueles que faleceram.

'Pomona', pintada Nicolas Fauché. A deusa era cultuada pelos romanos
'Pomona', pintada Nicolas Fauché. A deusa era cultuada pelos romanos (Foto: Divulgação)

Há outra teoria que envolve as festas em referência à deusa Pomona, cultuada pelos romanos. Essa civilização realizava eventos - em período similar, principalmente, por causa da mudança das estações - para esse símbolo da mitologia. Ela representava a fartura dos alimentos e a possibilidade de melhores colheitas nos anos seguintes. Quando os romanos invadiram a região em que os celtas moravam e dominaram essa população, as duas tradições se misturaram.

Como se todas essas bases não fossem suficientes, há quem também envolva o “Dia de Todos os Santos” (1º de novembro), celebrado pelo cristianismo para honrar seus santos e mártires, e o Dia dos Finados (2 de novembro), em homenagem àqueles que já faleceram. Em inglês, a data para os santos é chamada de “All Hallows Day” e o dia anterior seria o “Hallows Eve” - que soa, em partes, com “Halloween”.

Veja abaixo algumas outras curiosidades:

Abóboras

Há séculos, uma lenda percorria as histórias irlandesas: em um determinado dia, um homem chamado Jack convidou o diabo para beber. No fim, ele não quis pagar pela bebida e convenceu o imortal a se transformar em uma moeda. Quando isso aconteceu, colocou o objeto ao lado de uma cruz de metal para evitar que o ser voltasse à sua antiga forma.

Jack, então, decidiu liberá-lo sob as condições de que não seria incomodado por um ano e, caso fosse morto, não ficaria com sua alma. Depois de enganá-lo por anos, o homem morreu. Mas Deus não deixou que ele fosse para o céu, nem o diabo quis levá-lo para o inferno.

Por causa disso, o morto foi condenado a passar o resto da eternidade na Terra, sendo deixado no meio da noite apenas com um carvão em chamas. Jack cavou uma abóbora e colocou sua única fonte de luz dentro. De acordo com as lendas, a alma dele permanece entre os humanos. Essa história teria chegado com os imigrantes irlandeses nos Estados Unidos.

Gato preto

Centenas de anos antes de Cristo, os gatos eram reverenciados pela população do Egito. Basta uma pesquisa rápida na internet para descobrir que esses animais eram embalsamados e mumificados. Não só: também há várias imagens deles transmutados nos corpos de humanos. Essa relação com os felinos aconteceu porque eles eram capazes de caçar ratos e outras pragas que acometiam a plantação dos egípcios. Por essa capacidade de caçar, os bichos chamaram a atenção dos nobres e do restante da população.

Entretanto, séculos depois, esses animais adquiriram um sentido completamente diferente na Idade Média. Por seus hábitos noturnos, os religiosos começaram a acreditar que os gatos, principalmente, os pretos, estavam relacionados ao demônio. Isso acarretou em grandes perseguições aos bichos.

Em produções de cinema e televisão, os gatos pretos costumam ser companheiros das bruxas. Talvez um dos personagens mais famosos seja Salem, o animal falante de Sabrina Spellman. Mas ainda há filmes mais antigos, como "Abracadabra" (1993) e "Túmulo Sinistro" (1964).

Salem, gato preto de Sabrina Spellman, marcou as gerações que acompanhavam a bruxa na infância
Salem, gato preto de Sabrina Spellman, marcou as gerações que acompanhavam a bruxa na infância (Foto: Divulgação)

Bruxas

As bruxas são um dos símbolos mais comuns no Halloween, sendo representadas de maneira caricata com narizes grandes, chapéus e roupas pretas. A festa, apesar de ter como principal objetivo a diversão, traça paralelos com os estereótipos que surgiram há séculos em decorrência do assassinato de milhares de mulheres durante a Inquisição.

Entre os séculos XV e XVIII, pessoas morreram queimadas em fogueiras ou enforcadas por acusações de bruxaria. Eram, na maioria das vezes, mulheres que confessavam alguma heresia após torturas praticadas por católicos. O termo “bruxa” se tornou, portanto, uma maneira de tentar conter as ameaças que a figura feminina significava para a igreja na época.

Um dos fatos marcantes dessa história foi o julgamento das “bruxas de Salém”, uma série de audiências que acusou centenas de pessoas na Nova Inglaterra (Estados Unidos). Em 1695, mais de 200 pessoas foram julgadas - dessas, 19 pessoas foram executadas por enforcamento. Muitas das vítimas eram adolescentes e jovens.

Produções de ficção com as bruxas não faltam. Entretanto, há vários conteúdos que contam as histórias mais próximas ao real desse período, como “Silenciadas”, de Pablo Aguero, disponível na Netflix.

Vampiros

Há pesquisadores que defendem que as primeiras características do vampiro surgiram na Idade Média. Mas, em matéria publicada pela “BBC”, esse registro teria acontecido durante o século XVIII, na Áustria. Em 1725, um relatório médico indicou a situação pela primeira vez, quando rumores surgiram de que um homem morto e enterrado há várias semanas estaria matando as pessoas de uma cidade.

Após desenterrarem o corpo, o profissional da saúde constatou que havia sangue fresco em sua boca, além do rosto, das mãos e dos pés estarem em perfeito estado. Isso causou um fenômeno que perdurou por anos: outros cidadãos começaram a relatar casos de “vampirismo” e possíveis conhecidos que eram “vampiros”.

Há várias teorias sobre o que poderia ter acontecido na época. Alguns defendem que a situação foi acarretada por uso acidental de drogas alucinógenas, enquanto outros especialistas acreditam que o corpo poderia ficar daquela maneira com as substâncias químicas da terra.

Fato é que, séculos depois, os vampiros se tornaram parte do imaginário das histórias fantásticas. “Drácula”, escrito por Bram Stoker, é um dos clássicos. A narrativa, adaptada dezenas de vezes, também está na Netflix como uma série. Ainda há obras mais modernas que se tornaram populares, como “Crepúsculo”, de Stephenie Meyer.

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