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Abertura da Bienal do Livro antecipa a riqueza da programação desta semana

Serão dez dias de programação intensa, não apenas no Centro de Eventos do Ceará, mas em vários locais de Fortaleza e até de outros municípios
11:45 | Ago. 17, 2019
Autor Lucas Braga
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Lucas Braga Repórter do O POVO Online
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Tipo Notícia

Traços da cultura indígena foram somados ao tema “As Cidades e os Livros” para discutir a diversidade cultural e social das diferentes tribos. Assim aconteceu na noite de ontem a abertura oficial da XIII Bienal Internacional do Livro do Ceará, no Centro de Eventos. O evento teve espetáculo com a cantora e pesquisadora Marlui Miranda, Orquestra de Barro Uirapuru e grupo Luthieria Catavento e coral Tapera Encantada, da ONG Tapera das Artes. A Bienal segue, com programação inteiramente gratuita, até o dia 25.

O tema convida à discussão sobre os direitos das cidades. "A cidade é um livro polifônico, com distintas vozes, cores e personagens. É um tema instigante", frisa Fabiano Piúba, secretário da Cultura do Estado. São homenageados do evento Raduan Nassar, Mia Couto e Natércia Campos (1938-2004).

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A escritora Ana Miranda, curadora da Bienal, fala que a inclusão das manifestações e a valorização da cultura local foram pilares desta edição. "Esse tema é muito candente porque nos leva a pensar sobre a relação das pessoas, as fronteiras e a ancestralidade. Observamos, por exemplo, essa explosão maravilhosa que vem das periferias e das mulheres negras, que estão cada vez mais fortes na literatura, pontua.

Para Angela Gutiérrez, presidente da Academia Cearense de Letras, o tema é "extraordinário" e dialoga com o público ao aproximá-lo dos autores locais. "Estou entusiasmada e esperançosa com a Bienal deste ano, festejando as cidades que abrigam os escritores", dialoga ela, que, hoje, às 10 horas, abre o Salão do Professor, junto a Ana Miranda, em palestra sobre Memórias, afetos e leituras na escola.

A Bienal cresce a cada edição. Em quantidade de expositores, aumentou em 27%, em comparação à edição passada. Em 2017, eram 40 mil visitantes por dia e agora deve aumentar. Ainda assim, o comércio é consequência. É o que diz Mileide Flores, que esteve na organização de dez bienais e agora coordena o encontro "Livro e Seus Mercados".

"No Ceará, temos programação cultural que acompanha também o mercado. Este ano, organizamos o encontro do mercado editorial, o qual passa por crise, atualmente, sobretudo com trancamento em termos de política pública, também pela inexistência de um Ministério da Cultura. Até dia 19, temos grandes nomes que não só militam na área, mas também livreiros", convida Mileide.

O variado acervo de livros disponíveis na Bienal compreende obras de escritores nacionais e internacionais, lançamentos e clássicos. "Faz muito tempo que não vinha à Bienal. Mas todo mundo aqui é leitor assíduo: Leminski, Caio Fernando Abreu e Hilda Hilst estão entre os preferidos... Conceição Evaristo é uma das escritoras que quero muito ver aqui", conta Gregório Barbosa, 26, que foi ao evento acompanhado de amigos.

José Eduardo Agualusa, um dos maiores nomes da literatura africana, estará, junto a Tércia Montenegro, hoje, às 14 horas, em bate-papo aberto ao público, de tema "Viajantes: Lugares do Mundo". São dez dias de vasta programação, não apenas no Centro de Eventos do Ceará, mas em vários locais de Fortaleza e até de outros municípios.

Sobre os artistas da noite de abertura

Nascida em Fortaleza em 1949, Marlui Nóbrega Miranda é cantora, compositora e referência internacional em pesquisa da cultura indígena brasileira. Irmã da jornalista e escritora Ana Maria Miranda, morou em Brasília - onde se graduou em Arquitetura pela UFB - e no Rio de Janeiro, onde ingressou no Conservatório Villa-Lobos. Também estudou Regência na Faculdade Santa Marcelina, em São Paulo, onde mora atualmente.

No Rio, aprendeu violão clássico com professores renomados, entre eles Turíbio Santos, Oscar Cárceres, Jodacil Damaceno, João Pedro Borges e Paulo Bellinati. Fez parcerias com Egberto Gismonti, Hermeto Paschoal, Taiguara, Milton Nascimento e Jards Macalé. Paralelamente, a partir de 1974, passou a trabalhar com pesquisa de tradições musicais dos povos da Amazônia.

Ao longo dos anos, Marlui visitou aldeias dos índios Kraô, Urubu-Ka´Apor, Juruna, entre outros. Nesse processo, todos os seus discos passaram a ser interpretados em diferentes línguas indígenas. Um de seus trabalhos mais importantes é “Paiter Merewá” (1984), composto por canções de índios Suruí. Seu último álbum é “Fala de Bicho, Fala de Gente” (2014), cuja pesquisa começou em 2010, traz canções de ninar do povo Juruna. Além de gravar discos para o Brasil e o exterior, Marlui também produz espetáculos e atua como consultora de música indígena em filmes e eventos.

Atuante desde 1997, a ONG Tapera das Artes desenvolve um trabalho de educação de crianças e adolescentes por meio das artes, no município de Aquiraz (CE). Atualmente, são oferecidas aulas de violão, acordeom, bateria, percussão, violino, cello, viola e canto coral. A iniciativa é reconhecida nacionalmente e já rendeu à ONG a menção do Prêmio Itaú-UNICEF, em 2001 e 2003, além de um lugar entre os semifinalistas da segunda edição do premio do Ministério da Cultura “Cultura Viva”, em 2007, quando concorreu com mais de 8 mil ONGs. É ainda uma das instituições beneficiadas pelo projeto Criança Esperança, da Rede Globo, e parceira do Instituto Ayrton Senna.

Já o Grupo Uirapuru - Orquestra de Barro, da comunidade de Moita Redonda, no município de Cascavel (CE) foi criado a partir de uma ação conjunta entre o luthier e artista plástico Tércio Araripe e as “senhoras do barro” da comunidade. O projeto tem como objetivo não apenas fomentar o conhecimento e a educação entre os jovens participantes por meio da arte, mas valorizar a produção artesanal do barro, atividade ancestral em Moitas.

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