Máscaras: quando usar o item de proteção contra vírus respiratórios

Em cenário de flexibilização e queda da Covid, síndromes gripais aumentam. O POVO conversou com especialistas sobre a utilidade das máscaras contra doenças além da Covid-19

As máscaras de proteção facial são parte do cotidiano dos cearenses desde março de 2020. No período, as máscaras de pano foram as primeiras a chegar. Depois, médicos e cientistas vieram reforçar a maior segurança trazida pelas máscaras cirúrgicas e as do tipo PFF2 ou N95. Há quase um mês, as máscaras foram desobrigadas em ambientes abertos e fechados de todo o território do Ceará. Desde então, os indicadores da Covid-19 se mantêm estáveis e baixos no Estado. Já as síndromes respiratórias cresceram, principalmente entre as crianças.

Para Alex Freitas, infectologista do Hospital São José (HSJ), “a máscara deveria ficar na nossa rotina, como uma questão de prevenção e de consciência individual”. Ele explica que o item protege “não só contra o coronavírus, mas também contra gripe, tuberculose, meningite, varicela, uma série de doenças de transmissão respiratória”.

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“É uma proteção individual e coletiva; a pessoa saudável evita de se infectar e a pessoa que está doente evita de transmitir para o ambiente e as pessoas ao redor”, reforça o médico. Ele lembra que a segurança das máscaras depende do nível de filtração que elas oferecem. “As do tipo N95 são bem mais seguras que as de tecido, e entre essas duas existe a máscara cirúrgica. As com maior filtração são indicadas principalmente nos ambientes de maior risco, como as unidades de saúde e locais fechados e com a presença de muitas pessoas”, aponta. Freitas completa que, desde que elas estejam limpas e não tenham sido utilizadas por outras pessoas, as máscaras não oferecem riscos.

A infectologista Christianne Takeda, que é diretora clínica do HSJ, enfatiza que a principal recomendação para quem está com sintomas gripais e respiratórios é ficar em casa até se recuperar. Caso não seja possível evitar o convívio com outras pessoas e em outros ambientes, as máscaras se tornam um importante aliado.

“O uso de máscaras para crianças é um assunto bem delicado. Dependendo da idade da criança, ela não consegue ficar com a máscara de forma adequada. Por isso, ficar em casa é o mais importante”, ressalva. Ao mesmo tempo, se os responsáveis entenderem que é importante e a criança souber usar, não há contraindicação.

Para a médica, “o uso de máscaras é uma questão de bom senso”. “Não é porque houve a desobrigação que desaprendemos tudo desses dois últimos anos; tanto que ainda vemos muitas pessoas usando máscaras. Não é preciso que haja uma recomendação governamental para que a gente faça uso do bom senso e de tudo que aprendemos sobre as máscaras”, afirma.

Máscaras continuam importantes

O POVO conversou também com a médica Sylvia Lemos Hinrichsen, infectologista, professora titular de Medicina Tropical da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e consultora em biossegurança da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI). Para ela, as máscaras “continuam importantes, porque a pandemia de Covid-19 não acabou no mundo nem no Brasil”. “Nos últimos 15, 20 dias, estamos vendo os casos voltarem e não sabemos quem vai ficar grave e quem não vai. Além do mais, a vacinação de terceira e quarta doses e de crianças ainda está baixa”, justifica. Confira abaixo a entrevista:

O POVO - Em quais situações devemos priorizar o uso das máscaras?
Sylvia Lemos - Ao entrar em locais fechados, especialmente se você está com pessoas fora do seu convívio familiar cotidiano; aeroportos, elevador, restaurantes, cinema, shopping center, transporte coletivo… Esses espaços têm mais gente circulando e costumam ser fechados e sem ventilação. O coronavírus continua circulando. Além disso, outras doenças são transmissíveis por via respiratória; sarampo e gripe, por exemplo. Nesta época de inverno, as pessoas tendem a ficar mais próximas em ambientes fechados, isso aumenta os riscos; principalmente para pessoas acima de 65 anos, pessoas com comorbidades, pessoas imunossuprimidas e crianças.

OP - As escolas estão entre esses espaços em que as máscaras são mais recomendadas?
Sylvia - Aí depende de como cada escola está fazendo… Tem que ver o que está determinado para esses locais. E lembrar que não é só a máscara. É manter os cuidados de higiene básicos, que deveríamos sempre ter e que logo no início da pandemia foi bastante usado: a higiene das mãos com água e sabão ou álcool em gel; a etiqueta da tosse, de cobrir a boca com o antebraço ao tossir; a ventilação dos espaços; evitar conversar muito próximo da pessoa. São hábitos muito saudáveis e também de respeito com o outro.

OP - Nesse sentido, o uso das máscaras deve se tornar um hábito de todos, ainda que pontual ou sazonalmente?
Sylvia - Em outros países, isso já acontece, né? É algo que precisamos ter consenso dentro da Ciência, mas é também algo muito cultural. Não sei como ficaria aqui no Brasil, depende de como as coisas vão ficar. É muito importante que as pessoas se vacinem, se protejam contra todas essas doenças que chamamos de imunopreveníveis. Ou seja, das doenças que podem ser evitadas mantendo as vacinas em dia porque as vacinas estimulam nossa imunidade contra essas doenças.

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