Plano Diretor: parlamentares do Psol dizem que Evandro "escolheu se opor" a movimentos sociais
O deputado estadual Renato Roseno e os vereadores Adriana Gerônimo e Gabriel Aguiar criticaram condução e aprovação do texto e se disseram "enganados" pelo prefeito
O deputado estadual Renato Roseno e os vereadores de Fortaleza Adriana Gerônimo e Gabriel Aguiar, todos integrantes do Psol, publicaram uma carta endereçada ao prefeito da Capital, Evandro Leitão (PT), criticando a condução e a aprovação do Plano Diretor da Cidade. Eles tomaram ciência da sanção da medida após a publicação do texto.
Na carta, os parlamentares lembram que apoiaram Evandro no segundo turno das eleições de 2024, contra André Fernandes (PL), e que apesar de terem contribuído para a vitória do petista não fizeram exigências, mas solicitaram abertura aos movimentos sociais e para agendas ambientais. O grupo do Psol diz ter sido derrotado com a aprovação do Plano Diretor.
"A derrota que sofremos essa semana não foi pequena. A sua base sob sua liderança aprovou a retirada de 26 zonas de preservação ambiental e 51 zonas de interesse social (que são fundamentais a quem nem casa tem). Estamos falando de uma cidade que já vem sendo muito destruída e desprotegida há décadas (veja a tragédia que foi a última gestão municipal) e uma cidade que precisa de muita habitação de interesse social. Fortaleza tem um abismo de desigualdade", diz trecho da carta.
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Os integrantes do Psol declararam no texto que o "pior de tudo" foi o método pelo qual foi aprovado o Plano Diretor.
Eles citam as dezenas de reuniões e recursos gastos em consultorias para a participação popular na construção do projeto, aprovado pela Conferência da Cidade, mas dizem que o esforço foi "jogado no lixo" pelos emendões dos vereadores, que segundo eles, "também não terão seus nomes esquecidos por nós".
Renato, Adriana e Gabriel afirmam na carta que Evandro escolheu se opor a eles e aos movimentos sociais, populares e ambientalistas ao preferir atender os que se acham "donos da cidade".
"Preferiu atender com o pior método possível a sanha ambiciosa daqueles que pensam serem os donos da cidade. Nos sentimos enganados. Fomos convocados a participar de um processo participativo que foi covardemente desrespeitado pelo seu grupo de sustentação na Câmara Municipal", declararam.
Eles finalizam a carta dizendo que não adianta buscar apoio do partido e destes mandatários nas próximas eleições contra a extrema direita. "Não adianta ano que vem ou em 3 anos nos convocar novamente para a luta contra a extrema direita. No momento decisivo, não somos sequer recebidos enquanto os poderosos resolvem as coisas por mensagem de celular", dizem.
O grupo do Psol segue argumentando: "Sabemos como esses processos se dão. Mas vamos tentar manter a coerência. O senhor perdeu uma grande chance de deixar uma cidade mais justa e mais verde para quem mais precisa. Escolheu se afastar dos que mais amam a cidade. Escolheu se aproximar de quem não gosta da cidade", completam.
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