Bolsonaro usou ferro de solda em tornozeleira, revela Polícia Federal: "Meti ferro quente aí"
Centro Integrado de Monitoração Eletrônica divulgou que tornozeleira eletrônica usada por Bolsonaro tinha 'sinais claros de avaria'
Um ferro de solda foi usado para tentar violar a tornozeleira eletrônica do ex-presidente Jair Bolsonaro. O equipamento apresentava marcas de derretimento em toda sua circunferência. Num vídeo obtido pelo correspondente do O POVO em Brasília, João Paulo Biage, o próprio Bolsonaro admite que "meteu ferro quente". Disse que teria agido "por curiosidade".
A tentativa de violação teria começado, segundo Bolsonaro, na tarde de sexta-feira, 21. Na manhã deste sábado, o ex-presidente foi levado para a sede da Polícia Federal, em Brasília, por mandado de prisão preventiva assinado pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
O diálogo é dele com uma agente federal, gravado numa inspeção feita, com o equipamento ainda na perna do ex-presidente.
Agente - Equipamento 85916-5. O senhor usou alguma coisa para queimar isso aqui?
Bolsonaro - Meti ferro quente aí. Por curiosidade.
Agente - Que ferro foi? De passar?
Bolsonaro - Não, de solda.
Agente - O senhor tentou puxar a pulseira também? (gira o aparelho na perna do ex-presidente).
Bolsonaro - Não, não rompi a pulseira.
Agente - Pulseira aparentemente intacta, mas o case violado. Que horas o sr começou a fazer isso, seu Jair?
Bolsonaro - Final da tarde.
Agente - Essa tampa (do case) chegou a soltar?
Bolsonaro - Não, não (e fala com alguém que chega à sala) Tá tudo em paz.
Na madrugada deste sábado, a tornozeleira de Jair Bolsonaro foi trocada após o alarme do equipamento ser ativado pela tentativa de violação. Conforme o Centro Integrado de Monitoração Eletrônica, da Secretaria de Estado de Administração Penitenciária do Distrito Federal, o dispositivo foi substituído por agentes federais que acompanhavam o ex-presidente em prisão domiciliar.
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O momento aconteceu horas antes de Alexandre de Moraes expedir a ordem de prisão preventiva devido ao “elevado risco de fuga” de Bolsonaro após a ocorrência de violação da tornozeleira. Bolsonaro usava o dispositivo desde 18 de julho, quando foi levado a cumprir prisão domiciliar.
Ainda de acordo com o documento divulgado ao O POVO, o ex-presidente declarou não ter manuseado a tornozeleira e “acreditava que o aparelho havia apresentado alguma falha”. O ofício detalha que a informação inicial era de que “o monitorado havia batido o dispositivo na escada”.
No entanto, após verificação da Polícia Federal na residência, foi declarado que o dispositivo “possuía sinais claros de avaria”, segundo divulgado pelo Centro Integrado de Monitoração Eletrônica.
“O equipamento possuía sinais claros e importantes de avaria. Haviam marcas de queimadura em toda sua circunferência, no local de encaixe/fechamento do case. No momento da análise, o monitorado foi questionado acerca do instrumento utilizado. Em resposta, [Bolsonaro] informou que fez uso de ferro de solda para tentar abrir o equipamento”, informou o órgão.
Após a constatação da violação, "o equipamento número de série 85916 foi então substituído. A tornozeleira eletrônica nº 85903 foi instalada", diz o relatório.