Avanço de facções em casas populares é 'epidemia', diz ministro

Ministro diz que avanço de facções criminosas em condomínios populares é "epidemia"

O ministro das Cidades, Jader Filho, participou de audiência no Senado e relatou caso em que a própria equipe teve dificuldades para adentrar em um residencial do Minha Casa, Minha Vida, que seria entregue no Rio de Janeiro
Atualizado às Autor Bianca Mota Tipo Notícia

O panorama de violência em habitações populares ganhou repercussão nacional após declarações recentes do ministro das Cidades, Jader Filho (MDB), que denunciou o avanço da influência de facções criminosas em residenciais entregues por programas sociais, como o Minha Casa, Minha Vida.

Em audiência pública na terça-feira, 7, na Comissão de Desenvolvimento Regional (CDR) do Senado, Jader afirmou que a presença de facções criminosas em condomínios voltados à população de baixa renda representa uma “epidemia” em curso no Brasil.

Avanço das facções e reação

Ele detalhou que, em locais atendidos pelo programa Minha Casa, Minha Vida, há casos em que sequer as equipes do governo conseguem ingressar nos residenciais para vistoriar ou acompanhar a execução das obras e a manutenção.

"É uma epidemia. Na minha primeira entrega de residenciais no Minha Casa, Minha Vida, houve um empreendimento na Baixada Fluminense (RJ) em que minha assessora foi ao residencial, mas não conseguiu entrar. Houve um diálogo entre nossa assessoria, com determinadas lideranças para que houvesse uma redução da pressão. Fui descobrir que a pressão partia do Comando Vermelho, que não permitia a entrada da Caixa e do Ministério das Cidades no residencial que ainda iria ser entregue", relatou o ministro.

O ministro propôs uma ação coordenada entre os ministérios da Justiça e o comando da Polícia Federal para expulsar organizações criminosas desses empreendimentos, ampliando o aparato estatal nas áreas afetadas. Também questionou o modelo de financiamento municipal adotado por alguns gestores — apontando que prefeitos e governadores, por “desinformação”, optam por empréstimos mais onerosos em vez de linhas federais mais vantajosas.

Segundo o ministério, entre 2023 e 2025 já foram contratadas 1,8 milhão de moradias pelo Minha Casa, Minha Vida, das quais 1,1 milhão estão em execução, com investimento de R$ 285,1 bilhões. A meta é alcançar 3 milhões de casas contratadas até 2026.

Riscos para a autoridade estatal

Para o ministro Barbalho Filho, a presença consolidada de facções nos residenciais reduz a capacidade de intervenção do Estado nesses locais — seja para manutenção, fiscalização ou atuação social — elevando o risco para quem vive ali.

Intimidações em Fortaleza

O que parecia tema de debate amplo se manifestou em Fortaleza por meio de intimidação direta a moradores de um condomínio no bairro José de Alencar. No início deste mês, criminosos picharam os muros com mensagens exigindo que os residentes deixassem suas moradias no prazo de “24 horas”.

As pichações traziam ainda modelos e placas de veículos pertencentes às vítimas, além de frases ameaçadoras como “Vai morrer” e “Todas informações de vocês cabueta e bala na cara”. O autor da ação criminosa condicionava que alguns moradores poderiam permanecer caso obedecessem às ordens impostas.

A Secretaria da Segurança Pública do Ceará informou que a Polícia Civil (PC-CE) investiga o caso. A corporação incentivou que as vítimas façam boletim de ocorrência ou usem o Disque-Denúncia 181. Instâncias locais atribuem ao 14.º Distrito Policial a incumbência das investigações no local.

Esse tipo de expulsão orquestrada por facções já foi observado em outros bairros de Fortaleza, como Mondubim, e também no conjunto Jereissati III, em Pacatuba.

 

Com Agência Senado

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