Gilmar Mendes rebate Tarcísio:' O Brasil não aguenta mais sucessivas tentativas de golpe'
Em ato na avenida Paulista neste domingo, governador Tarcísio de Freitas subiu o tom nos ataques a Alexandre de Moraes, relator da ação penal da trama golpista
Em meio ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), réu pela trama golpista, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) usou as redes na noite deste domingo, 7, para criticar os recentes ataques à Corte e aos ministros. O comentário de Mendes vem após o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), chamar o ministro Alexandre de Moraes de 'tirano' e 'ditador'. Ele disse ainda que: "O Brasil realmente não aguenta mais são as sucessivas tentativas de golpe".
“No Dia da Independência, é oportuno reiterar que a verdadeira liberdade não nasce de ataques às instituições, mas do seu fortalecimento. Não há no Brasil “ditadura da toga”, tampouco ministros agindo como tiranos. O STF tem cumprido seu papel de guardião da Constituição e do Estado de Direito, impedindo retrocessos e preservando as garantias fundamentais”, disse.
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"O que o Brasil realmente não aguenta mais são as sucessivas tentativas de golpe que, ao longo de sua história, ameaçaram a democracia e a liberdade do povo. É fundamental que se reafirme: crimes contra o Estado Democrático de Direito são insuscetíveis de perdão! Cabe às instituições puni-los com rigor e garantir que jamais se repitam", escreveu Gilmar.
O decano ainda fez críticas em referência à gestão do ex-presidente Bolsonaro, considerando as mortes durante a pandemia de Covid-19 e os ataques à credibilidade do sistema eleitoral como “perigos do autoritarismo”.
“Se quisermos falar sobre os perigos do autoritarismo, basta recordar o passado recente de nosso país: milhares de mortos em uma pandemia, vacinas deliberadamente negligenciadas por autoridades, ameaças ao sistema eleitoral e à separação de Poderes, acampamentos diante de quartéis pedindo intervenção militar, tentativa de golpe de Estado com violência e destruição do patrimônio público, além de planos de assassinato contra autoridades da República”, escreveu.
Em seguida, Mendes enfatizou que crimes contra o Estado Democrático de Direito são “insuscetíveis de perdão” e destacou a importância da atuação das instituições para “puni-los com rigor e garantir que jamais se repitam”.
Na tarde desse domingo, o governador Tarcísio de Freitas subiu o tom e direcionou ataques ao ministro Alexandre de Moraes em ato de bolsonaristas na Avenida Paulista. Após os manifestantes gritarem “Fora Moraes”, o governador afirmou que “ninguém aguenta mais a tirania” do ministro do STF.
“Por que vocês estão gritando isso? Talvez porque ninguém aguenta mais a tirania de um ministro como Moraes. Ninguém aguenta mais o que está acontecendo no País”, disse o governador, um dos nomes cotados para a corrida presidencial de 2026.
Pelas redes sociais, o deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ) avaliou o comentário de Tarcísio como “insano” e afirmou que o governador “rasgou a sua fantasia” ao assumir o discurso de uma extrema-direita bolsonarista.
Atos bolsonaristas no 7 de Setembro
Além do ato na Avenida Paulista, a celebração do Dia da Independência foi marcada por manifestações bolsonaristas em diferentes pontos do país.
Em Fortaleza, o público se reuniu na Praça Portugal e seguiu em direção à Beira-Mar. A mobilização contou com a presença do senador Eduardo Girão (Novo), do deputado federal André Fernandes (PL) e do deputado estadual Carmelo Neto (PL).
O foco do ato era o pedido pela anistia do ex-presidente Bolsonaro e dos envolvidos no 8 de janeiro. A articulação do projeto vem avançando entre a oposição bolsonarista, que busca pressionar o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), para que a proposta seja pautada.
A versão inicial do texto, divulgada nesta semana, inclui o perdão aos envolvidos nos atos golpistas do dia 8 de janeiro e busca livrar o ex-presidente da condenação por tentativa de golpe, garantindo ainda a sua elegibilidade.
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