Julgamento de Bolsonaro: quem são os advogados dos réus

Conheça os advogados que atuam na defesa de Jair Bolsonaro e dos demais réus no julgamento da "trama golpista", que movimenta a cena política e jurídica do País

08:00 | Set. 01, 2025

Por: Yasmin Louise Szezerbatz
Celso Vilardi coordena a equipe jurídica de Jair Bolsonaro desde janeiro de 2025 (foto: Gustavo Moreno/STF)

O julgamento de Jair Bolsonaro e seus sete aliados, o núcleo 1 da trama golpista, tem atraído atenção nacional e internacional. O chamado “julgamento da década” se destaca não apenas pelo impacto político, mas também por alguns nomes de peso que compõem a defesa dos réus.

Entre eles está Celso Vilardi, advogado renomado que já representou figuras centrais em casos como Mensalão, Lava-Jato e a crise das Lojas Americanas.

Confira abaixo quem são os advogados dos réus julgados pelo STF.

Celso Vilardi: advogado de Jair Bolsonaro 

Celso Vilardi é o advogado do ex-presidente Jair Bolsonaro. Renomado criminalista, já atuou na defesa de empresários investigados em operações como a Lava-Jato e a Castelo de Areia.

Entre seus clientes estão o empresário Eike Batista, o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares no caso do Mensalão e as lojas americanas, no caso da fraude contábil.

Ao lado de Vilardi, também integram a defesa de Bolsonaro os advogados Saulo Segall e Paulo da Cunha.

José Luis de Oliveira Lima: advogado de Braga Netto

José Luis de Oliveira Lima, conhecido como Juca, defende o ex-ministro da Casa Civil Walter Souza Braga Netto. Com mais de 30 anos de carreira, já foi listado duas vezes entre os cem brasileiros mais influentes pela revista Época.

Ele também atuou na defesa de José Dirceu, outro ex-ministro da Casa Civil, cuja condenação na Lava-Jato foi anulada em 2024.

Outras figuras conhecidas estão na sua lista de defesa, como o doleiro Alberto Youssef, também investigado na Lava Jato, e Pedro Guimarães, que chefiou a Caixa Econômica Federal durante o governo Bolsonaro e se tornou réu por assédio.

Ao lado de Juca, também integram a defesa de Braga Netto o advogado Rodrigo Nascimento Dall Acqua.

Demóstenes Torres: advogado de Almir Garnier 

O ex-senador Demóstenes Torres defende o almirante Almir Garnier desde o início das investigações sobre os atos golpistas de 8 de janeiro. Já foi Secretário de Segurança Pública e Promotor da República, mas teve seu mandato cassado em 2012.

Atualmente comanda um escritório de advocacia em Brasília e é lembrado pelo site da Câmara como “um dos principais personagens do escândalo envolvendo ligações do bicheiro Carlos Cachoeira com agentes públicos e privados”.

Cezar Bittencourt: advogado de Mauro Cid

Cezar Bittencourt é advogado do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do Bolsonaro. Autor de livros fundamentais do Direito Penal, é considerado um dos criminalistas mais respeitados do País.

Foi o responsável por fechar um acordo de colaboração, em que Mauro Cid detalhou o que supostamente viu e ouviu nos últimos meses de governo Bolsonaro. Essa foi a primeira delação premiada que Bitencourt fechou na carreira.

Cezar é advogado de Cid desde 2023 e defende o coronel em casos como o das joias sauditas. Também já defendeu o ex-deputado federal Rodrigo Rocha Loures, assessor de Temer à época, no “caso da mala”.

Ao lado de Cezar Bittencourt, também integram a defesa de Mauro Cid os advogados Vania Barbosa Adorno Bittencourt, Rafael Miranda Mendonça e Jair Alves Pereira.

Eumar Novacki: advogado de Anderson Torres

Advogado de Anderson Torres, ex-ministro da Justiça no governo Bolsonaro. Eumar já foi secretário de Estado em MT, assessor técnico no Senado, Secretário-Executivo e Ministro de Estado interino do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - MAPA, além de Secretário de Estado no Distrito Federal e outras funções.

Após 26 anos de dedicação, Eumar encerrou a carreira pública. Já como advogado de Anderson Torres, Eumar levou uma bronca de Alexandre de Morais durante o depoimento do ex-comandante do Exército Marco Antônio Freire Gomes sobre a trama golpista de 8 de janeiro.

“Nós não estamos aqui para fazer circo. Não vou permitir que vossa senhoria faça circo no meu tribunal.”

Ao lado de Eumar, também integram a defesa de Anderson Torres a advogada Aline Ferreira dos Santos.

Paulo Renato Cintra: advogado de Alexandre Ramagem

Advogado do deputado federal (RJ) Alexandre Ramagem, ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) no governo Bolsonaro.

Delegado e advogado especialista em direito eleitoral, Paulo participou da equipe Operação Lava-Jato, atuou na assessoria jurídica eleitoral do Ministério Público Federal e foi advogado na fusão entre PTB e Patriota.

Matheus Mayer Milanez: advogado de Augusto Heleno

Advogado do Augusto Heleno, ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional. Matheus Milanez foi presidente da Comissão de Direito Militar da OAB do Distrito Federal.

Ele também defendeu o Heleno na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Congresso que investigou os atos golpistas de 8 de janeiro.

Andrew Farias: advogado de Paulo Nogueira

O ex-ministro da Defesa Paulo Sergio Nogueira é representado pelo advogado criminalista Andrew Farias. Doutor em Direito Constitucional, fundou o escritório Andrew Advocacia e é especialista em casos que envolvem a justiça militar.

Em 2015, participou como advogado do Tribunal do Júri que absolveu nove militares acusados de participar do “massacre da Estrutural”, região periférica de Brasília, em 1998.

Em julho de 2025, Nogueira chegou a pedir desculpa publicamente ao advogado por ter se irritado e reclamado de uma pergunta durante interrogatório na Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF).

Advogados defendem Bolsonaro e aliados de quais acusações?

Os réus respondem por diversos crimes graves, incluindo:

  • Organização criminosa armada
  • Tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito
  • Golpe de Estado
  • Dano qualificado pela violência e grave ameaça
  • Deterioração de patrimônio tombado

Bolsonaro, apontado pela PGR como líder da organização criminosa, é acusado de cinco crimes que, somados, podem render 43 anos de prisão, se consideradas as penas máximas e os agravantes de cada um deles.

Quem são os réus junto a Jair Bolsonaro?

Além de Jair Bolsonaro, o núcleo 1 da trama golpista é composto por mais sete réus, todos com cargos de destaque no governo anterior.

Entre qualificar a acusação como "absurda", minimizar a participação na trama golpista e até afirmar que agiu contra a conspiração, todos os réus no chamado "núcleo crucial" que respondem à ação penal do golpe pediram absolvição no caso por questões processuais e falta de provas. Veja quem são:

Alexandre Ramagem

Ex-diretor da Abin, acusado de disseminar notícias falsas sobre fraude eleitoral.

Almir Garnier Santos

Ex-comandante da Marinha, segundo a PGR, teria colocado tropas da Marinha à disposição do golpe.

Anderson Torres

Ex-ministro da Justiça, acusado de assessorar juridicamente Bolsonaro na execução do plano golpista. Um dos principais indícios é a minuta do golpe encontrada na casa de Torres, em janeiro de 2023.

Augusto Heleno

Ex-ministro do GSI, participou de uma live e possui anotações sobre o planejamento para descredibilizar as urnas eletrônicas.

Mauro Cid

Ex-ajudante de ordens de Bolsonaro e delator do caso. Segundo a PGR, ele participou de reuniões sobre o golpe e trocou mensagens com conteúdo relacionado ao planejamento da ação.

Paulo Sérgio Nogueira

Ex-ministro da Defesa, ele teria apresentado aos comandantes militares decreto de estado de defesa, redigido por Bolsonaro. O texto previa a criação de “Comissão de Regularidade Eleitoral” e buscava anular o resultado das eleições.

Walter Souza Braga Netto

Ex-ministro, foi preso por suspeita de obstruir as investigações. Segundo a delação de Cid, Braga Netto teria financiado acampamentos e ações que incluíam um plano para matar o ministro Alexandre de Moraes.