Fusão entre PSD e PSDB enfrenta desafio no Ceará e em outros estados por posições conflitantes
Pelo menos cinco estados brasileiros enfrentam situações conflitantes entre políticos do PSD e PSDB; possível federação encontra cenário desfavorável no CearáMirando 2026, a negociação de uma possível federação entre PSD e PSDB enfrenta desafios em alguns estados do País, especialmente pelas posições contrárias que as siglas assumem nessas regiões. Os cenários conflitantes ocorrem em pelo menos cinco estados: Ceará, Bahia, Minas Gerais, Pernambuco e Santa Catarina.
O PSD de Gilberto Kassab diverge de posicionamentos tucanos, liderados pelo presidente da sigla, Marconi Perillo. Um dos cenários menos favoráveis para a associação entre os partidos ocorre no Ceará.
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No contexto político cearense, o PSDB integra a oposição do governo de Elmano de Freitas (PT) e também do prefeito Evandro Leitão (PT), o que torna desfavorável a união das siglas, considerando o histórico de pautas opostas no estado.
O atrito ficou mais evidente nas eleições municipais de 2024, quando o ex-prefeito José Sarto (PDT), então candidato à reeleição, tinha Élcio Batista como vice na sua chapa. Élcio é o atual presidente do diretório cearense do PSDB e também esteve como vice-prefeito na gestão do pedetista entre 2019 e 2024.
No segundo turno do pleito para a Prefeitura de Fortaleza, disputado por Evandro Leitão e André Fernandes (PL), o PDT e PSDB assumiram a condição de “neutralidade”, mas parte dos integrantes das legendas estiveram mais inclinados a apoiar o candidato do PL, aliado do ex-presidente da República, Jair Bolsonaro (PL).
Já o PSD, sigla que saiu fortalecida do último pleito, integra a nova gestão da Capital, por meio da vice-prefeita Gabriella Aguiar, filiada ao partido. A boa relação entre as legendas refletiu nas vitórias eleitorais das eleições municipais.
Domingos Filho, dirigente do PSD cearense, ocupa também a base do governo Elmano. Atualmente integra a Secretaria do Desenvolvimento Econômico, após reforma administrativa do chefe do Executivo estadual.
O ex-senador e uma das principais lideranças do PSDB, Tasso Jereissati, que já presidiu a sigla no Ceará duas vezes, chegou a tecer fortes críticas ao governo Elmano de Freitas em outubro de 2023, em uma convenção estadual do partido: “Estamos preocupados agora com uma espécie de retrocesso, de atraso que está havendo no Ceará”, disse.
Situação em outros estados
Situação semelhante é encontrada na Bahia. O governo de Jerônimo Rodrigues (PT) tem dois secretários que integram o PSD. Por outro lado, sua oposição na Assembleia Legislativa é liderada pelo deputado tucano Tiago Correia.
Também não há aliança na esfera estadual Minas Gerais, onde o governo de Romeu Zema (Novo) tem como maior parte da sua base governista o PSD na Casa do Legislativo, enquanto os integrantes do PSDB marcam forte oposição.
Em Santa Catarina, especificamente na capital do estado, Florianópolis, Topázio Neto, do PSD, foi reeleito em uma disputa contra o tucano e ex-senador Dário Berger, endossando mais um capítulo da discordância entre os partidos na região do sul do Brasil.
Já em Pernambuco, o PSD vem buscando negociações com a governadora Raquel Lyra, do PSDB. Ela estava sendo cotada para deixar o PSDB e ser filiada ao PSD, mas com a possibilidade da federação, o convite fica em espera. Ela não tinha confirmado sua desfiliação.
Para Raquel Lyra, sua desfiliação poderia representar uma aproximação do governo Lula, do qual os tucanos são fortemente oposição.
Como funcionam as federações
Buscando o fortalecimento em disputas eleitorais ou mais peso político nas decisões das Casas do Legislativo, a união de partidos em federações permite que os integrantes do grupo atuem como uma só legenda.
Conforme a Câmara, a criação de uma federação deve obedecer às seguintes regras:
- a federação somente poderá ser integrada por partidos com registro definitivo no Tribunal Superior Eleitoral;
- os partidos reunidos em federação deverão permanecer a ela filiados por no mínimo quatro anos;
- a federação poderá ser constituída até a data final do período de realização das convenções partidárias;
- a federação terá abrangência nacional e seu registro será encaminhado ao Tribunal Superior Eleitoral.
Diferença entre coligação e federação
As coligações partidárias também reúnem partidos em prol de um objetivo comum: eleger candidatos para cargos disputados em eleições majoritárias, que são os casos das eleições para presidente da República, governador, senador e prefeito. Elas não podem ser feitas no caso de eleições proporcionais, as que elegem vereadores e deputados, federais ou estaduais.
Ao contrário da coligação, a federação pode lançar candidaturas tanto para pleitos majoritários quanto para eleições proporcionais, desde que a união desses partidos dure, no mínimo, quatro anos, o tempo de um mandato, caso emplaquem vitória em disputas.