Fraude em vacinas: Bolsonaro vai a Duque de Caxias e discursa com ex-prefeito investigado
Alexandre Ramagem, um dos envolvidos em outro caso - o de espionagem na Abin - também estava no evento
Em meio a investigações sobre fraudes em cartões de vacinas, dois supostos envolvidos no esquema dividiram palanque nessa quinta-feira, 18: o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-prefeito de Duque de Caxias, Washington Reis (MDB).
O evento no qual os dois estavam presentes consistia no lançamento da pré-candidatura de Netinho Reis (MDB) à Prefeitura da cidade fluminense. Netinho é sobrinho de Washington, que, por sua vez, é sobrinho de Wilson Reis (MDB), atual prefeito de Duque de Caxias.
É + que streaming. É arte, cultura e história.
Nos discursos, Bolsonaro ignorou as investigações da PF que o envolvem. Em vez disso, criticou o governo do presidente Lula (PT), citou pautas de costumes - como a descriminalização da maconha e a criminalização do aborto - e "disse ser o ex-mandatário mais amado do Brasil".
"Nós podemos fazer comparações. Há pouco tempo deixei a Presidência. Não foi por uma vontade popular. Nós sabemos porque eu sou o ex mais amado do Brasil", disse.
Sobre as vacinas, chegou a citar o cenário na pandemia de Covid-19, quando governava o Brasil. Bolsonaro disse que foi o “único chefe de estado que tratou a Pandemia com seriedade.”
“Eu fui o único chefe de estado do mundo que tratou a pandemia com seriedade. Dei vacina. Dei recursos. Dei tudo para governadores e prefeitos. E não exigi que ninguém fizesse nada de forma obrigatória”, disse o gestor.
Apesar do autoelogio pela gestão na pandemia, o ex-presidente ignorou emails de empresas de produção de vacinas como a Pfizer e não estimulou a vacinação no Brasil.
Além da fraude nas vacinas, Bolsonaro é citado no âmbito da operação Última Milha, sobre esquema de espionagem ilegal na Agência Brasileira de Inteligência (Abin), durante o governo passado.
Um dos principais envolvidos no caso, o ex-diretor da Abin, Alexandre Ramagem (PL-RJ) também estava no evento, mas não discursou.
Leia mais
Fraude nas vacinas: investigado, Washington Reis diz que Duque de Caxias é a “capital da vacina”
Washington Reis também não citou qualquer investigação, mas mencionou vacinas, ao dizer que “Bolsonaro liberou recursos e Duque de Caxias foi a capital da vacina. Salvamos milhares de pessoas.”
O ex-prefeito foi um dos alvos de mandados de busca e apreensão no âmbito da segunda fase da operação "Venire”, que investiga suposta fraude nos certificados de vacinação contra a Covid-19 do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
A cidade de Duque de Caxias, segundo a PF, teria sido cenário de um esquema complexo de fraude de cartões de vacina. Com os mandados, a Polícia mirava identificar novos beneficiários do esquema fraudulento, para além, supostamente, de Bolsonaro.
Foram encontrados na casa de Reis cerca de R$ 160 mil, além de dólares e euros. A polícia também apreendeu dois pen drives, cinco celulares e um HD externo
O caso de fraude nas vacinas chegou a ter um primeiro inquérito de conclusão neste ano, no qual além de Bolsonaro, outras 15 pessoas foram indiciadas.
Na época, a PGR, por meio do procurador-geral, Paulo Gonet, pediu um maior aprofundamento das acusações ao Supremo Tribunal Federal.