Litígio Ceará-Piauí: Ceará tem 15 locais de votação na área disputada

A pesquisa, divulgada na última terça-feira, 20, traçou um raio-x de equipamentos e estruturas administradas pelo governo do Ceará na área em disputa e ouviu moradores da região que engloba 13 municípios do Ceará

A área de litígio entre Ceará e Piauí, que engloba territórios que perpassam por 13 municípios cearenses, tem pelo menos 15 locais de votação do Ceará cadastrados junto ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE). Os dois estados disputam porção de terra em processo que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF) e está em fase de perícia.

ENTENDA O ASSUNTO | O que é litígio e como a disputa afeta o Ceará e o Piauí

O Ceará organizou um Grupo de Trabalho, coordenado pela Procuradoria-Geral do Estado do Ceará (PGE), que produziu uma pesquisa socioeconômica na região, traçando um raio-x de equipamentos e estruturas administradas pelo governo do Ceará na área e ouvindo moradores sobre o tema e o que esperam de resolução.

Seja assinante O POVO+

Tenha acesso a todos os conteúdos exclusivos, colunistas, acessos ilimitados e descontos em lojas, farmácias e muito mais.

Assine

O levantamento contabilizou centenas de localidades, onde estão escolas, unidades de saúde, áreas de preservação ambiental, torres eólicas, terras indígenas, assentamentos rurais e quilombolas, sítios arqueológicos dentre outras estruturas. Para além das questões geográficas e cartográficas, o GT argumenta ser essencial considerar aspectos sociais, culturais e o sentimento de pertencimento da população local. A intenção do governo do Ceará é levar a dimensão humana às discussões que tramitam no STF.

Rafael Machado, procurador-geral do Ceará, destacou que o aspecto humano não pode ser desconsiderado durante a discussão na Justiça. “A petição inicial do Piauí se reserva a apresentar apenas dois documentos históricos. Um decreto imperial e uma convenção arbitral. Documentos absolutamente contestáveis. Existe um elemento que o Ceará precisou e precisa trazer ao processo, que é o pertencimento”, pontuou em evento no qual o governo divulgava os resultados da pesquisa, na última terça-feira, 20, em Fortaleza.

LEIA TAMBÉM |

O que pensam e quererem os moradores da área de litígio entre Ceará e Piauí

A história de uma colônia do Piauí em pleno território cearense

Durante o evento, lideranças indígenas e quilombolas falaram aos presentes sobre o senso de pertencimento da região.

A professora Eliane Tabajara, docente que atua na Escola indígena Jardim das Oliveiras, em Poranga (parte da área do litígio), destacou o senso de pertencimento ao território cearense. “Nós pertencemos ao estado do Ceará. O Ceará em nenhum momento nos abandonou por ser uma área de litígio. Nós temos escolas, políticas públicas executadas em nossa área. Nós nascemos e nos criamos com esse sentimento de dizer que pertencemos ao Ceará”, pontuou.

A líder quilombola da zona rural de Croatá, Antoniza Mateus, ressalta as raízes cearenses. “A minha comunidade hoje vive na sexta geração. Nunca ouvi dos nossos ancestrais que nossa comunidade fosse do Piauí, sempre pertencemos ao Ceará. Em nossa comunidade, temos a primeira escola quilombola da rede pública de ensino do Ceará. Sempre fomos e vamos ser cearenses”. O relatório mostrou que cinco assentamentos rurais e quilombolas estão na área de litígio.

Ainda segundo a pesquisa do GT, 87,5% dos entrevistados que residem na área em disputa afirmou que, se fosse necessário escolher entre Ceará e Piauí, gostaria de pertencer ao Ceará.


A pesquisa passou por 417 domicílios (amostra global) alocados de maneira proporcional ao número de domicílios por município e localidades visitadas. A seleção dos domicílios para as entrevistas em campo foi realizada através de sorteio, utilizando amostragem sistemática, garantindo espalhamento geográfico dos domicílios entrevistados.

O levantamento ocorreu entre 24 de abril a 7 de maio de 2023 na região do Sertão dos Crateús e entre os dias 19 e 30 de junho de 2023 na região da Serra da Ibiapaba.

O método para a coleta de dados foi o de entrevista pessoal, conduzida por profissionais treinados especialmente para aplicação do questionário desenvolvido com exclusividade para esse trabalho. A duração da aplicação foi em torno de quatro minutos, sendo entrevistada somente uma pessoa por domicílio.

Resumo da situação Administrativa da área de Litígio CE/PI

  1. N° de distritos - 4
  2. N° de localidades - 136 mapeadas para o Ceará
  3. N° de escolas - 48 da rede municipal e estadual
  4. N° de unidades de saúde - 14 unidades da rede estadual e municipal
  5. N° de locais de votação - 15 locais do Ceará cadastrados no TRE
  6. Estradas (km) - 589,3 km
  7. Infraestrutura de energia elétrica - 7.105 (6443 postes, 428 transformadores, 1 subestação, 1 banco capacitor, 232 dispositivos de manobra)
  8. Rede de Energia elétrica (km) - 775,6 km (7,4km de alta tensão; 478,1km de média tensão; 111,2km de baixa tensão; 178,9km de ramais de ligação
  9. Torres eólicas - 291 licenciadas para o Ceará
  10. Unidade de Conservação ambiental estadual - 2
  11. Unidade de Conservação ambiental federal - 1
  12. N° de Poços/Chafarizes - 174
  13. N° de Assentamentos rurais e quilombolas - 5
  14. N° de terras indígenas - 4
  15. N° de imóveis certificados pelo INCRA - 114
  16. Sítios arqueológicos - 18
  17. Estabelecimentos religiosos - 28

Fonte: Ipece

 

LEIA MAIS DA SÉRIE ESPECIAL DO O POVO SOBRE A ÁREA DE LITÍGIO

Dúvidas, Críticas e Sugestões? Fale com a gente

Tags

Litigio Ceará Piauí Governo do Ceará Litigio STF Piaui PGE Nordeste

Os cookies nos ajudam a administrar este site. Ao usar nosso site, você concorda com nosso uso de cookies. Política de privacidade

Aceitar