Além de Caucaia, veja outras cidades no Ceará onde prefeito e vice já romperam

Os rompimentos geralmente acontecem após conflitos envolvendo disputas políticas

Na última semana, o rompimento do prefeito de Caucaia Vitor Valim (sem partido) e do vice Deuzinho Filho (União Brasil) tomou proporções públicas após trocas de críticas e acusações. A situação, no entanto, não é exclusiva do município, isso porque pelo menos outras cinco chapas eleitas em 2020 no Ceará romperam relações políticas.

O POVO fez um levantamento para saber em quais municípios o prefeito e o vice já não são mais aliados. Em alguns casos listados, há a perspectiva que os gestores sejam adversários nas eleições de 2024 e, por isso, já preparam a articulação de seus respectivos grupos políticos.

Caucaia

O rompimento de Valim e Deuzinho aconteceu ainda em 2022 por motivações políticas na época da eleição. O prefeito fez parte da base governista que apoiou a candidatura de Elmano de Freitas (PT), enquanto Deuzinho foi aliado de Capitão Wagner (União Brasil) na disputa estadual.

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Eleito com parte da oposição estadual, Valim se aproximou do Palácio da Abolição ainda na gestão de Camilo Santana (PT). Enquanto isso, Deuzinho continuou ligado a Capitão Wagner. Segundo Deuzinho, o rompimento teria atingido também a relação administrativa já que, segundo ele, o prefeito teria relatado desconforto com o vice usando o gabinete.

“Logo depois das eleições, o prefeito me chamou para uma conversa pedindo que eu saísse do prédio porque ele não se sentia confortável comigo lá. Estou agora na Casa de Projetos, tive que sair do gabinete”, disse ao O POVO. Os dois devem se enfrentar nas eleições de 2024, com Valim se lançando à reeleição e Deuzinho já articulando diálogo com vereadores do União Brasil e outras lideranças no Estado.

No episódio mais recente, um funcionário da gestão do prefeito acusou o vice de usar dinheiro público para pagar "gogo boys". Sem citar nomes, Valim rebateu e disse que a população é respeitada independente de partido político, orientação sexual, cor, raça e religião. "Então, não queiram realmente tergiversar o assunto, porque essa turma do atraso o que quer? Politizar. Eles não querem que Caucaia continue a avançar, essa é a verdade”, pontuou.

Aracati

Chegou ao fim em 2022 a parceria do prefeito Bismarck Maia (PDT) e Denise Rocha Menezes (PT). Os dois estão no segundo mandato à frente da prefeitura de Aracati, tendo concorrido juntos em 2016 e 2020. O rompimento tomou proporções em junho de 2022, quando a relação dos dois já vinha “estremecida”, após a vice-prefeita anunciar que iria se candidatar ao cargo de deputada estadual.

O contato piorou após ela registrar um boletim de ocorrência contra o filho do prefeito, Guilherme Bismarck (PDT), que é secretário da Casa Civil na gestão do pai, após ser xingada por ele. O secretário, no entanto, acusou a petista de ter sido homofóbica e disse que, ao longo da gestão do pai, manteve uma relação de carinho com Denise, mas acusou a vice de agir com “interesses pessoais”. Guilherme também foi candidato a deputado estadual, ficando na suplência do PDT.

“Por cinco anos como chefe da Casa Civil de Aracati, mantive uma relação de verdadeiro carinho pela Denise, mesmo encontrando com ela somente às sextas-feiras. Se em ocasiões não pude lhe atender em reivindicações, foi apenas baseado na orientação de priorizar os mais humildes e não aos interesses pessoais, no respeito ao patrimônio público, a moral e ao dinheiro do povo”, afirmou por meio de nota, na época.

Santa Quitéria

O rompimento da chapa aconteceu em janeiro deste ano quando a vice, Lígia Protasio (PP), usou a redes sociais para criticar o prefeito Braguinha (PSB) e anunciar que iria deixar de apoiar a gestão. Na gravação, ela fala sobre "ingratidão" por seu grupo político ter escolhido apoiar o gestor após "ninguém querer chegar perto por medo de ser perseguido".

Ela aponta no vídeo que Braguinha não conseguiu permanecer unido, quando vice, nas chapas em que foi eleito. A relação dos dois vinha desgastada e foi acirrada com o processo eleitoral do ano passado. Ela alega que foi “gradativamente podada” de suas funções e disse que ela e sua família foram “vítimas de um estelionato eleitoral”.

No início de abril, o Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE) afastou o Braguinha por suspeita de corrupção. Outros quatro secretários deixaram o cargo temporariamente. Poucos dias depois, a vice foi empossada como prefeita.

Pelas redes sociais, Braguinha alegou que há "forte perseguição política". "Seguimos fortalecidos com nosso propósito de construir uma Santa Quitéria melhor para todos de forma limpa e transparente, não baixaremos a cabeça diante dos ataques e investidas que estamos sofrendo", afirmou.

Pindoretama

Mesmo sendo do mesmo partido, o vice-prefeito de Pindoretama, Raimundo Cândido (PL), decidiu romper com o grupo do prefeito Dedé Soldado (PL). A decisão foi anunciada para os assessores do mandatário e a justificativa seriam as denúncias de irregularidades na educação e saúde.

Em março, conforme noticiou O POVO, os vereadores Sabryna Rocha (PP) e Silvia Reis (PSB) denunciaram ter encontrado alimentos, que seriam destinados à merenda escolar, enterrados em uma escola localizada no distrito de Pratiús, em Pindoretama. As parlamentares alegaram ter recebido denúncias de populares sobre o caso e que, ao se deslocar até o local, encontraram gêneros alimentícios enterrados.

Em nota, a Prefeitura de Pindoretama informou que tem "rigoroso controle" do estoque para evitar que alimentos vencidos sejam disponibilizados para unidades escolares e que alguns produtos ofertados são "enviados em quantidade superior ao necessário" para evitar que faltem alimentos para os alunos. Há a perspectiva de que o vice possa concorrer às eleições de 2024.

Limoeiro do Norte

Em Limoeiro do Norte, o rompimento é acompanhado de um suposto sumiço do prefeito José Maria Lucena (PSB). A vice-prefeita Dilmara Amaral (PDT) rompeu relações com o prefeito durante a gestão e diz que há informações extraoficiais sobre a situação do ex-aliado, além de uma dificuldade de contato com Lucena.

A oposição no município destaca que o prefeito teria se ausentado do Executivo por mais de 15 dias e não passou o cargo para a vice-gestora. A suposta ausência do prefeito é investigada pelo Ministério Público (MPCE), que já realizou audiência sobre o caso, em que o prefeito compareceu virtualmente.

“A última aparição pública dele foi em janeiro. A família e a Prefeitura não se posicionam. Desde janeiro a gente não tem nenhuma notícia da saúde do prefeito. Já tentei conversar com ele, mas sem sucesso", afirmou Dilmara ao O POVO.

Tianguá

Já em Tianguá, o Ministério Público apura a capacidade civil do prefeito Luiz Menezes (PSD). O gestor e o vice-prefeito Alex Nunes (PL) estão rompidos desde o começo do mandato. A dupla foi eleita nas eleições suplementares de 2019 e repetiram a chapa no ano seguinte, sendo reeleita.

Em caso similar ao de Limoeiro do Norte, teria acontecido um suposto “sumiço” do prefeito ainda em agosto de 2022. O motivo seria a saúde delicada do gestor, segundo informações extraoficiais, internado em um hospital, chegando a ser tratado em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

A ausência teria acontecido por mais de 15 dias, prazo que o cargo deveria passar para o vice-prefeito. No início de março, a vereadora Nadir Nunes (PL), do mesmo partido do vice e aliada dele, usou seu tempo no plenário para acusar que, sem o gestor, a Prefeitura estaria sendo gerida pelos assessores do prefeito e pela primeira-dama. A situação foi apurada pela Câmara Municipal e foi arquivada.

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