Saiba o que está por trás da briga entre Vitor Valim e Deuzinho Filho em Caucaia

Ambos estão rompido desde 2022 e situação se agravou após apresentação de projeto polêmico

A disputa entre o prefeito de Caucaia, Vitor Valim (sem partido), e seu vice, Deuzinho Filho (União), ganhou destaque nos últimos dias após acusações de que Deuzinho estaria utilizando verba pública para fins pessoais. Contudo, grande parte da atual rivalidade entre ambos está concentrada na tramitação do projeto de lei que autoriza a venda de imóveis pertencentes ao Município, prevendo uma arrecadação de R$ 60 milhões com a alienação dessas propriedades. 

Deuzinho se mostrou contrário à proposta de Valim. Ela autoriza a venda de terrenos em que "não foi dada a efetiva destinação pública [...], desprovidos da finalidade pública e, consequentemente, sem cumprir a função social". A proposta, enviada à Câmara Municipal de Caucaia, foi aprovada por unanimidade e registrada no Diário Oficial do Município no último dia 19.

Como justificativa, a prefeitura argumenta que a venda desses imóveis possibilita que escolas, hospitais e espaços de “promoção de cultura, lazer e similares” sejam construídos nesses espaços, e apontou que, caso os terrenos permaneçam desocupados, "poderão ser objeto de ocupação desenfreada por parte de particulares".

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A proposta foi criticada pelo vice-prefeito da cidade, Deuzinho Filho, que considera a venda dos terrenos desfavorável para o município. Ele argumentou que o projeto não foi discutido da maneira que deveria, visto que a venda dos terrenos, segundo ele, está sendo feita sem o conhecimento da população.

“Eu sou contra porque eu não aceito vender o patrimônio do povo da cidade sem o povo ter conhecimento, deveria ter tido uma audiência pública, deveria ter sido discutido porque creches, escolas e postos de saúde vão ficar sem alocação em terrenos institucionais, fora isso, as áreas verdes das localidades ficarão sem utilidade para a população”, afirmou.

Além do vice-prefeito, a vereadora Enedina Soares (PT) também foi contra a proposta de Valim. Segundo ela, a votação ocorreu de maneira “aligeirada”, impossibilitando, dessa forma, o aprofundamento da discussão do projeto com a população.

“Foi uma votação aligeirada, com pedido de urgência junto. Quando eu vi, pedi para constar em ata minha posição contrária à venda dos terrenos, pois não houve tempo para aprofundar a discussão e a população ter o conhecimento prévio. Não tive como saber se tinham pessoas morando nesses terrenos, se poderiam ser utilizados para uma finalidade social e coletiva em bem comum. Portanto, minha posição desde o início foi contrária devido a falta de informação e transparência do diálogo com a sociedade caucaiense”, argumentou.

O rompimento de Vitor Valim com o Partido Republicano da Ordem Social (Pros), em 2022, acabou dificultando a relação com o vice-prefeito Deuzinho Filho. Recentemente, o vice-prefeito filiou-se ao União Brasil, após sair do Republicanos, fortalecendo assim, a parceria com um ex-aliado de Valim, Capitão Wagner.

Outro fator que contribuiu para a crise entre Valim e Deuzinho é o fato de o prefeito ter firmado aliança com o Partido dos Trabalhadores (PT) de Elmano de Freitas durante a campanha eleitoral de 2022. Deuzinho, por sua vez, apostava no avanço do eleitorado de Wagner e do Partido Liberal (PL) de Bolsonaro no Ceará, do qual é aliado. Com o fim da aliança, Deuzinho agora é cotado para disputar a Prefeitura de Caucaia em 2024 contra o próprio Valim, que deverá tentar reeleição. 

Recentemente, Deuzinho Filho reclamou que foi expulso de seu gabinete na sede da gestão municipal e que sofreu cortes no orçamento da vice-prefeitura. “Logo depois das eleições, o prefeito me chamou para uma conversa pedindo que eu saísse do prédio porque ele não se sentia confortável comigo lá. Estou agora na Casa de Projetos, tive que sair do gabinete”, disse.

Segundo ele, houve um pedido para que ele tirasse os móveis e, em seguida, a sala foi desmanchada. “Foi destruída, tem as fotos (da sala) já vazia, pediram para eu tirar os móveis e eu tirei porque eu acho que é muito triste briga por espaço”, afirmou.

Deuzinho acredita que há uma “perseguição” e diz que, diante disso, o orçamento destinado para o gabinete do vice-prefeito foi diminuído. Originalmente, o valor foi definido em torno de R$ 3,4 milhões, conforme a Lei Orçamentária Anual (LOA) para o exercício de 2023. “Nós estamos reformulando com o novo valor porque fica lá no gabinete (do prefeito) o orçamento que foi lotado”, ressaltou.

 

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